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Caso EDP: António Vitorino nega ter feito despacho do Governo para reverter decisão da AdC sobre a Brisa

O advogado e antigo dirigente socialista António Vitorino rejeitou no julgamento do Caso EDP ter feito o despacho do Ministério da Economia para reverter a decisão da Autoridade da Concorrência sobre a compra da Autoestradas do Atlântico pela Brisa.

Na sessão realizada no Juízo Central Criminal de Lisboa, o antigo comissário europeu prestou declarações enquanto testemunha para assegurar que apenas apresentou, a pedido do então ministro da Economia Manuel Pinho, “um parecer jurídico” sobre a operação que tinha sido chumbada pelo regulador, mas admitiu que a argumentação do seu parecer para a autorização da compra acabaria por ser vertida para o despacho de junho de 2006.

“Manuel Pinho pediu-me que olhasse para o processo e desse uma opinião jurídica. Vi a decisão da Autoridade da Concorrência e os dois relatórios da consultora Roland Berger, que tinham um conjunto de elementos relevantes para analisar as implicações de concorrência daquela decisão”, disse o advogado, à data sócio do escritório Gonçalves Pereira/Cuatrecasas, acrescentando: “O despacho do Ministério não foi feito por mim. Manuel Pinho invocou o interesse nacional para aquela decisão”.

António Vitorino, que em 2007 foi convidado para presidente da mesa da Assembleia-Geral da Brisa, negou ainda ter conhecimento de que a sociedade para a qual trabalhava fazia assessoria a alguma das partes envolvidas no processo, como o Ministério Público (MP) alega na acusação do processo, relativamente à ligação entre a Cuatrecasas e a Autoestradas do Atlântico.

A ação de Manuel Pinho neste dossier é vista pelo MP como uma das áreas em que o antigo governante teria alegadamente favorecido os interesses do BES, uma vez que a Brisa era tida como um dos maiores devedores do banco liderado por Ricardo Salgado.

O antigo dirigente socialista também revelou que foi apresentado num almoço a Manuel Pinho pelo atual primeiro-ministro demissionário, António Costa, por volta da Páscoa de 2004, e disse que não sabia que Pinho trabalhava para o BES, tendo apenas conhecimento da sua participação num grupo de economistas que colaborava com o PS já antes de Durão Barroso abandonar o Governo, em julho de 2004, para ser sucedido por Pedro Santana Lopes.

“Quando Jorge Sampaio teve a gentileza de me perguntar o que devia ser feito naquela altura, fui da opinião de que não devia dissolver a Assembleia da República. Sei que esta opinião é controversa, sobretudo com os factos atuais”, observou Vitorino.

António Vitorino sublinhou que o contexto do almoço com Manuel Pinho era de que “a prazo” poderia haver um governo do PS e que “era preciso preparar um programa e pessoas”, mas rejeitou ter qualquer informação especial sobre a evolução política da época: “Estas coisas preparam-se com tempo. Eu estive na preparação das eleições de 1995 com António Guterres e essas eleições começaram a ser preparadas em 1992”.

Acrescentou ainda que não soube antes de março de 2005 que Manuel Pinho iria mesmo integrar o Governo liderado por José Sócrates: “Eu tomei conhecimento do elenco governativo ao mesmo tempo dos portugueses”.

O julgamento do Caso EDP prossegue na próxima quinta-feira, a partir das 13:30, estando previstas as audições de Abel Mateus e Miguel Tonnies.

Manuel Pinho, em prisão domiciliária desde dezembro de 2021, é acusado de corrupção passiva para ato ilícito, corrupção passiva, branqueamento e fraude fiscal.

A sua mulher, Alexandra Pinho, está a ser julgada por branqueamento e fraude fiscal – em coautoria material com o marido -, enquanto o ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, responde por corrupção ativa para ato ilícito, corrupção ativa e branqueamento.

JGO // ZO




Governo brasileiro cria Casa Brasil em Lisboa para a cultura e economia

Lisboa, 13 nov 2023 (Lusa) – O Governo brasileiro vai criar uma Casa Brasil em Lisboa, um espaço dedicado à promoção da cultura e da economia do país, que reunirá representações da Apex, Sebrae, Fiocruz e Embratur, anunciaram hoje responsáveis de várias entidades.

