O filme Örök Tél (Eternal Winter) do húngaro Attila Szász ganhou a edição de estreia do festival de Oliveira de Azeméis.

por LMn
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Por Jorge Lestre/Cineadiction

O grande vencedor da primeira edição do Azeméis Film Festival chegou da Hungria com uma história deveras perturbadora e cativante. Eternal Winter, de Attila Szász, foca-se em Irén, uma mulher que é de descendência húngara, que é forçada a trabalhar nas minas de carvão dum campo de concentração soviético. Ao longo da árdua jornada, Irén vai conhecendo algumas personagens que, tanto vão contribuindo para a sua escassa felicidade, como para a sua desgraça.

Eternal Winter é um filme com uma temática já mastigada, mas é aquilo a que podemos chamar de filme completo. Tem todos os elementos nas doses certas, contribuindo para um serão de cinema inesquecível. A verdade é que a prestação de Marina Gera é tão credível e tão forte que o filme torna-se ainda mais envolvente.

Eternal Winter é composto por uma simbiose técnica incrível onde a fotografia, a banda-sonora, montagem, guarda-roupa, maquilhagem e design de produção, parecem saídas de um filme de grande orçamento norte-americano. A realização de Szász metamorfoseia-se pelos tons de azul e cinza, trazendo a dor da protagonista e das situações terríveis que lhe vão acontecendo, fazendo com que o público esteja sempre a temer pelo que virá a seguir.

É também importante realçar que Eternal Winter aproveita as personagens secundárias e lhes confere uma dimensão dramática intensa, criando ainda mais imersão e enrijecendo a experiência da protagonista. As várias camadas dramáticas tornam Eternal Winter num filme forte, de difícil digestão, mas em todo o caso é recompensador a todos os níveis. É uma história densa, dura, e cravada no tempo e na memória. Com já vários prémios arrecadados, Eternal Winter é uma obra que tem um mérito por si própria, indo sempre direta ao que pretende e é embelezada por um argumento que não poupa a situações de desconforto e de receio. É precisamente por aliar a componente visual magnífica com estas emoções voláteis que este filme é tão poderoso.

Quando o cinema consegue tocar-nos pela sua componente mais dura e pelas histórias que nos fazem chegar de forma impactante, é quando podemos respirar e deixar-nos envolver com ele de forma íntima e preciosa. São raros os filmes hoje em dia que conseguem alcançar essa proeza e, fico contente, que o primeiro vencedor do Azeméis Film Festival reúna estas características.

 

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