As casas sobre palafitas são, provavelmente, a última coisa que lhe vem à cabeça quando pensa no Ribatejo. No entanto, é exatamente isso que irá encontrar aqui. Resultaram de um fenómeno migratório peculiar, desconhecido até por muitos portugueses.
No final do século XIX, pescadores do Centro e Norte de Portugal, cansados da dureza da vida no tempestuoso oceano Atlântico, decidiram trocar a costa por algo mais pacífico, durante os meses de inverno. Destino: o rio Tejo. No início, os pescadores e as suas famílias viviam e dormiam nos seus barcos, uma vez que as suas estadias eram apenas sazonais. Mas o rio deu a estes “nómadas do Tejo”, ou Avieiros do Tejo, o que o oceano lhes negava.
Passado algum tempo, atraídos por uma vida mais calma nas margens do rio, a maioria deles decidiu ficar. Pouco tempo depois, apareceram os primeiros barracos de madeira, pintados de cores vivas. Sobre palafitas, para os proteger contra as cheias do rio. Aldeias improvisadas, como Escaroupim, Palhota, Caneiras, Patacão e Valada do Ribatejo, começaram a ser chamadas aldeias avieiras, nome alusivo à povoação costeira da Vieira de Leiria, de onde chegava a maioria dos pescadores. Algumas destas aldeias ainda resistem e são habitadas por filhos e filhas desses pescadores, agarrados a um estilo de vida que oscila entre o agradável pitoresco e o brutalmente duro. Hoje, resta apenas um punhado de barcos, alguns deles ainda utilizados para a pesca, outros para cruzeiros fluviais.
Aproveitando um destes, poderá desfrutar das vistas de cavalos lusitanos a pastar e navegar pacificamente através de alguns dos melhores locais para a observação de aves do país. Espere avistar aves, como os bispos-de-coroa-amarela, águias-pesqueiras, abelharucos, milhafres e uma das maiores colónias de garças da Europa.
Fonte: sapo.pt