O anúncio foi feito pelos presidentes da Apex, Jorge Viana, do Sebrae, Décio Lima, e pelo embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro Silva, na abertura do Seminário de Internacionalização, realizado na capital portuguesa, dentro da programação da missão técnica brasileira na Web Summit 2023.

A iniciativa resulta de uma parceria entre a Agência para o Comércio Externo do Brasil (Apex), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) e a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur).

O embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro, adiantou que o Governo português já ofereceu diversas possibilidades de imóveis para acolher a sede da Casa Brasil.

“Estamos aqui em Lisboa a trabalhar exatamente para consolidar esse espaço. Essas negociações estão bastante adiantadas”, frisou o diplomata.

Além do espaço institucional da Apex, Sebrae, Embratur e Fiocruz, a Casa Brasil vai acolher todas as micro, pequenas, médias e grandes empresas, startups, incubadoras e terá ainda uma área voltada para exposições culturais.

“Portugal tem tudo para ser a porta de entrada para as empresas brasileiras que desejem vir para a Europa”, sublinhou Raimundo Carreiro.

Para o presidente do Sebrae, Décio Lima, este é um momento único: “Nós não podemos mais ficar isolados no modelo económico. Vamos somar as nossas musculaturas para produzir e potencializar os efeitos positivos”, afirmou Décio Lima, que definiu a instituição “como a porta de entrada de sonhos de milhões de brasileiros que desejam empreender”.

Segundo aquele responsável, o resultado de mais de 3,2% de crescimento do PIB brasileiro em 2023 surpreendeu a todos, com destaque para o saldo positivo da balança comercial.

No campo do emprego, destacou os mais de 1,2 milhões de novos empregos gerados pelas micro e pequenas empresas brasileiras só este ano.

Décio Lima acrescentou que a inovação e a sustentabilidade são valores e práticas que vieram para ficar e não há mais como pensar um mundo onde o meio ambiente e a busca por novas fontes de energia não esteja no centro das discussões.

“A Amazónia é um património fundamental para manter a vida no nosso planeta. O nosso empreendedorismo precisa ter a visão da inovação, da sustentabilidade e da inclusão”, afirmou.

Por isso, considerou que eventos como a Web Summit são importantes para criar redes, realçando que os verdadeiros agentes da integração são os empreendedores.

ATR // VM




Escritor brasileiro Silviano Santiago recebe hoje Prémio Camões 2022

Brasília, 14 nov 2023 (Lusa) – O escritor brasileiro Silviano Santiago vai receber hoje o Prémio Camões 2022, na sede da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.

O prémio de 2022 foi anunciado no final de outubro do ano passado, tendo desde então já sido revelado o vencedor de 2023, que é o ensaísta e tradutor português João Barrento.

“Silviano Santiago, além de escritor com uma obra literária com vários prémios nacionais e internacionais (Jabuti, Oceanos, etc.), é um pensador capaz de uma intervenção cívica e cultural de grande relevância, com um contributo notável para a projeção da língua portuguesa como língua do pensamento crítico, no Brasil e fora dele (nos países ibero-americanos, africanos, nos Estados Unidos e na Europa)”, indicou o júri da 34.ª edição do Prémio Camões, citado, na altura, pelo comunicado do Ministério português da Cultura.

Ensaísta, romancista e contista, Silviano Santiago nasceu em 1936, em Formiga, Minas Gerais, Brasil.

Doutorado em Letras Francesas pela Universidade de Sorbonne, de Paris, em 1968, com uma tese sobre “Os Moedeiros Falsos”, de André Gide, a biografia divulgada pelo Prémio Camões identifica-o igualmente como bacharel em Letras Neolatinas pela Universidade Federal de Minas Gerais (1959), com especialização em Literatura Francesa, como bolseiro do Centre d`Études Supérieures de Français, no Rio de Janeiro, entre 1960 e 1961.

Silviano Santiago recebeu, entre outros prémios, o Jabuti em 2017, o Prémio Oceanos em 2015, com o romance “Mil Rosas Roubadas”, e o segundo lugar do Prémio Oceanos, em 2017, com “Machado”, sobre Machado de Assis.

O júri da 34.ª edição do Prémio Camões foi constituído pelos professores universitários portugueses Abel Barros Baptista e Ana Maria Martinho, da Universidade Nova de Lisboa, a são-tomense Inocência Mata, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, os brasileiros Jorge Alves de Lima, membro da Academia Paulista de História e da Academia Campinense de Letras, e membro do Conselho Científico do Centro de Memória da Unicamp, que presidiu o júri, Raúl Cesar Gouveia Fernandes, do Departamento de Ciências Sociais e Jurídicas do Centro Universitário FEI, em São Bernardo do Campo, e a moçambicana Teresa Manjate, docente e investigadora na Universidade Eduardo Mondlane.

