Marcar o golo certo
“Um navio que não tenho
num rio que não existe” Natália Correia
Gosto da dança dos tornozelos
e do baloiçar dos calcanhares
da pressão alta dos joelhos
e do voo planado dos seus cabelos.
Gosto de assistir de perto ao vivo
às surpresas do seu bom jogo
ir ao estádio por ela pela vitória
e sonhar sair com ela de braço dado.
De verdade verdadinha pensa somente
como driblar sem faltas as ancas
equacionar a leitura a olho desarmado
as linhas rectas e profundas do passe.
Estar à vontade a meio-campo
e remexer o figurino da relva curta
ser decisivo em plena pequena área
de baliza aberta marcar o golo certo.
Era junto das plantações antigas de algodão
ali nascia o nome de um rio que no verão
não corria para mim nem desaguava no mar
e nem tão pouco prendia o jogo do teu coração.
In “As Palavras por Empréstimo” do livro “As Palavras Continuam”
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Tozé Fonseca Photography
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