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Viajar ao passado na cadeira do barbeiro

Não é uma loja histórica de Lisboa mas sim três e todas com muito para contar. A Barbearia Oliveira está espalhada por bairros típicos de Lisboa e recuperou para o presente o conceito do barbeiro de antigamente, no aspeto e no método. Bem-vindos ao passado.

aspeto da barbearia de outros tempos, mas também o método. Ali, ainda hoje se corta o cabelo à antiga, de maneira clássica, à navalha – se assim o cliente o desejar. Mas não só. Os barbeiros têm formação e estão preparados para fazerem cortes mais modernos, à vontade do freguês, claro está.

Bruno Oliveira decidiu apostar na sua paixão de sempre que até aí estava cingida a cortar cabelos e aparar barbas a amigos, família e colegas do seu anterior trabalho como funcionário da Câmara Municipal de Lisboa. Tudo aconteceu ainda antes da moda dos barbeiro vintage pulularem por todas as esquinas das cidades. “Na altura quase não existiam barbearias, cortava-se o cabelo em centros comerciais, onde aliás era proibido usar navalhas”, recorda.

Encontramos Bruno na sua loja do Rossio, mais concretamente ao lado da igreja de São Domingos, junto ao largo com o mesmo nome que tem o poder invisível de ali levar gentes de várias geografias, credos e estatutos sociais. Desde os taxistas fora dos seus carros a falar a voz alta das últimas da bola e da política aos doutores engravatados que entram e saem da Ordem dos Advogados ali mesmo perto, ou ainda aqueles que logo a meio da manhã pedem uma ginjinha “com ou sem elas” para aquecer o resto do dia.

Num espaço contíguo com paredes de madeira escurecida pelo tempo, caras jovens, de máscara, alinham a preceito cabelo e barba de clientes de várias idades. Tesouras a cortar, navalhas a escanhoar e toalhas quentes molhadas para acalmar o rosto dos clientes após o corte são ações repetidas como um ritual coreografado que certamente seriam familiares a quem frequentava aquele espaço há cem anos.

Bruno conta-nos, com a voz abafada pela máscara e o seu cabelo meticulosamente desalinhado, que esta foi a segunda loja, depois da de Alfama, a entrar para o universo das Barbearias Oliveira, há cerca de seis anos. “Costumava vir aqui falar com o antigo dono”, recorda.

O dono era o senhor Cassiano que por ali andou até aos 87 anos a cortar cabelos e barbas a várias gerações, “esteve aqui basicamente até morrer”, diz Bruno.

A confirmação destes factos veio de uma cadeira próxima de nós. Ao ouvir a conversa, um cliente acabado de ser atendido diz em voz alta: “Tenho 51 anos e venho cá desde os 5, era o meu pai que me trazia para o senhor Cassiano cortar o cabelo”.

A loja do Rossio é de 1920 quando foi pedido um registo à Câmara de Lisboa para se tornar barbearia – na parede está lá, emoldurado, o documento oficial, junto a lâminas e tesouras de outrora e uma coleção de notas que os clientes vão deixando.

“Quando ela aqui estava contava-nos inúmeras histórias. Ela conheceu gente muito importante. Aliás, foi a própria a entregar flores à equipa do Benfica nas duas vezes que o clube de Lisboa foi campeão europeu na década de 1960”, indica.

A loja tem ainda um primeiro andar, local onde se jogava à batota até às tantas, escondido dos olhares da maioria dos clientes. Foi também por lá que Bruno descobriu um recipiente com pedra de potássio para desinfetar, fabricada na loja. “Infelizmente nunca pedi a receita ao senhor Cassiano.”

E a juntar às barbearias de Alfama e do Rossio há quatro anos instalaram-se também no bairro da Lapa, numa loja inaugurada em 1962. “É das barbearias mais bonitas que já vi, e olhe que conheço muitas em todo o mundo”, conta Bruno Oliveira. O processo foi o mesmo: recuperar o espaço como antigamente.

Com esse negócio veio o senhor Batista que há quase 50 anos por ali fez barba e cabelo a muitas gerações. O verbo é dito no passado porque depois de se ter retirado do dia-a-dia da loja por causa da pandemia, o senhor Batista morreu faz pouco tempo com um problema de saúde, aos 88 anos, conta Bruno com os olhos a brilhar

E com estes testemunhos, de quem lida com uma clientela que vai dos 8 aos 80, não há forma de evitar o assunto da pandemia. O dono das barbearias conta que a covid-19 tem feito mossa. “Aqui na loja do Rossio, por exemplo, perdemos cerca de 70% da faturação, mas mantivemos todos os postos de trabalho.”