O Prémio Camões de literatura em língua portuguesa foi instituído por Portugal e pelo Brasil, com o objetivo de distinguir um autor “cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento do património literário e cultural da língua comum”.

Segundo o texto do protocolo constituinte, assinado em Brasília, em 22 de junho de 1988, e publicado em novembro do mesmo ano, o prémio consagra anualmente “um autor de língua portuguesa que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum”.

Foi atribuído pela primeira vez, em 1989, ao escritor Miguel Torga.

TDI (MAG) // MAG




Há dois anos que a colheita de azeitona cai em Valpaços e preocupa agricultores

Dois anos consecutivos de quebra de produção de azeite preocupam os produtores de Valpaços, concelho onde a agricultura é a base da economia e se cruzam técnicas tradicionais com as mais modernas de apanha de azeitona.

A campanha começou de uma forma tímida neste concelho do distrito de Vila Real por causa da chuva intensa que tem caído na região, mas, aos poucos, os trabalhadores vão percorrendo os olivais e o silêncio é quebrado pelo barulho das varas mecânicas e dos tratores.

“Este é o segundo ano consecutivo em que não há azeitona”, afirmou à agência Lusa Paulo Ribeiro, presidente da Cooperativa de Olivicultores de Valpaços, no distrito de Vila Real.

A procura de azeite tem “sido imensa” e a cooperativa prevê começar a comercializar “o novo” dentro de duas semanas.

O responsável mostrou-se preocupado com o setor da olivicultura que contabiliza dois anos consecutivos de uma grande quebra de produção e detalhou que, em 2021, a cooperativa recebeu cerca de 13 milhões de quilos de azeitona, valor que desceu para os seis milhões em 2022 devido à seca que afetou a colheita.

“E este ano deve receber à volta dos cinco milhões de quilos”, especificou, lembrando que a floração foi boa, mas a instabilidade meteorológica, com destaque para a tempestade de granizo, em setembro, fez cair muita azeitona.

Algumas freguesias da zona envolvente da cidade foram muito atingidas e os prejuízos foram, segundo Paulo Ribeiro, “muito grandes”.

“É muito preocupante. Este é um concelho essencialmente agrícola”, destacou.

E, justificou, ao mesmo tempo que há menos azeitona, os custos de produção aumentam, desde os adubos, combustível à mão de obra.

“E chega-se ao fim do ano e não se entrega nenhuma azeitona, como é o meu caso”, lamentou, salientando que as “dificuldades vão refletir-se no próximo ano”.

Paulo Ribeiro disse que a “qualidade do azeite começa no campo” e explicou que a cooperativa oferece “um incentivo” aos agricultores para a colheita mais cedo e, assim, o fruto não amadurecer demais.

Em Valverde, Joaquim Santos, de 58 anos, anda a fazer a apanha com a mulher e um sobrinho. Recorre ao método tradicional de lonas espalhadas no chão, debaixo da oliveira, e varas, uma delas mecânica, para ajudar na queda da azeitona.

“É um bocadinho de esforço, cansativo e irá demorar mais uns dias a apanha, mas temos que o fazer”, salientou, referindo que não há mão de obra disponível.

O sobrinho Rui Rodrigues, de 22 anos, estudante universitário, fez questão de fazer uma pausa no curso de gestão para ajudar os tios. “Como há falta de gente vim ajudar”, salientou.

Debaixo de algumas oliveiras vê-se muita azeitona caída por causa do vento forte das últimas semanas. Depois de dois anos “super bons”, a seca no ano passado e os temporais deste ano diminuíram a colheita.

“Há dois anos tive à volta dos 35 mil quilos e no passado 13 mil”, contabilizou, referindo que este ano prevê colher entre os “12 a 13 mil quilos” e que “é muito complicado para quem vive da agricultura” por causa do “aumento exagerado” do gasóleo e de produtos, como o adubo.

Em Fonte Mercê, Luís Pereira, de 25 anos, conduz um trator de grandes dimensões com um toldo articulado que coloca em volta das oliveiras para a apanha mecânica da azeitona.

Trabalha numa quinta com 180 hectares de olival e a aposta é na mecanização.

