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Na cauda da Europa: 70% dos habitats portugueses estão em degradação

Relatório coloca Portugal no último lugar da União Europeia.

Cerca de 70% dos habitats protegidos, classificados em Portugal como Rede Natura 2000, estão numa tendência desfavorável e de deterioração. A conclusão surge num relatório da Agência Europeia do Ambiente feito com base nos dados enviados por cada país sobre os avanços e recuos entre 2013 e 2018.

Portugal surge não apenas ao lado dos cinco países onde mais de metade dos habitats desta rede ecológica estão em processo de deterioração (ao lado da Hungria, Alemanha, Irlanda e Eslovénia), como é, também, aquele onde essa percentagem é mais alta.

No caso do estatuto de conservação das espécies protegidas, a maioria, perto de 60%, recebe, em Portugal, uma classificação de “desconhecido”, sendo muito poucos os casos, quer nas espécies quer nos habitats, em que a tendência é classificada como “favorável” e “em melhoria”.

No ponto habitats, fazendo uma análise global, a nível europeu, a agência da União Europeia conclui que “a maioria das regiões revela tendências estáveis ou de deterioração, especialmente no Norte de Itália, Alemanha, Irlanda, Suécia e costa de Portugal”.

O presidente da associação ambientalista Zero diz que olhar para o mapa apresentado neste relatório é “verdadeiramente dramático” pelos cerca de 70% dos habitats nacionais em estado desfavorável e de deterioração, “o pior resultado entre os 28 países europeus”, mas também pela linha “bem escura que acompanha toda a costa do Continente, algo lamentável face aos valores naturais que nós temos e que são de tão grande importância”.

Francisco Ferreira destaca o atraso “enorme”, “de duas décadas praticamente”, das zonas especiais de conservação para proteger estes habitats, potenciando a falta de planos de gestão, numa responsabilidade que é partilhada por sucessivos governos que não deram prioridade ao assunto.

O representante da Zero defende que há pressões turísticas e económicas para que determinadas áreas que já deviam estar protegidas continuem sem essa proteção, dando como exemplo o estuário do Sado e o plano de expansão do porto de Setúbal.

O mesmo relatório da Agência Europeia do Ambiente refere que, entre 2013 e 2018, Portugal foi o país que menos aumentou as suas áreas especiais de conservação, com a aplicação concreta de planos de conservação da natureza, numa subida que a própria agência classifica como “marginal” (apenas +3,8%).

Em Espanha as áreas especiais de conservação multiplicaram-se por dez no mesmo período de tempo, enquanto em França cresceram perto de 200%.

TSF

Imagem de destaque: UniPlanet