Eterna Presença
Este feliz desejo de abraçar-te,
Pois que tão longe tu de mim estás,
Faz com que te imagine em toda a parte
Visão, trazendo-me ventura e paz.
Vejo-te em sonho, sonho de beijar-te;
Vejo-te sombra, vou correndo atrás;
Vejo-te nua, oh branco lírio de arte,
Corando-me a existência de rapaz…
E com ver-te e sonhar-te, esta lembrança
Geratriz, esta mágica saudade,
Dá-me a ilusão de que chegaste enfim;
Sinto alegrias de quem pede e alcança
E a enganadora força de, em verdade,
Ter-te, longe de mim, juntinho a mim.
Mário de Andrade (1893-1945)
“Não devemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição”. Mário de Andrade foi um poeta, escritor modernista, crítico literário, musicólogo, folclorista, historiador de arte, fotógrafo e ativista cultural brasileiro. O seu estilo literário foi inovador e marcou a primeira fase modernista no Brasil, sobretudo, pela valorização da identidade e cultura brasileira.
Mário Raul de Morais Andrade (São Paulo, 9 de outubro de 1893 – São Paulo, 25 de fevereiro de 1945). Um dos fundadores do modernismo no país, um dos mais destacados criadores da poesia brasileira moderna com a publicação de sua Pauliceia Desvairada em 1922. Teve uma grande influência na literatura brasileira moderna e, como estudioso e ensaísta, foi pioneiro no campo da etnomusicologia. A sua influência chegou muito além do Brasil.
Mais sobre Mário de Andrade https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_de_Andrade