“É muito melhor e dá muito mais rendimento. Enquanto assim demoramos mais ou menos dois meses, nem em quatro meses conseguíamos, seria preciso muita gente”, frisou, referindo que também nesta propriedade se sentiu uma quebra na produção devido ao mau tempo.

A colheita é entregue na cooperativa, uma unidade industrial com cinco linhas de receção, onde a azeitona é descarregada e separada em função do estado de conservação e da sua variedade, é depois limpa, analisada, lavada e transformada em azeite.

Ali o azeite em garrafão de cinco litros já esgotou há algum tempo, à venda ainda há garrafas, no entanto, segundo Paulo Ribeiro, a procura já é grande pelo azeite novo.

A quebra de produção está a refletir-se no preço do azeite e, atualmente, em muitos mercados, lojas e grandes superfícies o garrafão de cinco litros já está a ser comercializado a 50 euros.

“É a nível internacional. Espanha, Grécia e outros países que produzem muito também não têm azeitona e são esses que fazem aumentar o preço do azeite”, concluiu Paulo Ribeiro.

E é, na sua opinião, “inevitável” que o preço ainda aumente “alguma coisa”, até para ajudar os agricultores a fazer face aos custos de produção.

Segundo algumas previsões, o azeite pode chegar aos 10 euros o litro em Portugal.

A cooperativa produz azeite extra virgem e virgem, e cerca de 70% da sua produção é para venda no mercado interno e 30% para exportação.

Esta é, segundo Paulo Ribeiro, uma organização com as “contas em ordem” e cerca de 1.800 associados de Valpaços e Mirandela.




Web Summit arranca hoje com recorde de 2.600 ‘startups’

Lisboa, 13 nov 2023 (Lusa) – A Web Summit, considerada uma das maiores cimeiras tecnológicas, arranca hoje em Lisboa com 2.600 ‘startups’, um recorde de sempre e, pela primeira vez, sem Paddy Cosgrave na liderança, num evento que termina em 16 de novembro.

O evento, que se realizou pela primeira na capital portuguesa em 2016, conta este ano com 2.600 ‘startups’, “o maior número ds história” da Web Summit, de acordo com a organização, com 900 investidores, cerca de 2.000 media confirmados, 300 parceiros, 800 oradores, num total de 70.000 participantes, em que 42% são mulheres.

Ao todo, estarão representados 160 países.

A inteligência artificial (IA) é um dos temas em destaque no evento deste ano, que foi marcado pela demissão do cofundador Paddy Cosgrave da presidência executiva da Web Summit, na sequência de declarações que fez na rede social X (antigo Twitter) sobre o conflito que envolve Israel e o Hamas.

Em 21 de outubro, Paddy Cosgrave demitiu-se do cargo, tendo sido substituído pela antiga diretora da Wikimedia Foundation Katherine Maher.

A oitava edição da Web Summit acontece em Lisboa poucos dias depois do primeiro-ministro, António Costa, ter apresentado a demissão.

Após as duas primeiras edições na capital portuguesa, a Web Summit e o Governo anunciaram, em 2018, uma parceria de 10 anos, o que mantém a cimeira em Lisboa até 2028.

ALU // MSF




Novo Aeroporto Internacional António Agostinho Neto é hoje inaugurado em Luanda

Luanda, 10 nov 2023 (Lusa) – O Novo Aeroporto Internacional de Luanda António Agostinho Neto (NAIL), cuja construção começou em 2013, e que custou 2,8 mil milhões de dólares (2,5 mil milhões de euros), é hoje inaugurado.

A obra começou com uma parceria público-privada, desfeita em 2017, e o Estado angolano assumiu a partir de então o projeto como um investimento público, com um financiamento da China de 1,4 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros).

O NAIL, localizado no distrito de Bom Jesus, município de Icolo e Bengo, situado a 42 quilómetros do centro da cidade de Luanda, está inserido numa área total de 75 quilómetros quadrados, projetado para acolher a aeronave crítica de categoria F (Airbus – A380), terá uma capacidade de 15 milhões de passageiros por ano, dos quais 10 milhões passageiros internacionais e os restantes domésticos.

Com duas pistas paralelas, placa de estacionamento de aeronaves, placa de manutenção, placa de carga, placa de isolamento, tem projetado o manuseio de um volume de carga anual de 130 mil toneladas.

