Hungria: A reportagem da televisão suíça sobre como o governo Orbán está a passar a riqueza nacional para fundações de “interesse público”.

por LMn
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O canal de televisão suíço SRF apresentou recentemente uma reportagem como “O governo húngaro está a reagrupar a riqueza da nação em fundações privadas”. O canal afirmou ter contactado o governo e o Fidesz sobre as alegações, mas que estes decidiram não comentar.

A questão em si contém vários elementos, alguns dos quais são mais conhecidos do público em geral do que outros. A questão das universidades a serem reorganizadas e colocadas nas mãos das fundações para as gerir tem sido um assunto crítico na Hungria. Embora isso já tenha acontecido no caso de mais da metade das 21 universidades públicas do país.

O relatório menciona que todo o processo de transferência da riqueza nacional para uma fundação está a acontecer ao ritmo mais rápido no ensino superior.  A reportagem começa com o Palácio Real de Gödöllő, situado a 25 km de Budapeste, o outrora palácio favorito de Sissi, que é hoje um destino de topo para turistas.

Rapidamente avançam, dizendo que a principal universidade húngara, reconhecida internacionalmente, conhecida pelos seus cursos de economia, a Universidade Corvinus de Budapeste, deixou de pertencer ao Estado. O governo húngaro entregou a instituição a uma fundação em Julho de 2019. Hoje, as decisões críticas sobre a prestigiosa universidade, tais como quem pode ensinar ou o orçamento da instituição, são todas decididas não pelo reitor, mas pela fundação.

O ensino superior e o já mencionado palácio não são as únicas instituições ou edifícios que serão geridos e operados por fundações de “interesse público”. O governo de Orbán também quer que outros palácios, terrenos de campo e prestadores de serviços de energia pertençam a fundações cujo conselho de administração seja constituído principalmente por pessoas com ligações ao Fidesz, quer de forma indirecta, quer por ser Ministro do Governo de Orbán.

“No futuro, ao todo 32 fundações terão a seu cargo instituições nacionais. Universidades, clínicas, fornecedores de energia e empresas farmacêuticas, portos, palácios, museus, teatros – tudo isto será dado às fundações. O governo decidirá sobre os membros destas fundações”. Muito importante sublinhar que ser membro do conselho consultivo da fundação,  é uma posição vitalícia,  para toda a vida, acrescenta 24.hu.

O canal também entrevistou László Szakács,  deputado do MSZP (Partido Socialista Húngaro). Segundo ele, o actual governo está a preparar um plano de contingência para o próximo ano, no caso de perder nas eleições parlamentares.

A reportagem menciona também que a Hungria possuía grandes parcelas de ações no valor de muitos mil milhões de forints em grandes empresas como a MOL, por exemplo, mas o país presenteou-as. Embora não seja mencionado o nome do beneficiário, sabe-se que é a fundação que dirige o Mathias Corvinus Collegium, também falado como a instituição de elite do governo de Orbán.

Miklós Szigeti, director da Transparência Internacional Hungria, declarou directamente que todo o processo é imoral e  ilegal, uma vez que a riqueza nacional dada a estas fundações será perdida para sempre. Como ele disse: “O próximo governo nunca conseguirá recuperar esta riqueza nacional dos bolsos destas instituições”.

 

Fonte: 24.hu

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