TIPOS DE MULHERES na linguagem do circo

por Pál Ferenc
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Algumas palavras sobre o recente espetáculo do Grande Circo de Budapeste, intitulado Dança Feérica – Magia Femenina

Após a crítica de Németh Lilla. Gentileza da revista PRAE

O Grande Circo da Capital está de volta ao palco real após meses da quarentena. Embora esta “visita guiada de exposição” contenha números acrobáticos acostumados no circo, esta vez as artes plásticas têm também papel importante, pois pinturas mundialmente famosas servem de ligação entre as diferentes partes executadas.

O realizador, Péter Fekete escolheu um motivo importante para este espetáculo quase experimental da arte circense: no foco está a figura da mulher. A mulher é, entre outras coisas, o símbolo de imprevisibilidade, transição, maternidade, perseverança e mistério na literatura, nas artes plásticas e no teatro. Embora esses sejam símbolos petrificados da era romântica,  ainda existem como  tópicos até hoje.

Como podemos constatar, lendo a informação sobre o espetáculo, participaremos numa “visita guiada de exposição”. O guia é  o “mestre da arena” que tem uma menina ao seu lado, cheia de imaginação. O público, entrando na sala do circo, logo vê enormes pinturas penduradas do teto, entre elas  O beijo de Gustav Klimt, A menina com brincos de pérolas de Vermeer e As duas acrobatas de Charles Demuth, mostrando, principalmente a essência da mulher e sua sensualidade. Mas não apenas pinturas amplificadas, senão também algumas esculturas famosas têm lugar, de forma animada tanto na arena como na tela de projeção. Esculturas vivas, vestidas de branco reforçam o ambiente de sonho que a banda tocando ao vivo torna ainda mais perfeito.

Inspiradas no tema e na atmosfera das pinturas, as produções da dançarina de corda, da acrobata, do número com lêmure e animais felinos provam que todos os ramos da arte interagem e inspiram uns aos outros criados quer com pincel quer com caneta, quer se ultrapassando os limites físicos se realizar o número apresentado.

Não só as pinturas mas também os textos que contextualizam a mulher e a obra, fazem uma ponte entre as produções circenses, graças a Pál Dániel Levente, o dramaturgo da performance. Os seus textos e letras oferecem um deleite intelectual, além do espanto habitual que experimentamos no circo: “como é que se pode fazer isso!”.

O tributo principal do espetáculo é fiel à segunda parte do título ”magia feminina”, pois sobem à arena principalmente artistas e equipes femininas de todo o mundo. Além disso vemos um duo de amor em cooperação anglo-húngara no ar (Duo Fossett), e o tema do amor fraternal também aparece: confiança, confiança mútua e aceitação incondicional estão presentes no número das Irmãs Kolev.

O lado menos espiritual da mulher também está presente no espetáculo graças à equipe ucraniana de pantomima, de um humor e truques inigualáveis. É excelente  o interlúdio em que as garotas chamam ao palco homens que precisam atirar em alvos virtuais com os seus rifles apresentados por pantomima. A mulher direciona a mão do homem que segura o rifle para o alvo … Há muita associação e pensamento nesta pequena cena.

A intelectualidade da Dança Feérica – Magia Femenina oferece uma experiência duradoura para crianças e adultos e é bom que o espetáculo se aventure em águas diferentes dos habituais tipos femininos. Por exemplo, este é o caso da banda italiana Rocksisters, que apresenta a sua produção, composta de  elementos mágicos, numa camisola dominante, representando fortes energias femininas.

Com a inclusão das Rocksisters e — refletindo sobre a epidemia – homenageando no fim do espetáculo a figura de Vilma Hugonnay, a primeira médica húngara, se fez com que a mulher no século XXI não seja definida apenas como um ser mais fraco o um “femme fatale” mas tenha também uma papel mais sofisticada e multifacética na nossa vida.

 

Após a crítica de Németh Lilla. Gentileza da Revista PRAE

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