Primeira Despedida
Quando tocam os sinos
é para juntar o povo despedir gente próxima
anunciar as horas ou a palavra
de Deus na terra. Tu sabias meu amor?
Das tocas escondidas das lebres
da cigarra perdida na cidade
do andaime que da chuva nos protegeu
do arbusto que nos salvou da vergonha
e a mulher do talho que nos atendeu?
Mesmo sem a frescura de ontem
as verdades vindas do estômago e as marcas
lindas que religiosamente guardamos
as palavras ainda são possíveis.
E agora? Já sonhámos tudo?
Lembras-te das formigas voadoras
dos músicos ciganos de chumbo
do fósforo com que queimei sem querer
a tua mão esguia? A cerveja
que entornei à entrada da tua saia-casaco?
Na propagação comum da imagem
nas vítimas do fogo do clero recusado
recordo a primeira noite de conjura
vassalagem e atrevimento. Inimaginável plágio!
Tu sabes o preço em divisas da despedida?
In “Mãos de Areia” (1983), do livro “As Palavras que Ficaram”
https://pedroassiscoimbra.blogspot.com/
“Délutáni fények a város felett”.
Fotógrafo Bodó Róbert – Página Facebook Budapest Photos
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