Um autocarro embateu contra uma árvore na Praça Kálvin. De repente, todos os elétricos de toda a cidade pararam. Tudo parou, mesmo até o pequeno comboio na montra da loja de brinquedos. Fez-se silêncio. Mais tarde ouviu-se um tremor, mas era apenas o frémito do vento a levar consigo uma folha de jornal. Depois esbarrou contra uma parede, e o silêncio tornou-se ainda maior.
Oito minutos após a explosão da bomba atómica, as luzes apagaram-se e, entretanto, na rádio, chegou ao fim o último disco do gramofone. Uma hora depois, as torneiras começaram a esguichar, depois a água parou de jorrar. Lá fora, a folhagem ficou seca que nem lata. O semáforo sinalizava linha livre, mas o último rápido para Viena já não seguia para a estação. A água na caldeira da sua locomotiva arrefecera pela manhã.
Num mês, os jardins foram invadidos por ervas daninhas, a aveia cresceu nos areais dos parques infantis; entretanto, os aperitivos para fazer crescer o apetite evaporaram-se nos balcões dos botequins. Toda a comida, todos os artigos de couro e livros de biblioteca foram devorados pelos ratos. O rato é um animal muito prolífero; pode parir cinco vezes num ano. Não demorou muito, a invadirem as ruas como uma calçada aveludada, tal como o lodo.
Apoderaram-se dos apartamentos, das camas nos apartamentos, das plateias nos teatros. Até entraram na Ópera, onde a Traviata tinha sido representada pela última vez. Quando roeram a corda, o toque pendular do último violino foi o mote para a despedida de Budapeste.
Mas logo no dia seguinte, do outro lado da rua da Ópera, apareceu um pequeno anúncio nas pedras de um edifício em ruínas:
“Dra. Varsányiné executa desratizações com toucinho”.
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István Örkény (Budapeste, 5 de Abril de 1912 – Budapeste, 24 de Junho de 1979)
Foi galardoado com o Prémio Kossuth em 1973 e duas vezes com o Prémio József Attila. Foi eleito membro póstumo da Academia Digital de Literatura em 2014.
Escritor, dramaturgo, tradutor. Nascido a 5 de abril de 1912 numa família abastada de classe média. Licenciou-se na Escola Secundária Piarista. Por insistência do seu pai, obteve dois diplomas, em farmácia e engenharia química, embora nesta altura já se sentisse atraído pela literatura. A sua primeira curta história foi aceite por Attila József para a lendária revista Szép Szó em 1937. Viajou pela Europa Ocidental, e o surto da Segunda Guerra Mundial apanhou-o em Paris. Chegou a casa no último comboio.
Poucas obras descrevem as situações bizarras ou mesmo vulgares da vida com mais precisão do que BUDAPEST de István Örkény. É nisto que pensamos quando num repente nos temos de reinventar.
BUDAPEST
A Kálvin téren egy autóbusz nekirohant egy fának. Hirtelen az egész városban megálltak az összes villamosok. Minden megállt, még a kisvasút is a játéküzlet kirakatában. Csönd lett. Később még felzörgött valami, de csak egy újságpapírt söpört magával a szél. Aztán nekisodorta egy falnak, és még nagyobb lett a csönd.
Nyolc perccel az atombomba robbanása után kialudt a villany, rögtön utána a rádióban lejárt az utolsó gramofonlemez. Egy óra múlva szörcsögni kezdtek a csapok, aztán nem folyt több víz. A lomb is száraz lett, akár a bádog. A szemafor szabad utat jelzett, de az utolsó bécsi gyors már nem futott be a pályaudvarra. Mozdonya kazánjában reggelre kihűlt a víz.
Egy hónap alatt elgyomosodtak a parkok, zab nőtt a gyermekjátszóterek homokozóiban; ezalatt a söntések polcain is beszáradtak az étvágygerjesztő italok. Minden élelmiszert, az összes bőrdíszműárut és a könyvtári könyveket megették az egerek. Az egér roppant szapora állat; ötször is lefial egy esztendőben. Nem sok idő múlva úgy ellepték az utcákat, mint valami bársonyos, iszapszerűen hömpölygő kövezet.
Birtokba vették a lakásokat, a lakásokban az ágyakat, a színházakban a zsöllyéket. Bejutottak az Operába is, ahol a Traviata került színre utoljára. Amikor az utolsó hegedűn átrágták az utolsó húrt, annak pendülése volt Budapest búcsúszava.
De már másnap, az Operával épp átellenben, egy romház kövein megjelent egy cédula:
Hozott szalonnával egérirtást vállal doktor Varsányiné.