Explica que tanto nesta como na barbearia de Alfama a grande maioria dos clientes eram turistas. Atualmente, e com a pandemia e os raros turistas a visitar a cidade, são mais os portugueses a frequentar as barbearias. “Aqui no Rossio vão desde os poucos habitantes da zona a clientes que vêm cá de propósito, aos trabalhadores dos restaurantes aqui à volta ou mesmo os funcionários da Ordem dos Advogados que tem sede aqui perto.” Para ajudar os clientes mais idosos, que se resguardam em casa por causa da covid, Bruno e a equipa têm feito serviços ao domicílio. “É uma verdadeira alegria para eles, ficam mais alegres.” Ainda sobre o impacto da pandemia, Oliveira reconhece que é um tipo de negócio que não sofre tanto como outros e resiliência parece ser a palavra de ordem: “As nossas barbearias já aguentaram a gripe espanhola, portanto vamos aguentar esta.”

Fonte: DN

 




Contar a história da Viúva Lamego é contar a história do azulejo Português.

Ao longo de cinco séculos, o azulejo tem vindo a ser usado como forma de expressão nos mais variados contextos. Mais do que uma opção estética, o azulejo português é o reflexo de influências culturais, sociais e económicas inseparáveis da História do país.

A produção de azulejos em Portugal data de meados do século XVI, contudo, é no século XIX, que esta indústria se afirma definitivamente. A crescente procura oriunda do Brasil de louças e azulejos portugueses, ideais para proteger os edifícios do clima quente e húmido, levou ao aparecimento de fábricas de cerâmica por todo o país. Fundada em 1849, a Viúva Lamego foi uma das primeiras.

UMA FÁBRICA NO INTENDENTE

Construído entre 1849 e 1865, o edifício sito no Intendente apresenta a fachada decorada na íntegra por azulejos figurativos, da autoria do diretor artístico da fábrica, Ferreira das Tabuletas, num exemplo pioneiro do uso do azulejo como meio de publicidade. Originalmente a oficina de olaria de António Costa Lamego, veio a converter-se em fábrica, e adotou a denominação Viúva Lamego quando a mulher de António Lamego assumiu a sua gestão, na sequência da morte do marido, em 1876.

O edifício, hoje classificado como imóvel de interesse público, é um dos mais emblemáticos da cidade, sendo um ex-libris do azulejo de estilo naïf oitocentista.

DO BARRO AO AZULEJO

Nos primeiros tempos, a fábrica produzia sobretudo artigos utilitários em barro vermelho, azulejos em barro branco e alguma faiança. Com a chegada do século XX, o azulejo tornou-se o principal produto da Viúva Lamego, já então uma fábrica virada para os artistas, com ateliers de trabalho que colocava à sua disposição.

Nos anos 1930, a componente industrial foi mudada para a Palma de Baixo. Ali ficou até 1992, ano em que foi transferida para a Abrunheira, em Sintra, onde se hoje encontra a atual fábrica. O edifício no Largo do Intendente passou a estar aberto ao público para exposição e venda de azulejos.

Construída entre 1849 e 1865, a fábrica do Intendente era originalmente a oficina de olaria de António Costa Lamego. 

A CRIAÇÃO ARTÍSTICA

A partir dos anos 1930, um dos pilares da Viúva Lamego foi a colaboração com artistas plásticos, que viram potencial criativo nas características do azulejo. Estando presentes na fábrica, falando com os artesãos e participando em todas as fases dos projetos, criadores de diferentes quadrantes contribuíram para a revitalização da cerâmica artística em Portugal.

Um dos casos mais paradigmáticos é o de Jorge Barradas, cuja carreira multifacetada se iniciou no desenho de humor e publicidade para culminar na cerâmica e azulejo. O trabalho pioneiro que desenvolveu na área – criado em parte na Viúva Lamego -, contribuiu para ser considerado figura chave da renovação da cerâmica a nível nacional e para inspirar vários artistas mais novos que o seguiram, como Manuel Cargaleiro ou Querubim Lapa.

MARIA KEIL E A ARTE PÚBLICA

É nesta altura, segunda metade do século XX, que os azulejos de padrão captam a atenção da comunidade criativa. Agrada-lhes o elemento democratizante e as possibilidades de combinação. Maria Keil foi uma das primeiras artistas a explorar os limites da padronização no azulejo.

