Empresa portuguesa lidera missão de remoção de lixo espacial, bem ao estilo do filme Gravity

por LMn
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Por Sara Sá – Exame Informática

Satélites inativos a pairar no espaço representam um risco de colisão cada vez maior, tendo em conta o acumular de peças à solta. Deimos Engenharia participa na missão Clearspace-1, a primeira de sempre que tem como objetivo rebocar estes objetos perdidos.

Neste caso, a ficção só leva sete anos de avanço. Em 2013, a astronauta interpretada por Sandra Bullock, no filme Gravity, fica perdida no espaço depois de a nave em que seguia ter sido abalroada por um pedaço de lixo a vaguear pelo espaço. Em 2020, a Agência Espacial Europeia (ESA) lança a primeira missão de sempre dedicada a detetar, agarrar e remover lixo espacial – o problema que o cineasta mexicano Alfonso Cuarón quis denunciar e que é cada vez mais relevante tendo em conta esta nova corrida ao espaço. Aos comandos do sistema de orientação, navegação e controlo da Clearspace-1, com lançamento previsto para 2025, estará a empresa portuguesa DEIMOS Engenharia que assume um papel determinante na empreitada. “É o subsistema mais nobre de uma missão”, sublinha o engenheiro aeroespacial e Diretor da Deimos Engenharia Nuno Ávila.

A equipa liderada pela empresa portuguesa, que irá reforçar a equipa em seis pessoas, alocadas a esta missão, irá desenvolver o ‘piloto automático’ do satélite e realizar todos os testes para apoiar a Clearspace na montagem, integração, teste e operação da missão. “Os requisitos do piloto automático afetam todo o projeto”, continua. A nave Clearspace irá voar até ao espaço, apanhar um objeto às cambalhotas, do tamanho de uma mota, e removê-lo antes que faça estragos. “Será o primeiro serviço de rebocador espacial de sempre”, afirma Nuno Ávila.

Lusospace e ISQ também na missão

Até agora ainda não há legislação que torne obrigatória a remoção ou destruição de detritos espaciais – satélites descontinuados, sobras de naves, peças soltas. “Hoje não existe uma regulamentação que imponha a remoção, apenas guidelines”, nota Nuno Ávila. “Mas vai ter que haver, num futuro próximo. A emergência de mega-constelações a isso irá obrigar”, avança o engenheiro que recorre à comparação com o filme para lançar a questão do perigo do lixo espacial.

Mesmo sem ter ainda caráter obrigatório, a Europa está comprometida a combater o problema e a missão Clearspace é um claro sinal desta linha orientadora, tendo sido aprovada na última reunião ministerial da ESA, que aconteceu em novembro do ano passado. O conceito da missão foi desenvolvido pela start-up suíça Clearspace e a participação portuguesa inclui ainda a além a Lusospace e o ISQ.

Atualmente, existem mais de 34 mil objetos feitos pelo homem com mais de dez centímetros de diâmetro em órbita à volta da Terra e mais de dois mil satélites operacionais. “Prevê-se que este número duplique nos próximos cinco anos”, refere o comunicado de imprensa da Deimos. “A acumulação de lixo espacial em órbitas terrestres baixas, na sua maioria detritos e partes de satélites, é uma das ameaças mais prementes à sustentabilidade a longo prazo das operações espaciais, uma vez que representa uma série de riscos e custos que vão desde a perda da carga útil dos satélites, atrasos de lançamento e interferências radio-eléctricas até à poluição luminosa para observações astronómicas.” A Sandra que o diga.

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