Nos 450 anos de Os Lusíadas, de Luís de Camões

por João Miguel Henriques
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Assinala-se este sábado, dia 12 de Março, o 450º aniversário da primeira edição de Os Lusíadas, de Luís de Camões, a grande epopeia da literatura portuguesa e um dos maiores monumentos literários da nossa língua. Desde a sua primeira publicação em 1572, a imortal obra camoniana já conheceu incontáveis edições, traduções, estudos e comentários da mais variada ordem, os quais ajudaram a multiplicar leituras, parciais e integrais, e leitores mais ou menos dedicados. Isto para dizer que quase todos os portugueses foram de algum modo tocados por uma ou outra passagem da epopeia de Camões, mesmo no tempo em que à leitura da obra eram associados entediantes exercícios de análise sintáctica e verificação da estrutura métrica e rimática dos épicos versos de Camões. Além de Portugal, também um pouco por todos os espaços lusófonos ou de estudo da língua e literatura portuguesas também Os Lusíadas deixaram e continuam a deixar a sua marca. Incontornáveis são por conseguinte as introdutórias estrofes da proposição do poeta, ou os intensos momentos líricos da formosíssima Maria ou da sacrificada Inês de Castro. Camões logrou igualmente o feito de introduzir na cultura e imaginário colectivos portugueses, por via da sua obra, figuras tão emblemáticas como o Velho do Restelo ou o próprio Adamastor. E com a  mágica Ilhas dos Amores, gentil recompensa de Vénus pelos esforços do Gama e seus homens, fez-nos o poeta sonhar com prazeres terrenos e promessas de transcendência. O grande texto da nossa literatura faz 450 anos e apesar disso parece-nos hoje mais actual que nunca, nomeadamente nos lamentos e críticas que Camões não deixa também de tecer em relação à própria pátria.

Também na Hungria a epopeia camoniana tem a sua história e os seus leitores. Motivo de orgulho é existir em língua húngara uma tradução integral, além de outras várias e parciais traduções. Da responsabilidade de Ernő Hárs, o volume A Lusiadák foi publicado em 1997 e constitui oportunidade para os leitores húngaros acederem ao grande poema de Camões. E para assinalar com a devida pompa e circunstância os 450 anos de Os Lusíadas, o Centro de Língua Portuguesa do Instituto Camões em Budapeste e o Departamento de Português da Universidade Eötvös Loránd organizam na quinta-feira dia 17 de Março uma sessão comemorativa com intervenções do Prof. Ferenc Pál (“Camões e Hungria, ou como um poeta estrangeiro se tornou um poeta nacional”) e do Prof. István Rákóczi (“A lírica religiosa, uma faceta pouco explorada da obra camoniana”), bem como a leitura de excertos da obra em português e em húngaro. No final, o público poderá brindar ao aniversário deste marco maior da literatura de língua portuguesa. A sessão está agendada para as 17:30 no Salão Nobre da Faculdade de Letras da ELTE (Múzeum krt. 4, Edifício A).

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