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Antigo primeiro-ministro populista pró-russo vence legislativas na Eslováquia

Bratislava, 01 out 2023 (Lusa) – O partido populista Direção-social Democracia (Smer-SSD), do antigo primeiro-ministro Robert Fico, que se opõe à ajuda à Ucrânia, venceu as eleições legislativas na Eslováquia, de acordo com resultados definitivos, divulgados esta madrugada.

De acordo com o Gabinete de Estatísticas eslovaco, após a contagem dos votos de quase seis mil assembleias, o Smer-SSD obteve 23,3%, à frente do partido liberal Eslováquia Progressista (17,1%), liderado pelo vice-presidente do Parlamento Europeu, Michal Simecka.

Uma vez que nenhum partido obteve a maioria dos assentos no parlamento da Eslováquia, o futuro do país pode depender do partido que ficou em terceiro lugar, com 14,9% dos votos, os sociais-democratas do Hlas-SD (‘Voz’), do também antigo primeiro-ministro Peter Pellegrini, um dissidente do Smer-SSD mas que partilha a posição pró–Ucrânia de Simecka.

Um outro potencial parceiro de uma hipotética aliança governamental com Robert Fico, o ultranacionalista Partido nacional eslovaco (SNS), conseguiu 5,7% dos votos.

Caso consiga formar uma coligação e regressar ao poder, após cinco anos de interregno, Fico, de 59 anos e formado em Direito, já se comprometeu a “cessar imediatamente qualquer entrega de ajuda militar à Ucrânia”.

Algo que implicaria uma viragem da política externa deste país de 5,4 milhões de habitantes, membro da União Europeia e da NATO, e que forneceu uma ajuda substancial a Kiev desde o início da invasão russa de fevereiro de 2022.

“A guerra na Ucrânia começou em 2014 quando os fascistas ucranianos mataram vítimas civis de nacionalidade russa”, declarou Fico num recente vídeo, numa provável referência a acontecimentos na Casa dos Sindicatos de Odessa, em 02 de maio desse ano.

Uma mensagem com eco, num país onde, segundo uma sondagem do instituto Globsec, apenas 40% da população considera a Rússia responsável pela guerra.

Fico também afirmou que não iria autorizar a detenção do Presidente russo Vladimir Putin, ao abrigo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional, se ele alguma vez viesse à Eslováquia.

Durante a campanha eleitoral, a Eslováquia foi alvo de intensas ações de desinformação, com estudos de opinião a mostrarem que metade da população está disposta a acreditar em notícias falsas.

O país da Europa Central é atualmente governado por um executivo de tecnocratas, liderado pelo banqueiro Ludovit Odor, depois do colapso, num voto de desconfiança em dezembro, de uma frágil coligação anticorrupção que estava no poder desde 2020.

VQ (PCR) // VQ




Grupo Wagner está na região de Lipetsk, a 340 km de Moscovo

Moscovo, 24 jun 2023 (Lusa) – O governador da província de Lipetsk russa afirmou que o grupo paramilitar Wagner entrou na região, a 340 quilómetros de Moscovo.

As colunas do grupo paramilitar Wagner, que lançou uma rebelião armada contra a liderança militar russa, já estão na região de Lipetsk, informaram as autoridades locais.

“O equipamento (de guerra) do grupo Wagner está a avançar no território da região de Lipetsk”, disse o governador local, Igor Artamonov, no canal Telegram.

De acordo com o político, as autoridades locais “estão a tomar todas as medidas necessárias para garantir a segurança da população”.

O que é o Grupo Wagner?

Fonte: Origo.hu

Foi declarado um alerta nacional na Rússia após o vídeo ameaçador de Prigozhin, no qual este declara efetivamente um golpe militar, embora ele próprio insista que o que está a fazer é, de facto, uma “procissão da verdade”. O Grupo Wagner, oficialmente conhecido como Wagner PMC, descreve-se como uma empresa militar privada.

O Grupo Wagner foi identificado pela primeira vez em 2014 como estando a apoiar as forças separatistas pró-russas no leste da Ucrânia.