Para o segmento de carga, existem já operadores e despachantes que manifestaram interesse, nomeadamente a TAAG, DHL, FedEx, Etiopian Cargo, Tuskish Cargo.

Relativamente ao atual Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, no centro de Luanda, o ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu, anunciou à imprensa, em setembro passado, que vai continuar operacional, para voos especiais, mais curtos, executivos, atividade de transporte aéreo não comercial, podendo servir também para manutenção e formação.

A nova infraestrutura terá também uma academia nacional de aviação civil.

Segundo Ricardo de Abreu, o custo de investimento “não é muito” para a dimensão e relevância do projeto, em termos de retorno para a economia angolana.

EL (NME) // MLL




Alentejo renova programa de sustentabilidade dos vinhos inédito em Portugal

Vinte produtores de vinho do Alentejo já ostentam o ‘selo’ de produção sustentável da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, inédito em Portugal e que coloca a região entre as “melhores do mundo” na área da sustentabilidade.

“Estamos quase uma década à frente do que muitas outras regiões, a nível nacional e internacional, estão a fazer na área da sustentabilidade”, argumentou hoje o coordenador do Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo (PSVA), João Barroso.

O responsável, que falava aos jornalistas na apresentação da nova versão do programa, o PSVA 2.0, lembrou que “existem iniciativas de sustentabilidade de outros produtores [de vinho] em outras regiões do país”, mas, “enquanto massa crítica, ninguém tem o que o Alentejo tem”.

“O Alentejo continua a ser a única região que tem um programa de sustentabilidade [no setor dos vinhos] no país” e “consegue dizer olhos nos olhos a qualquer região vitivinícola do mundo que, na área da sustentabilidade, é das melhores”, frisou

A prova disso “é que vêm produtores de outras regiões do mundo ver o que o Alentejo faz”, indicou, exemplificando que já se deslocaram à região responsáveis “do Chile, da Califórnia, do Reino Unido, de Espanha”.

O PSVA foi criado pela comissão vitivinícola em 2015 e, no seu âmbito, foi lançada, em 2020, uma certificação de produção sustentável que reconhece aos produtores da região boas práticas económicas, sociais e ambientais, das vinhas até à adega.

Na apresentação de hoje, na Herdade das Servas, no concelho de Estremoz (Évora), o 20.º e mais recente produtor vitivinícola a poder ostentar o ‘selo’ de produção sustentável, João Barroso revelou que o balanço de quase 10 anos “é claramente positivo”.

“Há um antes e um depois do PSVA na vitivinicultura em Portugal e, em particular, obviamente, na região do Alentejo”, afirmou.

O PSVA tem hoje cerca de 650 membros, número que está “a crescer todos os dias”, e “representa 60% da área de vinha do Alentejo”, o que não significa que toda a área seja de produção sustentável, referiu.

“Temos 20 produtores certificados, esses sim, uma certificação de terceira parte acreditada pelo Instituto Português da Qualidade, que representam um quarto da área de vinha, portanto, 25% aproximadamente já é de produção sustentável, [o que] representa 33% do volume de vinho”, isto é, “um terço do vinho do Alentejo no mercado já é de produção sustentável”, precisou.

Desde o início, o PSVA promove a produção sustentável na vitivinicultura, aliando a viabilidade económica dos produtores à preservação do meio ambiente, sobretudo com as alterações climáticas em foco.

As práticas implementadas têm incluído, entre outras, o uso de ovelhas, gansos e galinhas na vinha para combater pragas, reduzindo o uso de herbicidas e pesticidas, a instalação de medidores de caudal para medir e controlar o consumo de água, o uso de enrelvamentos para melhorar a estrutura do solo, a capacidade de retenção de água, o aumento de matéria orgânica ou a captura de dióxido de carbono, a reutilização de águas, a reciclagem de materiais ou a formação de colaboradores.

Segundo a CVRA, o PSVA 2.0 é fruto de “uma parceria inédita” com a organização não governamental (ONG) ANP|WWF e a Universidade de Évora para “melhorar os critérios” de avaliação, que continuam a totalizar 171, mas alguns da versão antiga foram retirados e foram criados 29 na nova versão.

O que se pretende é “aumentar ainda mais a exigência do trabalho”, afiançou João Barroso, apontando o PSVA 2.0 como “mais inclusivo” e com medidas no âmbito da redução da pegada de carbono ou da promoção da economia circular, da igualdade de género e da inclusão social e de pessoas com deficiência ou do reforço da agricultura regenerativa.




