O Gato do Meu Fado
Despedia a minha cidade
antevendo o frio distante
e as sombras da próxima noite.
À entrada do Chocolate
ao sol o gato da casa
dormia serenamente.
Quem diria que sonhava
sofria perdidamente
com o seu único amor
interrompido bruscamente
em Santarém fado comum
por uma rua cruzada
em hora de má sorte.
Decifrava o meu coração
no calor dos teus olhos.
– Quando a escuridão
ao fechar a cidade onde estás
procura o teu sol interior
para de nós iluminar
e não te perderes na saudade.
Ainda tão jovem dizia
– São tão jovens os meus sonhos
que só agora começam.
Sonha sim, sonha comigo
gato das sete vidas
nas festas do nosso destino
e desta guitarra de amigo.
In “Palavras do Fado” do livro “As Palavras que ficaram”
https://pedroassiscoimbra.blogspot.com/
© Kardos Ildikó / 2020.március – Kardos Ildikó Photography
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