Soldados russos do Grupo Wagner celebram a captura de Bahmut (Foto: AFP/Telegram @concordgroup_official)

Na altura, tratava-se de uma organização clandestina que operava principalmente em África e no Médio Oriente, e acredita-se que tinha apenas cerca de 5.000 combatentes, na sua maioria veteranos dos regimentos de elite e das forças especiais russas. A organização começou a recrutar em grande número em 2022, depois de o Grupo Wagner ter também começado a combater na guerra na Ucrânia.

Desde então, os números do exército privado aumentaram significativamente, com Yevgeny Viktorovich Prigozhin, do Ministério da Defesa britânico e do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, a relatar que cerca de 80% das tropas de Wagner na Ucrânia foram recrutadas a partir de antigos prisioneiros, salienta Origo.

Apesar da proibição oficial de manter exércitos privados na Rússia, Prigozhin foi autorizado a recrutar abertamente nas cidades russas, publicitando em outdoors o grupo Wagner, que descreveu nos meios de comunicação russos como uma organização patriótica.

Uma investigação da BBC sobre o grupo Wagner revelou que um antigo oficial do exército russo, Dmitry Utkin, terá estado envolvido na organização do exército privado. O veterano da guerra da Chechénia, que terá sido o primeiro comandante de campo de Wagner, deu ao grupo o nome de Wagner, em homenagem ao seu antigo indicativo de chamada de rádio.

As forças de Prigozhin, por exemplo, lutam na Síria ao lado das forças pró-governamentais desde 2015, guardando campos de petróleo. Na Líbia, há também soldados do Grupo Wagner a apoiar as forças leais ao general Khalifa Haftar.

Na República Centro-Africana, o grupo Wagner guarda minas de diamantes e, segundo a imprensa, também está presente no Sudão, onde garante a segurança das minas de ouro.

E no Mali, na África Ocidental, o governo está a utilizar o Grupo Wagner para combater grupos militantes islâmicos.

No entanto, o exército privado também tem cometido uma série de violações dos direitos humanos ao longo dos anos. Em janeiro, um antigo comandante pediu asilo na Noruega depois de ter desertado do grupo mercenário. O homem afirma ter testemunhado crimes de guerra na Ucrânia.

De acordo com os procuradores ucranianos, três mercenários do grupo Wagner, com a ajuda de forças regulares russas, mataram e torturaram civis perto de Kiev em abril de 2022.

De acordo com os serviços secretos alemães, os mercenários do grupo Wagner massacraram civis em Bucza, na Ucrânia, em março de 2022.

E a ONU e o governo francês acusam membros do grupo Wagner de raptar e violar civis na República Centro-Africana.

E, em 2020, os militares norte-americanos afirmam que eles colocaram minas e outros engenhos explosivos em Tripoli, capital da Líbia, e nos seus arredores.

 

Foto: NEXTA / Twitter




Vários mortos em bombardeamento em Kiev

Várias pessoas morreram num bombardeamento hoje de manhã no centro da capital ucraniana, segundo a porta-voz do Departamento de Situações de Emergência de Kiev, Svitlana Vodolaga, citada pela agência de notícias Ukrinform.

“Há mortos, há feridos. Teremos mais detalhes depois. Quantos, ainda não posso dizer, porque ainda está a ser apurado”, informou Vodolaga.

De acordo com o jornal Kyiv Independent, houve pelo menos quatro explosões no centro da capital ucraniana hoje de manhã e nuvens de fumo são visíveis no centro da cidade.

O prefeito de Kiev, Vitaliy Klitschko, falou sobre as explosões no distrito de Shevchenkiv, confirmando, através da rede social Telegram, que houve várias explosões e que os serviços de emergência foram enviados para os locais afetados.

Esta é a primeira vez que a capital ucraniana é bombardeada desde junho passado.

O bombardeamento de Kiev ocorre num dia de ataques aéreos contra várias cidades ucranianas.

De manhã registou-se o terceiro bombardeamento em cinco dias contra a cidade de Zaporijia (sul), no qual, segundo alguns meios de comunicação, uma pessoa morreu.

Os media ucranianos também relatam várias explosões de mísseis na cidade de Dnipro, bem como ataques a Zhytomyr, perto de Kiev, em Khmelnytskyi, mais a leste, na margem do rio Bug do sul, e Ternopil (a leste, nas margens do rio Seret).

De acordo com o jornal independente de Kiev, que cita o governador Vitaliy Kim, um total de dez mísseis S-300 caíram sobre a cidade de Myukolaiv, sem vítimas relatadas até agora.

