Nagy László (1925-1978) – Poeta Húngaro

por Pál Ferenc
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Poeta, tradutor literário.

A sua poesia é influenciada pela poesia popular, o surrealismo popular de Attila József, a relação íntima entre a natureza e o homem, enriquecida com motivos cristãos e folclóricos. É um tradutor especializado em poesia búlgara e também tradutor de Federico García Lorca. No centro das suas composições de versos está o homem confrontado com as forças de destruição e humilhação (Quem levará o amor?). Nos seus cânticos metafísicos visionários  a esperança no poder da acção  ou a destruição dos valores humanos desenvolve-se sem ilusões.

QUEM LEVARÁ O AMOR?

Ki viszi át a szerelmet?

Quando meu ser pra sempre se fundir,
quem adorará violino do grilo?
Chama quem soprará no ramo frio?
Quem se deitará sobre o arco-íris?
Chorando, quem abraçará rochosas
ancas ora campos de leves ondas?
Quem acariciará duros cabelos
de raízes nas paredes, artérias?
E à fé devastadora erigirá
quem uma de injúrias catedral?
Quando meu ser pra sempre se fundir,
quem os abutres amedrontará?
E quem levará para a outra margem
o Amor em seus dentes apertado?

FOGO

Tuz

Fogo,
tu, lindo,
batendo, com a força de estrelas,
tu, incendeia a locomotiva até à morte,
acossa-a, para que a negra solidão
não lhe seja pesada,
fogo,
tu, lindo,
inspiração, com raízes de universo,
floresce na neve ensanguentada,
queima-a, para que diga o destino,
não é do osso ardido até às cinzas,
do verbo vigilante, que precisamos,
fogo,
tu, lindo,
alegria triunfante sobre o gelo,
não toleres que envelheçamos de enfiada,
barba na alma,
arrefecendo em ponderoso bom senso,
onde há mercadorias e traição,
veste-nos vermelho de fada,
faz-nos voar para o eterno interdito,
para bailes vermelhos sobre montanhas de gelo,
rei da mocidade,
fogo!

POEMA DOS MEUS POEMAS

Verseim verse

CURIOSIDADE SOU EU VONTADE
ENCANTO O HOMEM QUE DESÇA DA ÁRVORE
DIREITO SE MANTENHA MAS NA FLOR
AJOELHE SOU A LEI
DA SUA BOCA MATERNAL CONVOCO PARA O FOGO
DE FAMÍLIA MAIOR À VOLTA DE UMA ESTRELA
SEUS FOGOS BANDEIRAS SOPRARA
EU APELO À GUERRA A LUZ SOU EU
NEM POR ISSO BRILHA NAS SUAS ARMAS
EU SOU QUEM FALTA PORQUE DE NOVO E CADA VEZ MAIS
LUZ ACUMULO ESTRELA UTENSÍLIO NOVO
ACUMULANDO ACUMULO CÚMULOS
ACUMULAÇÃO SOU ELE JÁ NEM SEQUER BRILHA
ERRO SOU? OU SOU PERGUNTA?
PECADO EU SOU E MINHA SEMENTE
PECADO SE ME MATAREM FESTA SERÁ
PORQUE NÃO BRILHA BRILHA JAMAIS.

Poemas traduzidos por Ernesto Rodrigues

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