Jean-Paul Gaultier prepara filme de animação depois de espetáculo que chega a Portugal

O criador de moda francês Jean-Paul Gaultier está a preparar um filme de animação, contou o próprio à Lusa, em Lisboa, onde está a promover o espetáculo “Fashion Freak Show”, focado na sua vida e carreira.

Em janeiro de 2020, Jean-Paul Gaultier mostrou, em Paris, a última coleção que criou para ser apresentada em desfile. Desde a ‘reforma’, tem andado a promover a sua primeira criação para palco, que é apresentada este mês em Lisboa e no Porto.

Estreado em dezembro de 2018 em Paris, o espetáculo iniciou no verão de 2021 uma digressão mundial, que já passou pelo Reino Unido, Alemanha e Japão, e tem datas agendadas em Espanha, Itália e Austrália.

Embora esteja focado em “Fashion Freak Show”, o criador de moda está já “a trabalhar num filme de animação”, mas escusou-se a revelar quaisquer detalhes sobre o mesmo. “Tem de ser uma surpresa”, disse em entrevista à Lusa, após uma conferência de imprensa de apresentação do espetáculo, em Lisboa.

Criar o espetáculo que o traz agora a Portugal foi para Jean-Paul Gaultier “quase a mesma coisa” que preparar um desfile, porque o fez como fazia a cada apresentação pública de uma coleção.

“Preocupava-me muito sempre com a música, a luz, como apresentar, como terminar. Quando fazes um desfile, também tratas da cenografia. É como uma peça de teatro”, recordou, salientando que para ele, em tempos apelidado de rebelde da moda francesa, moda “também é espetáculo”.

Embora seja conhecido por criar verdadeiros espetáculos a cada apresentação de uma coleção, em “Fashion Freak Show”, o criador de moda sentiu-se ainda “mais livre”.

“Posso fazer mais extravagâncias. Não só nas roupas, mas também na forma de expressar, a música, e fazer coreografia, que não sei fazer e por isso falei com a [coreógrafa] Marion Motin. Precisava de coreografia a sério, que não sou capaz de fazer”, contou.

A banda sonora ficou a cargo de Nile Rodgers, uma escolha “óbvia”, visto que a sua música “marcou momentos da vida” de Gaultier.

O espetáculo, que o produtor Gary McQueen considera um desafio descrever, porque “não é cabaret, musical ou teatro, mas é tudo isso”, conta a vida e a carreira de Jean-Paul Gaultier, criador de moda desde 1976, que começou como aprendiz de Pierre Cardin e acabou por se tornar um dos nomes mais importantes da moda a nível mundial.

Jean-Paul Gaultier acredita que quem vê “Fashion Freak Show” fica a conhecer tanto o homem como o profissional de moda, através da representação de vários momentos da sua vida e carreira, os melhores, mas também os piores.

Para o criador de moda, o pior momento presente no espetáculo foi a morte do namorado de então, Francis Menuge, em 1990.

“Foi com ele que comecei a coleção Jean-Paul Gaultier. Ele deu-me a energia para criar a minha coleção. Se ele não tivesse estado lá, provavelmente teria estado a trabalhar apenas para uma grande casa [de moda]. Com ele fiz algo, construímos algo”, partilhou.

A morte de Francis Menuge “representa também o momento de chegada da SIDA”. “Ele morreu de SIDA. É tudo simbólico, dramático. Mas ainda que tenha sido um sofrimento, não me arrependo de nada”, contou.

Quando se pede a Jean-Paul Gaultier que escolha um melhor momento de vida e carreira, que esteja representado em “Fashion Freak Show”, aponta dois: “O início, quando fiz o meu primeiro desfile, porque começou ali a minha carreira, e o final, que é explosão de alegria”.

O final de Jean-Paul Gaultier na moda não representou o final da marca, vendida em 2015 ao grupo catalão Puig, nem da apresentação de coleções.

O criador dos corpetes pontiagudos de Madonna deixou o pronto-a-vestir em 2015, passando desde então a dedicar-se exclusivamente à alta-costura, e desde que se retirou das ‘passerelles’, passou a convidar outros ‘designers’ de moda para criarem por si.

“É uma ideia que já tinha há muito tempo, e quando decidi reformar-me de fazer moda em cada estação, pensei que poderia fazer isso com o meu nome. Por que não fazer Jean-Paul Gaultier por a, b ou c?”, disse.