As composições contínuas, com variações de cor e composição, tornaram-se marcas das obras assinadas por Maria Keil. Exemplo máximo são os painéis de azulejo criados para o Metropolitano de Lisboa que, como todos os projetos da artista, foram produzidos na Viúva Lamego.

É também durante os anos 1960, que os espaços públicos passam a ser vistos como ideais para inovar e experimentar, dando força ao conceito de arte pública. Numa confluência de artes ímpar, a arquitetura e o urbanismo integram o azulejo, um suporte versátil e prático.

 

Fonte:

https://www.viuvalamego.com/pt/

 




Encadernador / Dourador Carlos Guerreiro

Não é nos livros que se aprende, é com os mestres.

Carlos Guerreiro escolhe a profissão por gosto e o fascínio mantém-se até hoje, tanto pela área de encadernação como pela de douração. Aprende o ofício de encadernador com treze anos, em 1971, com o mestre Diogo Noronha, que mais tarde o convidou a integrar a sua oficina de douração, no Instituto Padre António Oliveira, em Caxias, considerado à época o melhor instituto da Europa e o quinto melhor do mundo, que fechou depois do 25 de abril de 1974.

Em 1973, com dezoito anos, vai trabalhar para os arquivos nacionais da Torre do Tombo onde se manteve ao longo de vinte anos. Aí leciona também cursos para os técnicos. Na mesma altura, trabalha na oficina Jesus e Costa com outro mestre. Em 1998 mete uma licença sem vencimento de longa duração e continua a trabalhar na sua oficina, que abriu com vinte e dois anos, quando ainda trabalhava na Torre do Tombo, e onde pretende continuar a trabalhar mesmo depois da reforma.

Compra um espaço em trespasse, no início dos anos 80, e fez ele próprio desde o mobiliário às ferramentas de trabalho.

Hoje a oficina é muito visitada por turistas, estando mesmo incluída em visitas guiadas na cidade de Lisboa. Os seus clientes são sobretudo alfarrabistas, a Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, a Sociedade Portuguesa de Autores e particulares. Ao todo, desempenha este ofício há quarenta e quatro anos.

Entre os seus trabalhos mais relevantes encontram-se: caixa em pele para a Carta de Pêro Vaz de Caminha; restauro do Livro dos Copos; vários livros de honra, nomeadamente para a Assembleia da República, para a Presidência da República, para o Príncipe Alberto do Mónaco e para a Rainha de Inglaterra; pastas de protocolo para o Rei do Togo; pastas de secretária para a Assembleia Nacional de Angola.

Distingue-se pelo serviço exemplar, com pesquisa e aconselhamento, prestado tanto a particulares, quanto a instituições nacionais e internacionais. Recorrem ao seu saber-fazer profissionais das mais diversas áreas, sobretudo alfarrabistas, mas também escritores, designers, arquitetos e chefes de cozinha de renome. Os companheiros de atividade vão rareando e é hoje dos poucos artesãos em Lisboa dedicado ao ofício de encadernar, dourar e restaurar livros.

CONTACTOS

TELEFONE:

(+351) 91 469 4303

E-MAIL:

carlosguerreiro1959@gmail.com

Website

MORADA:

Rua de São Boaventura 4/6

1200-409 Lisboa

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HORÁRIOS:

2ª A SÁBADO 09:00 —18:00

 

Fontes:

http://encadernador-carlosguerreiro.blogspot.com/

https://www.redearteseoficios.pt/

Créditos de Imagem: Lojas com História




Caza das Vellas Loreto

A LOJA

É uma das lojas mais antigas da cidade e, entre as Lojas Com História, aquela que há mais tempo se mantém no mesmo local, na mesma família, e a produzir e vender o mesmo produto.

1789: Sete, oito, nove: esta sucessão ordeira de algarismos remete a uma Lisboa que nos pede um exercício de imaginação. É visualizar uma cidade extensamente rural, com os ofícios concentrados no Chiado e na Baixa e muitos vendedores de rua, carruagens, muito bulício e, claro, nenhuma outra fonte de luz artificial. A vela tinha um protagonismo neste tempo que necessariamente perdeu: era iluminação fácil de gerar e era portátil. Quando o progresso traz a iluminação pública, depois privada para algumas elites, primeiro a gás e só décadas mais tarde a eletricidade, o negócio confronta-se com o desafio de se atualizar e encontrar novas formas de pertinência. É isso o que a Caza das Vellas tem vindo a fazer tão bem ao longo dos tempos, acompanhá-los, conseguindo um equilíbrio dinâmico e difícil de encontrar entre tradição e modernidade, o valor da memória e do património e a atualização dos tempos, dos modos e costumes.

