Continuemos no campo de uma certa semântica faz-de-conta.
O bairro seguinte, Budafok, facilmente fica (fixa-se) na retina de quem pouco ou nada entende da língua húngara. Dividido o vocábulo a meio, as piadas noutro idioma (pista: podíamos chamá-lo de internacionalês) que não o Português são praticamente instantâneas.
Há uns bons anos atrás, conheci um Sírio que se dizia feliz de morar no bairro XIII por o identificar como a parte de Peste que mais se parece a Buda (sic); hoje sei que 1) somente uma minúscula fração do bairro oferece a dita experiência 2) o rapaz de Alepo não reside exatamente nessas ruas.
Budafok, tida como a parte de Buda mais semelhante a Peste, é o oposto; afirmação atestada por um Tunisino, habitante do respetivo território e acostumado a apanhar um par de carreiras para chegar ao centro da cidade.
Tudo contém em si o seu contrário; complementando-o, estabelecendo o equilíbrio possível. Uma verdade proclamada pelos Taoistas, descrita na dualidade Yin e Yang, atualizada para os conceitos de caos e ordem por insuspeitos psicólogos como Jordan Peterson.
Nunca estive em Budafok, excetuando naquela ambígua maneira de estar a que chamamos “de passagem”, dentro de um carro e a caminho de um casamento no campo. Creio, no entanto, ter andado lá perto 1) quando fui, dentro dum camião, buscar um sofá em segunda mão 2) quando visitei o centro de imigração para tratar de papelada.
Buda tem Budafok, Peste Újlipótváros (a tal parte fina do bairro XIII). Em Budapeste, ao contrário do que passa na imprensa em internacionalês, vivem alguns Árabes (não, não os conheci no centro de imigração; ambos se tratam de ex-colegas de trabalho).