Do pouco que aprendi de húngaro, porventura manterei na retina alguns vocábulos, salteados, ou integrados em palavras. É o caso de “ó” e “új” e que significam respetivamente velho e novo.
Quando toma parte no nome de uma cidade, “uj” remete imediatamente para Nova Iorque. Na verdade, todas as cidades remetem para Nova Iorque, arquétipo urbanístico dos correntes tempos; pelo menos, dos tempos prévios aos covides e variantes.
“Ó”, velho ou velha, é outra história. Evoca a Europa; a própria palavra história já evoca a Europa, um bairro antigo, q.b. acolhedor e elegante para se encher de turistas, assim que as supraditas viroses foram desta para melhor.
Embora se encontre constituído de dois bairros cujos nomes começam por “új” (Újpest e Újbuda) e apenas um a começar por “ó”(Óbuda) Budapeste tem mais de “ó” que de “új”. Óbuda quer literalmente dizer Buda Velha; foneticamente parece um palavrão, uma certa coisa usada, deslavada.
No entanto, em Inglês soa bem: Old Buda. Combina com o cenário, na perfeição.
Óbuda será a Budapeste de antigamente, ou a Budapeste antes de se tornar Budapeste. Longe de se deixar atravessar, vinte e quatro sobre vinte e quatro horas, pela linha do elétrico 4/6, somente maculada por uma carreira de autocarro a ligar, de quando em vez, o bairro III ao centro da cidade.
O bairro III, a bem dizer, são dois. Óbuda, onde há pouco movimento e o ambiente é pacato, e Békásmegyer, um amontoado de casas de habitação social, outro desterro despido de identidade.
Sobressai a tranquilidade, a paz, uma certa auto-suficiência. Com um cheirinho à vila vizinha, Szetendre. O Danúbio, por estas bandas, não é espetacular, nem misterioso; transforma-se no rio que corre pela grandiosa aldeia de Óbuda.
Em suma, um nicho inspirador de simpatia (os pós-modernos, que aprenderam a escrever e a sentir em hashtags, substituíram simpatia por empatia).