No sábado passado, a forte explosão de um camião provocou um incêndio em sete tanques de combustível de um comboio que se deslocava em direção à península da Crimeia, danificando a ponte que liga aquela península ocupada pela Rússia desde 2014, numa situação que Moscovo interpretou como “um ato de terrorismo” ucraniano.

SO // MAG




China anuncia envio de tropas para exercícios militares na Rússia

O Ministério da Defesa chinês anunciou hoje que vai enviar tropas para a Rússia para exercícios militares conjuntos com outros países, incluindo Índia e Bielorrússia, no final de agosto.

A participação da China nos exercícios conjuntos “não tem relação com a atual situação internacional e regional”, apontou o ministério, em comunicado.

A mesma fonte indicou que estes exercícios visam aprofundar a “cooperação pragmática” entre os países, melhorar o nível de “colaboração estratégica” entre os participantes e fortalecer a capacidade de resposta a várias ameaças à segurança.

As manobras, designadas “Vostok 2022” (Leste 2022) vão ser realizadas em território russo, entre 30 de agosto e 5 de setembro.

Soldados do Exército de Libertação Popular, as Forças Armadas chinesas, Índia, Bielorrússia, Tajiquistão e Mongólia, entre outros países, vão participar nos exercícios, que se realizarão em treze locais, segundo a Rússia.

Este anúncio ocorre dois dias após o Exército chinês realizar novamente manobras militares em torno de Taiwan. As manobras intensificaram-se após a visita à ilha da líder do Congresso dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, considerada por Pequim como farsa e traição.

Pequim considera Taiwan uma província sua, apesar de a ilha atuar como entidade política soberana. A visita de Pelosi foi, por isso, vista por Pequim como uma violação da soberania da China.

JPI // APN




Kiev e Moscovo assinam acordo com Turquia e ONU para desbloquear exportação de cereais

A Ucrânia e a Rússia assinaram hoje acordos separados com a Turquia e a ONU para desbloquear a exportação de cerca de 25 milhões de toneladas de cereais presos nos portos do Mar Negro.

Numa cerimónia realizada no Palácio Dolmabahçe, na cidade turca de Istambul, com a parceria da Turquia e da ONU, foram assinados dois documentos – já que a Ucrânia recusou assinar o mesmo papel que a Rússia – devendo o acordo vigorar durante quatro meses, sendo, no entanto, renovável.

Depois de dois meses de duras negociações, os documentos visam criar um centro de controlo em Istambul, dirigido por representantes das partes envolvidas: um ucraniano, um russo, um turco e um representante da ONU, que deverão estabelecer o cronograma de rotação de navios no Mar Negro.

O acordo implica também que passe a ser feita uma inspeção dos navios que transportam os cereais, para garantir que não levam armas para a Ucrânia.

Estas inspeções, que serão realizadas tanto à saída como à chegada dos navios, deverão acontecer nos portos de Istambul.




MNE russo afirma que objetivos militares de Moscovo vão além do leste ucraniano

Moscovo, 20 jul 2022 (Lusa) – O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, disse hoje que os objetivos militares da Rússia na Ucrânia vão agora além da região leste do país e passaram a incluir “uma série de outros territórios”.

“A geografia é diferente agora. Já não se trata apenas das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk [os territórios separatistas no leste da Ucrânia], mas também das regiões de Kherson e Zaporijia [no sul] e uma série de outros territórios”, afirmou o chefe da diplomacia russa, em entrevista à agência russa de notícias Ria Novosti e ao canal RT.

Segundo Lavrov, à medida que o Ocidente – por “raiva causada pela impotência” ou pelo desejo de agravar a situação – fornece cada vez mais armas de longo alcance, como os mísseis Himar, “o quadro geográfico da operação avança mais e mais”.

“Não podemos permitir que, na parte da Ucrânia que permanece sob o controlo de [Presidente ucraniano, Volodymyr] Zelensky (…), haja armas que representam uma ameaça direta aos nossos territórios ou aos territórios das repúblicas que declararam a sua independência”, sublinhou.

Lavrov lembrou que os objetivos estabelecidos pelo Presidente russo, Vladimir Putin, ao ordenar a campanha militar na Ucrânia foram “a desnazificação e a desmilitarização da Ucrânia, no sentido de deixar de haver ameaças à segurança” russa.

