Entre Lisboa e Budapeste – A Arte da Imagem e as Palavras da Poesia. Fotografia de Isabel Flores e Poema de Pedro Assis Coimbra

por Pedro Assis Coimbra
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No Bairro Alto do Povo

Enquanto a terra se cobria
de mil mares de água salgada
o barco deixou-se cair nos braços
contra as rochas sem uma palavra.

Brava a água depressa subia
pelas mãos lisas a secarem ao sol
e apagava as chamas do fogo
com algumas pedrinhas de sal.

Era o mistério da igualdade
era o ar puro da liberdade
que enfeitava a praça principal
desejo que envolvia a cidade.

E percorria tabernas e bares
os bairros insurrectos do sonho
ali no Bairro Alto do povo
onde ainda hoje se canta o fado.

O fado é feito também de silêncios
de frutos e pensamentos maduros
fruta verde colhida à socapa
lua nova sem ser acusada de ladra.

Com as primeiras luzes do dia
com as primeiras palavras do povo
na voz fadista amanhece a poesia
no trabalho anoitece o fado.

In “Fados Destinos e Algumas Palavras” do livro “As Palavras Continuam”

Foto: “Travessa do Jasmim, Lisboa” de Isabel Flores
Fonte: Lisboa – Histórias e Lugares

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