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„O vinho e o fado…(excerto do fado de Amália)” e „O Vinho e a poesia…último(s) gole(s)” (Part XI e XII)

O vinho e o fado…(excerto do fado de Amália)

Já antes “tocámos” levemente no fado. Falar do fado em Portugal, é falar de alma portuguesa, de fadistas, de guitarras portuguesas, de restaurantes, tascas e casas de fado, de boa gastronomia, de bacalhau e bons vinhos, é falar de Lisboa, de Portugal .. “Á fadista! Há bacalhau”!…

Falar do fado é também recordar Amália Rodrigues, a Diva do Fado, que por sinal, também gostava muito do nosso bom vinho. Amália escreveu mesmo um fado que foi musicado por Alberto Janes, chamado “Oiça lá Senhor Vinho”.  Queiram ouvir por favor. “Silencio vai-se ouvir o fado”…

E assim, já cheguei, já tenho a “ponte para atravessar” e poder chegar à margem da poesia…e mesmo a outros paises, poetas e vinhos…

O Vinho e a poesia…último(s) gole(s)

Falar de vinho e poesia é também associar a primavera ao vinho, a Neruda, a “Ode ao Vinho”… eis 2 breves excertos:

“O vinho
move a primavera
cresce como uma planta de alegria…

Oh tu, jarra de vinho, no deserto
com a saborosa que amo,
disse o velho poeta.
Que o cântaro do vinho
ao peso do amor some seu beijo….” (Pablo Neruda)

Ou do vinho e os outonos  de Borges, do “Soneto ao Vinho”

“ Em que reino, em que século, sob que silenciosa
Conjunção dos astros, em que dia secreto
Que o mármore não salvou, surgiu a valorosa
E singular ideia de inventar a alegria?

Com outonos de ouro a inventaram.
O vinho flui rubro ao longo das gerações
Como o rio do tempo e no árduo caminho
Nos invada sua música, seu fogo e seus leões…”(Jorge Luis Borges)

E assim até podemos concluir que ajudados ou não pelas 4 estaçoes de Vivaldi, se pode  beber o ano inteiro, de janeiro a dezembro sem ficarmos preocupados com e como Budelaire, por causa da virtude a menos e de vinho a mais.. até porque mesmo o nosso Grande Camões,  veio em nossa ajuda ao descrever o vinho como “ardente licor que dá alegria”.

Estando a falar de vinhos, gastronomia, bacalhau e um pouco de poesia, e tendo aqui entre os presentes o Prof. Pál Ferenc, penso que seria da minha parte deselegante não “beber” pelo menos um gole de vinho tinto na poesia de Fernando Pessoa… que escreveu (excerto):

“No impalpável destino
Que não ’spera nem lembra.
Com mão mortal elevo à mortal boca
Em frágil taça o passageiro vinho,
Baços os olhos feitos
Para deixar de ver”  (Fernando Pessoa/Ricardo Reis) …

Caras e caros amigos…que possamos continuar a ver e que o vinho o bacalhau e as outras coisas boas da vida nunca acabem e ainda com tempo de recordar Oscar Wilde que disse “Nunca devemos lamentar que um poeta seja bebado, devemos sim lamentar que nem todos os bebados sejam poetas”

No fim desta viagem, diria ousada, de querer juntar vinho, os amantes do bom vinho, do bacalhau, da gastronomia, os prazeres da vida, da boca e da “barriga”, com a filosofia e com a poesia, até porque “um bom vinho é poesia engarrafada”, gostaria de acabar com um excerto de um poema de uma das minhas preferidas poetisas portuguesas, Natália Correia

“Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever.
Ó subalimentados do sonho!
A poesia é para comer.”

Muito obrigado pela atenção e paciência

Joaquim F.L.Pimpão

 

Budapeste, 10 de abril de 2014

Ligeiramente retocado em 10 de outubro de 2020

 

 

Vinho – histórias e lendas contadas e degustadas à mesa (Parte I)

O Vinho “radica-se” em Portugal. Os primórdios (e evolução) do vinho em Portugal (Parte II)

A comercialização (exportação) do vinho português (Parte III)

O vinho e o pão… ou seja o vinho, a gastronomia e a cultura. (Parte IV)

Vinho, cultura, provérbios… frases com “graduação” (Parte V)

Os Vinhos Portugueses. Principais regiões vínicolas de Portugal (Parte VI).

Vinho e o Marketing. O sucesso de uma estratégia. Um caso ímpar. O Mateus Rosé (Parte VII)

Finalmente o bacalhau…senão ainda fica tudo em “águas de bacalhau” (Parte VIII)