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Vörösmarty Mihály (1800-1855) poeta e dramaturgo, uma das figuras mais importantes do Romantismo na Hungria – Parte I

Ele nasceu de uma nobre família católica romana. Sua carreira poética começou com poemas de amor, dedicadas a Etelka Perczel. Ele trabalhava como mestre dos filhos da família e sentia um amor não correspondido por ela. O ambiente patriótico da Época das Reformas reacendeu o seu patriotismo e deu um novo rumo à sua poesia. Em 1824 escreveu o poema heroico intitulado Zalán futása (‘A fuga de Zalán’) que, ao tratar do passado húngaro, também tratou das preocupações políticas contemporâneas. Esta obra marcou uma transição da escola clássica para a escola romântica. Entre 1823-31, ele compôs quatro dramas e oito poemas épicos menores, em parte históricos, em parte fantasiosos.

Quando a Academia Húngara das Ciências  foi estabelecida em novembro de 1830, ele foi eleito membro da seção filológica. Nos anos posteriores, lançou dois periódicos: o Athenaeum e o Figyelmező.

De 1830 a 1843 escreveu muitas obras de teatro, incluindo Csongor és Tünde (‘Csongor e Tünde’, 1830), uma peça fantasiosa de cinco atos, que ganhou o prêmio de da Academia. Nesta época  também publicou vários volumes de poesia. O seu poema  Szózat (‘Alocução’, 1836) tornou-se um segundo hino nacional. (uma versão portuguesa se encontra neste link: http://artgitato.com/szozat-poeme-de-mihaly-vorosmarty-une-voix-1836/)

A  queda da revolução de 1848-49 o afetou profundamente. Por um curto período de tempo, ele foi exilado e, quando regressou à Hungria em 1850 sua saúde já estava em sério declínio. Em 1854 escreveu seu último poema, A vén cigány (‘O Velho Cigano’). Nesta época vivia em Pest para ficar perto dos médicos e morreu lá. O seu funeral, em 21 de novembro, foi um dia de luto nacional.

OLHOS AZUIS
Kék szem

Os olhos pretos são lindos,
eu gosto deles também;
mas os azuis são mais lindos,
olhos azuis que amor tem.
São azuis, azuis, assim,
os olhos da minha amante;
crescem neles violetas,
onde quer que os levante.
E, ei!, quando, no seu centro
profundo, olho melhor,
vejo como lá bem dentro
se diverte meu amor.
Então, eu penso comigo,
posto em grande alegria:
não há homem mais feliz
em toda esta Hungria.
1830

QUIMERA
Ábránd

Por teu amor,
destruía a razão
e, com ela, todos os pensamentos,
e das doces imagens região;
alma soltava aos ventos,
por teu amor.
Por teu amor,
árvore era no cume
de rocha, verde folhagem vestia,
sofrendo raio, temporal em lume,
e no Inverno morreria,
por teu amor.
Por teu amor,
pedra de rocha era,
ali no fundo em chama ardente,
numa dor insuportável deveras,
sofrendo mudamente,
por teu amor.
Por teu amor,
alma solta um dia
a Deus pediria que devolvesse,
ornando-me com virtude maior,
e, alegre, eu ta daria,
por teu amor.
Antes de Março de 1843

Poemas traduzidos por Ernesto Rodrigues