Entrar nesta loja hoje não só é um deleite para os sentidos (as cores, os cheiros, um certo refúgio ao barulho da rua) como é também uma experiência satisfatória ao nível de qualquer casa moderna, nas novas velas que vão sendo imaginadas e testadas e ali produzidas (veja-se os frutos ou as velas brancas com expressivas pinceladas a negro) e ainda, fortemente, um fantástico mausoléu de memórias e evocações de outros tempos. O relógio de pêndulo que encima o arco que separa a loja das oficinas e que nos relembra que o tempo já não volta atrás. Os altos armários envidraçados que terminam em pinos ogivais, e que lembram o formato da chama. A paleta de cores resultado da cuidada disposição das velas, que se vai alterando consoante as estações e a sensibilidade apurada dos lojistas, e que faz com que cada visita possa ter sempre um novo sabor. O característico aroma a mel e óleos essenciais que inunda o ar e ajuda a marcar a distância ao bulício da Rua Loreto lá fora. Nos bastidores, longe do olhar público, uma oficina a que chamam “fábrica” mantém os ancestrais processos de manufatura, como o arco de pau-santo, aliado a equipamento moderno.

Ali, a produção de velas responde aos ritmos litúrgicos e sazonais: a paisagem é muito diferente antes da Páscoa ou do Natal, de Inverno ou de Verão. Isto demonstra que, seja para fins decorativos ou religiosos, a vela ainda tem o seu lugar na simbologia das nossas crenças e dos nossos gestos – pensamos nas velas para batizados – e uma presença especial nas nossas casas – uma vela bordada à mão, uma vela que só se encontra aqui e que é feita com mel, as diferentes velas aromáticas, enfim, velas de tantas formas, tamanhos, cores e aromas quanto for possível desejar. Se não encontrar uma forma para o seu desejo, certas coisas podem ser feitas por encomenda. Além disso, e como o ofício da cera não são só velas, ainda há espaço para as figuras do presépio tradicional e ex-votos, também conhecidos por “milagres”.

 

Fonte:

http://lojascomhistoria.pt/lojas/caza-das-vellas-loreto

https://www.cazavellasloreto.com.pt/




Bordallo Pinheiro: da caricatura à cerâmica artística

Quem foi Raphael Bordallo Pinheiro (1846/1905)

Raphael Bordallo Pinheiro é uma das personalidades mais relevantes da cultura portuguesa oitocentista, com uma produção notável designadamente nas áreas do desenho humorístico, da caricatura e da criação cerâmica, constituindo-se o conjunto da sua obra, de uma inquietante atualidade e um documento fundamental para o estudo político, social, cultural e ideológico de uma época.

Raphael Bordallo Pinheiro ficará para sempre intimamente ligado à caricatura e à cerâmica artística, imprimindo-lhes uma qualidade e visibilidade nunca antes atingida e que, segundo a opinião de conceituados artistas atuais, toca a genialidade.

Cedo ganha gosto pelas artes, frequentando inclusive as Belas Artes. Como bom frequentador do teatro, foi por aí que começou as publicações dos seus jornais humorísticos, alcançando grande sucesso com alguns deles, que se tornaram preciosos documentos pela qualidade artística do seu traço mas também como interpretação dos acontecimentos políticos e sociais da época, os jornais “António Maria”, “Pontos nos ii” e “A Paródia” são alguns exemplos.

Em 1884 começa a sua produção cerâmica na Fábrica de Faianças nas Caldas, revelando peças de enorme labor técnico, qualidade artística e criativa, desenvolvendo: azulejos, painéis, potes, centros de mesa, jarros bustos, fontes lavatórios, bilhas, pratos, perfumadores, jarrões e animais agigantados, etc.

Também brilhou com as figuras populares como o Zé Povinho (representando-o de diversas formas) a Maria da Paciência, a ama das Caldas, o polícia, o padre tomando rapé o sacristão de incensório nas mãos e muitos outros. Realizou exposições no Brasil, no Rio de Janeiro e São Paulo, onde apresentou a majestosa Jarra Beethoven.

O seu notável trabalho na cerâmica conquistou medalha de ouro em exposições internacionais (Madrid, Antuérpia, Paris e nos Estados Unidos, em St. Louis).

 

Resenha histórica da Fábrica Bordallo Pinheiro

A Fábrica de Faianças das Caldas foi fundada a 30 de junho de 1884, ficando Raphael Bordallo Pinheiro responsável pelos aspetos técnico-artísticos e seu irmão Feliciano Bordallo Pinheiro pelos aspetos organizativos.

