Houve cinco setores que foram capazes de faturar mais durante a pandemia

por LMn
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As regiões com mais casos por mil habitantes não foram as que registaram maiores quebras da atividade económica. Tudo tem que ver com o tipo de setores predominantes no tecido empresarial.

Por Paulo Ribeiro Pinto

A pandemia arrastou muitos setores da economia para os piores resultados de sempre, mas nem todos perderam faturação durante os meses de março a novembro da crise sanitária, algum conseguiram mesmo aumentar.

Houve cinco ramos de atividade que registaram acréscimos face ao mesmo período de 2019, indicam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) com base na informação da plataforma e-fatura, da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT). Durante aqueles nove meses, a faturação registou uma quebra homóloga de 14,8%.

De acordo com a análise do INE, no período de março a novembro do ano passado, “apenas cinco ramos de atividade registaram acréscimos de faturação face ao período homólogo”, indica o gabinete de estatística. Todos ligados à indústria farmacêutica, telecomunicações e informática e construção.

Desagregando a informação, temos a fabricação de produtos farmacêuticos (+19,8%), a investigação científica e desenvolvimento (+10,7%), consultoria e atividades de programação informática (+7,6%), atividades dos serviços de informação (+7,6%), telecomunicações (+4,4%) e construção (+4%).

Tudo atividades que cresceram e que estão diretamente relacionadas com a crise sanitária, como é o caso da indústria farmacêutica, mas também com os efeitos indiretos do isolamento e da obrigatoriedade do teletrabalho, como é o caso das telecomunicações e informática.

Em termos de peso destas atividades na faturação total, é um valor residual, nota o INE. “Com exceção da construção (4,7%), os restantes ramos que apresentaram taxas de variação homólogas positivas representavam, individualmente, menos de 1,5% do valor global de faturação de 2019”, detalha o Instituto Nacional de Estatística.

Os mais castigados

Sem surpresa, todas as atividades relacionadas com o turismo ou com a necessidade de contacto físico foram as mais castigadas pela pandemia durante os nove meses considerados.

“Destacam-se as atividades de alojamento (-67,6%) e as atividades artísticas, de espetáculos, desportivas e recreativas (-50,6%) – em que o valor de faturação de março a novembro de 2020 representou menos de metade do valor faturado no mesmo período em 2019”, indica o INE.

Agregando as atividades económicas em 13 ramos, o INE chegou à conclusão de que em 21 das 25 regiões da nomenclatura das unidades territoriais (NUT III), as “atividades de alojamento representaram o ramo com maior quebra de faturação face ao período homólogo. O destaque vai para os Açores (-76,3%), a Área Metropolitana do Porto (-74,8%), a Região Autónoma da Madeira (-74,6%), a Área Metropolitana de Lisboa (-73,3%) e o Médio Tejo (-72,7%).

Mas é a região do Algarve que mais sofre com esta quebra, apesar de ter tido um decréscimo de faturação menor (61,6%), uma vez que este setor representou 11,4% do valor faturado em 20219, sendo “o maior peso entre as 25 sub-regiões do país”.

O gabinete de estatística aponta ainda a “redução do volume de faturação superior a 40% entre as atividades de restauração e similares (-43,2%) e a fabricação de coque e de produtos petrolíferos refinados (-40,3%)”, sendo que “o conjunto destes quatro ramos de atividade económica representava, em 2019, 7% do valor global faturado em Portugal.”

O comércio a retalho – que volta a estar fechado, à exceção dos supermercados e lojas de equipamento informático – e as oficinas, que representavam 37,5% do total do valor faturado em Portugal em 2019, tiveram um decréscimo homólogo de 11,5% de março a novembro do ano passado.

Casos e regiões

Neste exercício, o INE analisa ainda a relação entre a quebra da faturação e o número de casos por cem mil habitantes. E não foi nas regiões com mais casos que se registaram as variações homólogas mais negativas em termos de contração.

De acordo com a análise do gabinete de estatística, a região do “Tâmega e Sousa (1499) e a Área Metropolitana do Porto (1184) registaram um número de casos confirmados por cem mil habitantes superior à média nacional (1179), contudo, o efeito da pandemia não se fez sentir com tanta intensidade na diminuição do valor faturado nestas sub-regiões, sendo a contração homóloga inferior à registada no país (-9,4% e -11,0%, respetivamente)”.

Já a região do Algarve surge no topo com a maior quebra de faturação (-29,1%), mas nem por isso registou a maior incidência da covid-19, ficando-se em média pelos 523 por cem mil habitantes.

“No polo oposto, o Algarve, a Região Autónoma da Madeira – sub-regiões onde as atividades de alojamento assumem maior expressão – e o Alentejo Litoral – onde a atividade industrial associada ao complexo de Sines é preponderante – apresentaram decréscimos no valor de faturação superiores ao do país, enquanto a taxa de incidência de covid-19 foi inferior à média nacional”, aponta o INE.

Fonte: DN

Paulo Ribeiro Pinto é jornalista do Dinheiro Vivo

 

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