Um objetivo que se mantém, segundo reiterou o chefe da diplomacia russa.

A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zajárova, também reagiu hoje às advertências do coordenador de comunicações do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos da América (EUA), John Kirby, que ameaçou a Rússia com sanções adicionais e mais severas caso insistisse na anexação ilegal de território ucraniano.

“A Casa Branca declarou que os Estados Unidos vão impor novas sanções se novas regiões ucranianas se juntarem à Rússia. O erro da Casa Branca é que os EUA impuseram e continuam a impor novas sanções sem que as regiões ucranianas sejam integradas na Rússia”, afirmou a porta-voz, numa mensagem divulgada na rede social Telegram.

Por isso, frisou a representante, “esta nova ameaça só fortaleceu a nossa decisão de agir”.

A Rússia, que iniciou uma invasão a que chamou “operação militar especial” na vizinha Ucrânia, em fevereiro passado, declarou abertamente que irá promover referendos sobre a integração das regiões de Zaporijia e Kherson, parcialmente ocupadas por tropas russas, no país.

PMC // SCA




Medidas que Prolongam a Guerra Prejudicam Interesses Húngaros, afirma o Ministro das Relações Exteriores Szijjártó

As medidas que prolongam a guerra na Ucrânia são contra os interesses da Hungria, e ameaçam causar uma crise alimentar mundial, disse na segunda-feira o Ministro dos Negócios Estrangeiros Péter Szijjártó.

Falando numa conferência de imprensa à margem do Conselho dos Negócios Estrangeiros da UE, o Ministro salientou que as medidas que prolongam de alguma forma o conflito armado estão também a exacerbar a crise alimentar em muitas partes do mundo.

Péter Szijjártó salientou que a Ucrânia e a Rússia estão a produzir 30 por cento do trigo mundial e 80 por cento das exportações de sementes de girassol. As exportações de trigo da Ucrânia sofrerão uma quebra de 25 milhões de toneladas este ano. “Devido à guerra, cerca de 400 milhões de pessoas irão enfrentar a escassez de alimentos”, salientou o Ministro dos Negócios Estrangeiros.

De acordo com Szijjártó, a Hungria permitiu até agora 368.000 toneladas de cereais em todo o país, e está a trabalhar para aumentar a sua capacidade.

“Quanto mais tempo a guerra se arrastar, mais pessoas terão de enfrentar a crise alimentar e a pressão migratória aumentará na Hungria e na Europa Central”, afirmou.

A Hungria gastou até agora 1,6 mil milhões de euros para aceitar 843.688 refugiados da Ucrânia, e para deter 118.786 migrantes ilegais na fronteira sul, disse. “Consideramos injusto e humilhante que Bruxelas tenha até agora financiado 2% desse montante”, salientou Szijjártó.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros também rejeitou o acordo pós-Cotonou da UE sobre migração com 79 nações de África, Caraíbas e Pacífico. “A última coisa que precisamos neste momento é de mais migrantes a chegar à Europa”, disse ele.

 

Foto em destaque através da página oficial de Péter Szijjártó no Facebook




“A Hungria está a tornar-se um dos principais corredores dos cereais ucranianos para o mundo”

Os preparativos para a entrega de cereais retidos na Ucrânia começaram, disse o Secretário de Estado Parlamentar do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Comércio, Levente Magyar, numa reunião com o governador da Transcarpathia, na segunda-feira em Ungvár (Uzhhorod, Ucrânia).

“Estamos a libertar capacidade que permitirá aos cereais ucranianos que aqui estão presos deixar a Ucrânia para a Hungria e chegar aos mercados mundiais” –

disse o Secretário de Estado.

A atual crise dos cereais não diz respeito apenas à Ucrânia e Hungria, mas a todo o mundo, advertiu o ministro da agricultura István Nagy.

Para o conseguir, afirmou, a Hungria teria de fazer melhorias significativas a curto prazo, cujo calendário seria acordado com os responsáveis da Transcarpathia.

Este trabalho poderia levar a Hungria a tornar-se um dos principais corredores para os cereais ucranianos para o mundo”, acrescentou.

