Sombras do Povo
A Nelson Mandela
Percorremos os pulsos das perdizes
das palavras nos cornos do vento
a nevar cinzas sobre as nossas asas
com a pretensão coitada de sermos gente.
Os caminhos não eram talco nem pó
mas a graxa só por si era ainda assim
a entrada triunfal para a cidade conquistada.
Foi quando olhamos para o nosso lado
reparámos finalmente e por acaso
nas nossas pequenas sombras do povo.
As moscas! As moscas éramos nós!
– A liberdade adiada dos outros.
Budapeste, 30.10.1980
In “Memória do Fogo” (1981-1983) do liveo “As Palavras Que Ficaram”
https://pedroassiscoimbra.blogspot.com/
Lisboa, Largo de Santa Luzia – Fotografia de Ricardo Hipólito
https://www.facebook.com/ricardo.hipolito.716