De mil rosas uma só
Porque és a constelação
do inesperado de dias
noites e luzes
vogais e alegrias
de estrelas azuis.
Permite-me
Ó caminho esvaído
Ó sono inquieto
Ó roseiral intenso!
Que tire as meias
dos teus pés pequenos
e um pedacinho de pele
para tesouro.
Que descubra os segredos
do fecho da tua saia
silêncio muito tímido
muito diálogo mudo.
Que massage
o vinco da blusa
em círculos pequenos
com os dedos da saliva
e os rios do pensamento.
Que penteie os caracóis
te lave a cara do sol
te limpe os olhos e os lábios
para retocar de rouge e de baton
de rímel e modernismo.
Permite-me Ó única estrela!
Constelação de mil rosas.
Budapeste, 20.04.1983
In “Mãos de Areia” do livro “As Palavras que Ficaram”
https://pedroassiscoimbra.blogspot.com/
“Campo das Cebolas” da Página Lisboa Linda de Mário Marzagão
https://www.facebook.com/MarioMarzagaoAlfacinha/