Árpád Tóth (1886-1928): segundo a avaliação da revista Nyugat, é o segundo poeta mais importante depois de Ady Endre. Essa avaliação pode hoje ser considerada exagerada e podemos falar apenas de uma carreira poética significativa, mas não decisiva. A razão para isso é a extraordinária homogeneidade e monotonia da sua visão poética do mundo. Até mesmo Babits elogiava-o, “como um corpo celeste de bondade sagrada, sempre voltou o seu lado brilhante para nós”. É Schopenhauer que fica no pano de fundo filosófico de sua obra, com seus desejos insaciáveis, sentimento intensificado de solidão, hesitação e melancolia. Até 1918, tudo isso parecia um fenômeno da época, uma experiência da época “de moda”. No início de 1919, como resultado dos eventos históricos, por um curto período aparece o sentimento da alegria. Mas depois, até a morte volta o sentimento elegíaco na sua poesia.
EM HORA ESTÉRIL
Meddő órán
Estou só.
Muito.
As lágrimas correm.
Deixo.
Toalha de oleado na minha mesa,
talho, indolente, uma canção,
enfezado, figura miserável, eu.
Eu, eu.
E estou só no universo.
1908
A ÁRVORE
A fa
Oh, olha a estranha árvore dobrada,
que se curva sobre o ribeiro;
oh, como podes não amá-la,
nela não buscar teu companheiro?
Entre os ramos o dourado sol já
não toma; as aves, silenciosas;
não dá já flores, nem fruto,
mas ele aí está, o sábio do crepúsculo,
qual o pensador, que, em tarde assim,
se afunda no mistério do sem fim,
e seu corpo inclina brandamente para lá,
onde sua alma, incorpórea, arrastará. . .
1916
MUDA-SE. . .
Megváltozik. . .
Muda-se o mundo a pouco e pouco,
em silêncio escurece, docemente,
e não ficará nada, de repente,
das suas mil cores, do fogo louco.
Já não me atrai nenhuma distância,
não causa vertigens qualquer altura. . .
Não querem chorar mais estes meus olhos. . .
1926-1928
Traduções de Ernesto Rodrigues