A província ucraniana de Transcarpathia e Ucrânia não ficará sem ajuda, e a Hungria fará tudo o que estiver ao seu alcance para aliviar o sofrimento do povo ucraniano, acrescentou o político.

As partes reviram a política de ajuda da Hungria em relação à Transcarpathia. O governador Viktor Mikita agradeceu à Hungria pela sua assistência e salientou o apoio contínuo e bem organizado da Caridade Ecuménica Húngara, que ajudou 250 instituições apenas na província de Transcarpathia a receber e cuidar de pessoas deslocadas internamente.

 

Fonte: MTI

 

Imagem em destaque através do Szergej Ilnyickij/MTI/EPA




Rússia-Ucrânia: a guerra do nosso conhecimento

Lviv acordava com uma neblina intensa naquela manhã fria de Novembro, atrasado já que estava para o “tour” que tinha programado fazer, no terceiro dia de visita àquela cidade, em frente ao meu alojamento, erguia-se o Monumento dos Lutadores do Estado da Ucrânia, coincidência ou não, o maior símbolo da resistência e fundação do que hoje é a Ucrânia como Estado. Com a habitual pressa de turista, atravessei a praça central, pelo afamado monumento Taras Shevchenko, sentia-se já a azáfama de uma cidade viva e frenética, Lviv era assim, uma cidade vibrante onde a beleza e o simbolismo dos seus monumentos antigos, se cruza com a modernidade do seu modo de vida, que foge do paradigma que muitas vezes se associa relativamente ás “cidades escuras” da Europa de Leste.

Desde o primeiro dia, que a cidade havia despertado em mim um sentimento de pertença viva, de imersão naquilo que era a sua essência de cidade culturalmente moderna, que de dia abraçava a sua imensa cultura e de noite, mostrava a sua juventude e vivacidade pelas ruas e edifícios iluminados, apesar do existente recolhimento obrigatório. As expectativas para a visita a três palácios património da UNESCO, com histórica importância para os “ucranianos do oeste” era comedida, ansiava mais por conhecer o “país profundo”, saber se a ruralidade da Ucrânia “que me tinham falado”, subdesenvolvida e pobre era real. À medida que saíamos da cidade, várias placas anunciavam a direção de Kiev, depreendi, por isso, que aquela era a única ligação á capital. A cada quilómetro que passava a ideia “daquela” Ucrânia rural e pobre desaparecia, o sol brilhava afinal para uma Ucrânia ocidental e desenvolvida. Conversava a espaços com os colegas de tour, a história real de ucranianos, que por uma razão ou outra tiveram de deixar o seu país natal, entre elas, impressionou-me a história do Oleg que era de Odessa e trabalhava na apanha do peixe no Alasca, fazia questão de todos os anos voltar ao seu país Natal para passar férias e viajar, disse-me que era um país muito bonito, grande e que tinha ainda tanto por conhecer, revi-me totalmente naquelas palavras e foi com um sentimento de compaixão que aquele dia terminou, nunca poderemos conhecer verdadeiramente um país se não conhecermos as “suas gentes” e o seu interior, a partir daquele momento, a Ucrânia não era mais para mim um “parente pobre” da oriental Europa, mas sim, um país que se construiu, naquela região, para virar os seus ventos a oeste, na certeza que ali estava (e estará!) o seu futuro.

É, talvez por isso, que hoje me dilacere o coração, ligar a televisão todos os dias, dilacera-me ver um país maravilhoso, solarengo e vivo, ser destruído por misseis e artefactos que, mais não servem para mostrar, o que de pior o ser humano tem. É a tristeza imensa de ver um país de gente pura, ser atingido desta forma. Aquela estrada que outrora ligava o oeste á capital, é palco agora do “passeio” de blindados invasores, de cemitérios de carros queimados pela fúria e ódio de uma guerra que o povo ucraniano nunca pediu nem desejou, e que, provavelmente perdeu a última réstia de esperança numa humanidade que pensava ainda existir. Haveria uma enormidade de palavras de fúria e de revolta, que me apeteceria expressar e o sentimento de impotência é gigante, mas em espaçados momentos de lucidez, tenho a certeza que, a força dos invasores não se combate com armas e tanques, mas sobretudo com conhecimento, com informação e com coragem, porque nenhuma propaganda, por muito boa que seja, consegue suportar uma lúcida argumentação baseada em factos, evidências e vivências. E essa é a maior tristeza que tenho, que nem todas as pessoas tenham acesso ás mesmas fontes de informação, que não tenham a mesma igualdade no acesso á educação, e que, talvez por isso, hoje em dia, a “propaganda”, a ignorância e a desinformação se sobreponham ao conhecimento e ao espírito crítico, que o nosso “mundo social” “mate” também através de falácias propagandistas que nos entram pelos écrans diariamente e que nos cegam a razão e ás quais cremos acreditar que são verdade.