Raphael também acompanhou a peculiar conceção arquitetónica das instalações que incluía um espaço destinado a escola de cerâmica, onde se lecionavam vários cursos da especialidade. A fábrica e depósito de vendas estavam envolvidas por um parque arborizado contento duas nascentes de água e dois Barreiros e era decorado com as próprias cerâmicas de Raphael Bordallo Pinheiro.

Na fábrica de Raphael Bordallo Pinheiro foram criados centenas de modelos cerâmicos de criatividade ímpar, baseando-se nas tradições locais, nomeadamente na olaria caldense, adotando a fauna e a flora como inspiração decorativa. A sua produção cerâmica, especialmente pela sua qualidade artística, ganhou grande projeção e transformou-se num pólo de atração nacional e internacional.

Bordallo modela também as personagens do quotidiano português com audácia e um notável sentido crítico e, nos seus azulejos, cria padrões com influências tão vastas quanto diversas: do Naturalismo ao Renascimento, passando pela Art Nouveau e pelo legado hispano-árabe.

Raphael Bordallo Pinheiro com ajuda da sua equipa de operários, produziu obras arrojadas, quer pelas dimensões, quer pela delicadeza dos pormenores. A “Jarra Bethoven”, que ultrapassa os 2,60m de altura, é um símbolo da exuberância e do talento do artista e encontra-se no Museu das Belas Artes, no Rio de Janeiro.

Os vinte e um anos de produção de Raphael Bordallo Pinheiro (1884-1905) ficaram imortalizados na história da cerâmica caldense. Para tal, contribuiu não só a exuberância e criatividade das suas faianças, mas também o alto nível técnico atingido, principalmente ao nível da modelação e dos vidrados.

Manuel Gustavo Bordallo Pinheiro faz da sua vida uma verdadeira missão pela salvaguarda da memória de seu pai, Raphael Bordallo Pinheiro. Continuador da sua obra, permitiu que esta tradição cerâmica chegasse aos nossos dias.

Após a morte de Manuel Gustavo, em 1920, um grupo de ilustres caldenses, juntamente com os operários deram continuidade à empresa e, após a grave crise de 2008, é adquirida pelo Grupo Visabeira que lhe assegura a continuidade produtiva e histórica.

 

Fonte:

https://pt.bordallopinheiro.com/

https://www.facebook.com/bordallopinheiro.official/




Conserveira de Lisboa

Localizada na Baixa de Lisboa, desde 1930 na rua dos Bacalhoeiros, a atual loja mantém a traça inicial. Um local ainda à antiga, com coloridas prateleiras em madeira e um atendimento simpático e personalizado. O balcão principal, as prateleiras e o escritório não sofreram qualquer alteração, mantendo o estilo das lojas dos anos 30.

Não se podendo dizer com exatidão a data, pois a grande alteração da loja foi a selagem do tanque de salga de atum, que vinha tratado quer do Algarve, quer dos Açores. Na altura também se vendia avulso o atum salgado.

Nas outras áreas foram-se fazendo pequenas alterações, para melhor funcionamento da loja, incluindo a maior eficácia do trabalho das empapeladeiras e do funcionamento do balcão.

Foto: Público

Houve um trabalho subtil, mas que se reputa de grande importância, a recuperação dos anúncios em vidro e que refletem, nas suas frases, o tipo de publicidade dos anos 30.

A Conserveira de Lisboa teve na sua génese a Mercearia do Minho. Desde sempre esta mercearia se dedicou, prioritariamente, à venda de conservas, pois um dos sócios fundadores era armazenista deste produto.

Contudo a atividade comercial da Conserveira de Lisboa, como passou a ser designada a partir de 1942 foi-se mantendo, porque na altura tinha havido a visão de criar marcas registadas próprias. Das várias marcas registadas subsistiram três – Tricana, Prata do Mar e Minor. Mais recentemente foi também lançada a coleção “Música com Lata“.

Aqui vendem-se conservas de sardinha como todos os sabores: limão, caril, tomate, cravinho, entre outros. Para além dos clássicos de atum e sardinha, ganham destaque a ventresca de atum, as ovas de sardinha, as anchovas, o bacalhau, as lulas e o mexilhão. Para além da excelente qualidade do produto, a embalagem continua a ter os antigos rótulos, atualmente considerados vintage.

 

Por Dina Cardoso | LMn

 

Fonte: www.conserveiradelisboa.pt