Os Irmãos Grimm entraram para a história como folcloristas e também pelas suas coletâneas de contos infantis. Jacob Ludwing Carl Grimm (1785-1863) nasceu em Hanau, no Grão-ducado de Hesse, na Alemanha, no dia 14 de janeiro de 1785 e Wilhelm Carl Grimm (1786-1859) também nasceu em Hanau, no dia 24 de fevereiro de 1786.
Filhos do jurista Philipp Wilhelm Grimm e Dorothea Grimm receberam formação religiosa na Igreja Calvinista Reformada. Das nove crianças da família só seis chegaram à idade adulta.
Os Irmãos Grimm passaram a infância na aldeia de Steinau, onde o pai era funcionário de justiça e Administração do conde de Hessen. Em 1796, com a morte repentina do pai, a família passou por dificuldades financeiras.
Em 1798 Jacob e Wilhelm, os filhos mais velhos, foram levados para a casa de uma tia materna na cidade de Hassel, quando foram matriculados no Friedrichsgymnasium.
Depois de concluído o ensino médio, os irmãos entraram para a Universidade de Marburg. Estudiosos e interessados nas pesquisas de manuscritos e documentos históricos receberam o apoio do professor Friedrich Carlvon Savigny.
O professor colocou a sua biblioteca particular à disposição dos irmãos, onde tiveram acesso às obras do Romantismo e às cantigas de amor medievais. Depois de formados, os Irmãos Grimm fixaram-se em Kassel e ambos ocuparam o cargo de bibliotecários.
Quando os irmãos Grimm deram início às suas pesquisas, os poetas Achim Von Arnim e Clemens Brentano já haviam publicado uma coletânea de versos de exaltação popular, Des Knaben Wunderhorn (A Trompa Mágica do Menino), o que despertou ainda mais a curiosidade dos irmãos sobre as narrativas populares, registadas nos livros antigos, e a busca das suas raízes culturais.
Contos e tradições populares
Os irmãos reivindicaram a origem alemã para histórias conhecidas também em outros países europeus – como Chapeuzinho Vermelho, registada pelo francês Charles Perrault, bem antes do século XVII.
No final de 1812, os irmãos apresentaram 86 contos, recolhidos da tradição oral da região alemã do Hesse, num volume intitulado “Kinder-und Hausmärchen” Contos de Fadas para o Lar e as Crianças. Em 1815, lançaram o segundo volume, Lendas Alemãs onde reuniram mais de setenta contos.
Em 1840, os irmãos mudaram-se para Berlim, onde iniciaram um trabalho mais ambicioso: Dicionário Alemão. A obra, cujo primeiro fascículo apareceu em 1852, não pode ser terminada por eles.
Os Irmãos Grimm faleceram em Berlim, Alemanha, Wilhelm no dia 16 de dezembro de 1859 e Jacob no dia 20 de setembro de 1863.
Entre os contos mais famosos recolhidos pelos irmãos Grimm estão:
- Capuchinho Vermelho
- A Bela Adormecida
- A Gata Borralheira
- Branca de Neve e os Sete Anões
- Rapunzel
- Os Músicos de Bremen
- A Pastora de Gansos
- João e Maria
- A Mão Com a Faca
- A Chave Dourada.
A Raposa e o Cavalo é também um conto de fadas dos irmãos Grimm, que é apresentado na série televisiva CONTOS POPULARES HÚNGAROS dirigida por Mária Horváth e Gyula Szabó, com o nome “Szegény ember meg a lova”:
A Raposa e o Cavalo
Era uma vez um camponês que possuía um cavalo que trabalhara sempre com a maior dedicação, mas o pobre animal ficara velho e imprestável, e o seu dono não queria mais alimentá-lo. Um belo dia, disse- lhe:
– Agora já não tens mais utilidade para mim; eu, porém, gosto de ti. Se tiveres ainda força suficiente para me trazeres um leão, ficarei contigo. Mas, por enquanto, tens de ir-te embora e desocupar a cocheira! – Com isso, tocou-o para o pasto.
O cavalo ficou muito triste e encaminhou-se para a floresta, a fim de se abrigar do temporal, e lá encontrou a raposa, que lhe dirigiu a palavra:
– Por quê é que andas assim, a esmo, triste, de cabeça baixa?
– Ah, – respondeu o cavalo – avareza e fidelidade não moram juntas! Meu patrão esqueceu os serviços que lhe prestei durante tantos anos e, agora, porque não posso mais puxar o arado com a mesma rapidez, resolve; privar-me do alimento e enxotou-me de casa.
– Sem uma palavra de consolação? – perguntou a raposa.
– A consolação foi magra: disse-me que, se ainda tiver forças para lhe levar um leão, ficará comigo, pois bem sabe que não posso fazer tal coisa.
– Eu te ajudarei; – disse a raposa, – basta que te deites esticado no chão sem te mexeres, como se estivesses morto.
O cavalo fez o que lhe sugeria a raposa; enquanto isso ela foi ter com o leão, que tinha o antro ai perto, e disse-lhe:
– Perto daqui há um cavalo morto; vem comigo e terás um farto almoço.
O leão seguia-a e, quando se aproximaram do cavalo, a raposa disse:
– Aqui não terás a necessária comodidade para comê-lo. Sabes de uma coisa? amarrá-lo-ei pelo rabo à tua perna, assim poderás arrastá-lo, facilmente, para a tua toca e lá o comerás tranquilamente.
O leão achou ótima a ideia. Então a raposa pegou o rabo do cavalo e com ele amarrou, fortemente, as patas traseiras do leão; amarrou tão bem que não havia força capaz de desamarrá-lo. Findo o trabalhou, deu uma pancadinha nas costas do cavalo, gritando:
– Upa, meu alazão; puxa, puxa!
Então o cavalo de um salto pôs-se de pé e foi arrastando o leão; este começou a rugir tão espantosamente que repercutiu por toda a floresta, assustando os pássaros que fugiram voando de seus ninhos. O cavalo não se importou e deixou-o rugir à vontade.
Embora com alguma dificuldade, foi puxando-o e arrastando-o através dos campos, até à porta da casa do seu amo.
Ao deparar com aquilo, o camponês disse ao cavalo:
– Podes ficar aqui comigo para sempre e nada te faltará.
Depois deu-lhe comida com fartura e tratou-o bem até ele morrer.
Fonte:
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