É também sinal dos nossos tempos que, povos que hoje em dia recebem refugiados de braços abertos, outrora os expulsavam ou tentavam envenená-los, que povos que oferecem direitos aos refugiados acolhidos, sejam os mesmos que restringem a liberdade e os direitos aos seus próprios cidadãos, que um país, se ponha em bicos de pés, todo “fanfarrão” para ouvir falar o Presidente da nação invadida no seu Parlamento, seja incapaz de julgar com justiça, vários empregados de uma das suas instituições públicas que, atrozmente “deixaram morrer” um cidadão desse país invadido, numa das salas dessa instituição, numa violação básica do direito humano e seja incapaz de proteger os cidadãos desse mesmo país invadido e as suas informações pessoais, quandi ali vieram procurar abrigo: a “humanidade do Iphone” e a “humanidade da aparência” é real e, infelizmente não ajudará a salvar quem diariamente foge do seu país em guerra e quer encontrar a paz num lugar distante.

Enquanto não percebermos a realidade que nos absorve, a essência daquilo que nos rodeia e sobretudo, ignorarmos a busca pela educação e conhecimento, mais “Putins” aparecerão e eles sim saberão, com certeza, como mudar o nosso mundo para pior. Passaremos mais a aceitar e a reagir, em vez de pensar e actuar, de nada servirão os posts moralistas a repetir que uma genocídio jamais voltará a ocorrer na Europa, quando agora mesmo “á nossa porta” ocorre um e amanhã poderá ocorrer outro. É esta a “guerra” que teremos de combater no futuro, para honrar, respeitar e retribuir tudo o que o povo ucraniano está a fazer pela nossa segurança e pela segurança da Europa: um povo que nunca pediu esta guerra mas que, ferozmente oferece resistência a um invasor mais poderoso, não só para proteger a sua terra, mas também para salvar todas as outras que se estendem a oeste das suas fronteiras. E isto é o mínimo que poderemos fazer não só por todos os que ainda lutam, mas sobretudo por aqueles que já ali pereceram. SLAVA UKRAINI!!!




Hungria trava embargo petrolífero da UE recusando sancionar patriarca russo

A Hungria travou hoje a adoção do embargo petrolífero e de novas sanções europeias contra Moscovo, para obter a retirada do chefe da Igreja Ortodoxa russa da lista negra da União Europeia, indicaram várias fontes diplomáticas.

O patriarca Cirilo é considerado “um aliado de longa data do Presidente Vladimir Putin” e “tornou-se um dos principais apoiantes da agressão militar russa à Ucrânia”, sublinha a proposta de sanções submetida à aprovação dos Estados-membros da União Europeia (UE).

Os dirigentes dos 27 reunidos em cimeira na segunda e na terça-feira em Bruxelas chegaram a acordo para reduzir em cerca de 90% as suas importações de petróleo russo até ao fim deste ano, a fim de ‘secar’ o financiamento da guerra russa na Ucrânia.

Este embargo é a principal medida do sexto pacote de sanções da UE, que prevê um alargamento da ‘lista negra’ do bloco comunitário a cerca de 60 personalidades, uma das quais o chefe da Igreja Ortodoxa russa, o patriarca Cirilo, e a exclusão de três bancos russos do sistema financeiro internacional Swift, incluindo o Sberbank, a principal instituição bancária do país.

É necessária unanimidade para a adoção de sanções europeias, e o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, deu o seu acordo a este novo pacote de sanções que deveria ser finalizado hoje, numa reunião dos embaixadores, antes da sua publicação no jornal oficial da UE, para entrar em vigor.

Agora, estão em curso consultas com Budapeste para tentar levantar a oposição da Hungria, indicaram fontes diplomáticas europeias.

ANC // PDF