“Vasco da Gama”, “Gil Eanes”, “Bartolomeu Dias”, são navegadores lusos que aprendemos a conhecer nos bancos da escola e que sempre nos inspiraram a grandes conquistas, talvez por isso, são também os nomes dos movimentos e estratégias tácticas que o selecionador português de Andebol, Paulo Pereira, decidiu introduzir nos seus minutos de descontos técnicos (pausas táticas em Andebol) e que certamente “os trará” para Budapeste, quando no dia 14 de Janeiro, Portugal começar a jogar esta competição, na capital magiar, contra a seleção da Islândia.
Tem sido uma história de navegação bonita, aquela que os “Heróis do Mar”, nos têm feito viver nos últimos 2 anos, com uma geração incrível de “jovens navegadores”, têm levado o barco com a bandeira de Portugal, a hastear-se nos grandes palcos do Andebol internacional: o muito surpreendente sexto lugar no último europeu em 2020, foi consolidado com um honroso décimo lugar no Mundial de 2021, mas a epopeia mais bonita, ocorreu quando num maravilhoso contra-ataque a 5 segundos do final, um jovem “navegador” Rui Silva marca o golo, que permite não só vencer a França, como descobrir o caminho marítimo para o Japão, para os afamados Jogos Olímpicos de Tóquio, é daqueles momentos que arrepia só de recordar, arrepia só de voltar a ver, emoção somente comparável aquele outro golo marcado à França em 2016 (acho que já estava destinado!)
Descobri o andebol desde muito pequeno, foi com 10 anos que comecei a jogar, foi um treinador búlgaro residente em Portugal que, na altura me motivou a entrar numa escola de andebol, o lema era o “Andebol é espectacular” e tudo me maravilhava naquele desporto, os movimentos rápidos, as defesas, os muitos golos, faziam-me vibrar, faziam-me sempre querer aprender e aprender mais, lembro-me que o primeiro jogo que vi foi um Portugal-Holanda, num pavilhão lotado em Viseu, coincidência das coincidências, vou ver o mesmo jogo, no dia 18, também num pavilhão cheio, mas em Budapeste. Fui árbitro muito jovem e participei também em torneios de andebol de praia, no afamado distrito de Leiria, esse que tantos navegadores deu e dá à nossa frota de navegadores, e foi nas praias desse distrito que me cruzei com alguns deles, que agora vou “rever” defendendo as cores de Portugal, na cidade que me acolhe. O amor ao Andebol não continuou, “outra paixão” levou-me, para outro campo, para outra posição, mas gosto de dizer que o amor por “rever aquela primeira paixão” não acabou, é uma espécie de ex-companheira que se quer ter por perto e ainda bem, porque me tem dado as mesmas alegrias que a paixão principal.
Tal como as grandes epopeias dos nossos anciãos navegadores, também aqui existem “tormentas”: as lesões graves e a pandemia de COVID, levaram a que alguns “navegadores-chave”, não possam ajudar os “Heróis do Mar” nesta sua aventura por mares magiares e, que terá o seu ponto alto no dia 16, quanto Portugal defrontar a Hungria, na nova Arena Nacional Húngara, que emerge no conhecido quarteirão de Népliget. É “mais um” Portugal-Hungria, que viverei nesta cidade, e que espero, tal como nas outras, vir a sorrir no fim.
É com confiança que receberemos a nossa armada de “Heróis” e tudo faremos para que se sintam apoiados nesta viagem. “Capitão” Paulo Pereira, cá estaremos para vos apoiar nesta viagem, e tal como à mais de 600 anos, os primeiros navegadores saíram para dar “novos mundos” a Portugal, dê-nos também o alento e a bravura para que, também nesta epopeia de 2 semanas, se possa encontrar o bom porto e a glória, que seria chegar, a esse último fim-de-semana de Janeiro, como uma das melhores quatro equipas da Europa: o bilhete para esse fim-de-semana já o tenho, espero a vossa chegada. Boa Viagem!!!
Portugal joga a 14 de Janeiro, às 20h30 (hora de Budapeste) com a Islândia, a 16 com a Hungria (18h) e a 18 com a Holanda (20h30). Todos os jogos passam na televisão pública húngara M4 Sport e terão também transmissão directa no canal português RTP2.
Tiago Hipólito
07.01.2022
