COP26: Brasil diz que eliminará o desflorestamento ilegal até 2028

por LMn | Lusa
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O ministro do Meio Ambiente do Brasil, Joaquim Leite, garantiu hoje que o seu país eliminará o desflorestamento ilegal até 2028 e também se comprometeu a reduzir em 50% a emissão de gases com efeito de estufa até 2030.

A informação sobre o compromisso do Governo brasileiro foi dada em sessão plenária da cimeira do clima (COP26), realizada em Glasgow, na Escócia, à qual, no entanto, o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, não compareceu.

“De forma proativa, deixamos claro que o Brasil é parte da solução para enfrentar o desafio global de redução de emissões. O Brasil é um gigante da natureza. Nossa agricultura de baixo carbono já restaurou quase 20 milhões de hectares de pastagens degradadas”, apontou Leite, no seu discurso.

O ministro brasileiro também destacou que até 16 milhões de hectares de florestas nativas estão em processo de recuperação, tarefa que ele diz andar de mãos dadas com o combate ao desflorestamento ilegal, um dos principais problemas do país.

“Reconhecemos esses desafios e temos trabalhado para enfrentá-los, para conter o desflorestamento ilegal na Amazónia. O Governo dobrou os recursos destinados aos órgãos ambientais federais e autorizou contratos para 739 novos órgãos ambientais”, disse o ministro.

Paralelamente, acrescentou, o Ministério da Justiça intensificou as ações de controlo no terreno em 23 municípios, enquanto o Ministério da Defesa lançou recentemente “um sistema de vigilância florestal inovador e muito mais preciso”.

Embora o Governo do Brasil esteja a tentar mudar imagem negativa sobre a sua política ambiental, as declarações do ministro não são corroboradas pelos dados.

Até dia 29 de outubro, a Amazónia brasileira teve uma área de 796 quilómetros quadrados sob alerta de desflorestamento, segundo dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão governamental que monitoriza o bioma através de satélites.

Mesmo com o dado parcial, a área já é a segunda maior para o mês desde que a monitorização começou, em 2015.

O ministro do Meio Ambiente do Brasil também pediu que os países mais ricos forneçam o financiamento anual de 100 mil milhões de dólares (86,5 mil milhões de euros) acordado para ajudar os países em desenvolvimento a mudar para energia limpa e lidar com o impacto das mudanças climáticas.

“A meta de 100 mil milhões não foi atingida (…) E esta quantia não é mais suficiente para o mundo construir uma nova economia verde com uma transição responsável”, disse Leite.

O ministro acrescentou que “volumes mais ambiciosos com fácil acesso e execução ágil são necessários para que a transformação inclusiva aconteça em todos os territórios ao redor do mundo.”

A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.

Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7º C.

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