Figuras da Lusofonia na Hungria: Székely Ervin

por Pál Ferenc
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Uma quarta figura importante da lusofonia na Hungria foi Székely Ervin. A sua carreira é parecida com a dos outros de quem já anteriormente falámos no LusoMagyar News, pois já sendo colaborador da prestigiosa editora Magvető chegou a conhecer e traduzir obras de autores portugueses e brasileiros depois de verter para húngaro vários romances de outras línguas.

A sua estreia na tradução das letras luso-brasileiras foi a Jangada de Pedra de José Saramago, publicada em 1986 e logo a seguir o Sargento Getúlio de João Ubaldo Ribeiro, em 1987. Ao mesmo tempo, já conhecendo as bases do português, começou os estudos regulares universitários no Departamento de Português.

Foi um aluno muito aplicado que sempre  se preparava para as aulas e com entusiasmo divulgou não apenas as letras em português mas também a cultura portuguesa. Assim, já como colaborador da editora Helikon, teve um papel importante na publicação do livro Arc többes számban (‘Rosto em plural’) para o centenário de nascimento de Fernando Pessoa, foi um redator de livros excelente e pontual: trabalhamos juntos na edição deste livro de poemas pessoano, e também, como colegas, durante alguns anos, no departamento onde ele ministrava aulas de literatura.

Székely Ervin foi um dos introdutores dos produtos da cortiça portuguesa na Hungria, a partir do início da década de 1990, e junto com estabelecer uma loja de produtos importados de Portugal, pensou em organizar um centro de português e produtos portugueses no centro de Budapeste. Os vaivéns económicos não favoreciam a esta sua ideia, assim passado algum tempo passou a dedicar todas as suas forças à atividade literária e livresca.

Continuou ativo como tradutor, tendo traduzido O Ano da Morte de Ricardo Reis, do Prémio Nobel português, e colaborava como tradutor na Editora Íbisz, traduzindo, entre outras obras, contos de Eça de Queirós, o Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco.

No novo milénio dedicou-se a outros trabalhos e com a sua esposa, Felde Csilla, divulgaram a gastronomia portuguesa, publicando os livros de cozinha, Portugál ételek (‘Pratos portugueses’, 2003) e depois, na edição digital da Új Luzitánia, sua editora , A portugál konyha (A cozinha portuguesa), mas nesta altura a maior parte do seu tempo já era ocupado com a compilação e redação dos dicionários Magyar-Portugál és Portugál-Magyar Szótár (Új Luzitánia Kiadó, 2009, 2011), tendo feito um dicionário aprofundado e fidedigno, ele eternizou o seu nome na lusitanística húngara.

Infelizmente, a sua morte prematura levou-o antes do tempo, mas lembra-se a sua atividade no terreno da lusofonia com os livros dele e o “Concurso de tradução de Székely Ervin” que foi anunciado e organizado no Departamento de Português da FL da ELTE.

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