Gaultier recordou que quando começou a trabalhar em moda admirava Yves Saint Laurent e “adorava ter feito uma coleção para ele”, além disso, adorava Pierre Cardin e trabalhou para ele.

“Foi bom trabalhar para alguém que tem um estilo. Se calhar é pretensioso achar que tenho um estilo, mas acho que tenho. Achei que seria bom, a cada estação haver uma interpretação diferente do meu estilo. E acho que até agora tem sido ótimo. Trazem algo que era muito Gaultier, mas feito da maneira deles. Adoro essa ideia e ainda estou muito orgulhoso dela”, disse.

“Fashion Freak Show” é apresentado em Lisboa, no Campo Pequeno, entre quarta-feira e domingo, e no Porto, no Pavilhão Rosa Mota, entre os dias 16 e 19 deste mês.

JRS // TDI




Agência de investimento brasileira leva delegação recorde à Web Summit Lisboa

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) vai levar 85 startups e 100 empresas à Web Summit Lisboa, uma delegação recorde, disse à Lusa fonte da agência brasileira.

A agenda da missão, organizada pela ApexBrasil, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Ministério das Relações Exteriores e a Embaixada do Brasil em Lisboa “contempla ações de negócios e de imersão no ecossistema de inovação de Portugal e a participação no Web Summit 2023 com o Pavilhão Brasil”, detalhou à Lusa a agência brasileira.

O número de startups e empresas da delegação mais do que duplica em relação a 2022, quando participaram 80 empresas, no ano de estreia do Pavilhão Brasil na Web Summit Lisboa.

Agora, para além das 85 startups e 100 empresas, sublinhou a Apex, “outras delegações compostas por mais de 500 empreendedores brasileiros devem se reunir no Pavilhão do Brasil durante o Web Summit Lisboa 2023”.

A maior delegação já organizada pelas autoridades brasileiras “selecionou empresas com soluções inovadoras e escalonáveis e promove a diversidade regional e a inclusão de género”, frisou a agência vinculada ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

Em setembro, o presidente da Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil (FCPCB) disse à Lusa ambicionar levar 150 empresários brasileiros à Web Summit em Lisboa, com a colaboração de vários parceiros, entre os quais a própria Apex.

A maioria dos empresários brasileiros da delegação que estará presente em novembro, em Lisboa, entre os dias 13 e 16, serão das áreas das novas tecnologias, startups e fintech, detalhou.

A Web Summit vai decorrer em Lisboa de 13 a 16 de novembro, sendo esperadas 2.600 ‘startups’ e cerca de 70 mil participantes.

MIM // MLL

Foto: Forbes




Provas na Nazaré e Havai na nova época de ondas gigantes da Liga Mundial de Surf

A época de ondas gigantes da Liga Mundial de Surf (WSL) arrancou hoje e decorre até 31 de março de 2024, com as provas da Nazaré, em Portugal, e de Jaws, no Havai (Estados Unidos), confirmadas, anunciou hoje a entidade.

A competição na Praia do Norte, no famoso ‘canhão’ da Nazaré, vai decorrer por equipas de dois elementos, com recurso a jet-skis, como tem sido habitual, e vai contar os surfistas portugueses Nicolau von Rupp (em parceria com o brasileiro Pedro Scooby), bem como com a dupla 100% lusa João de Macedo e António Silva.

Já a equipa formada por António Laureano e Pierre Caley (França) está na lista de suplentes, e avança caso alguma das nove equipas do quadro oficial não consiga participar no evento.

Por seu turno, o formato do campeonato em Jaws, na ilha de Maui, é distinto, com os surfistas (24 homens e 12 mulheres) sem apoio de jet-skis e a competirem de forma individual.

‘Nic’ von Rupp é o único atleta português convocado para a prova havaiana, logo, é o único luso que vai marcar presença em ambos os eventos que compõem o circuito de ondas gigantes da WSL.

Em 2020, o alemão Sebastian Steudtner bateu na Nazaré o recorde mundial da maior onda surfada, com uma marca de 26,21 metros, enquanto, no lado feminino, é a brasileira Maya Gabeira a detentora do título do Guiness, com uma onda de 22,40 metros, igualmente apanhada na Praia do Norte e no mesmo ano.

Na última temporada (2022/2023) não se realizou o campeonato da Nazaré, e a dupla formada pelo brasileiro Lucas Chianca e pelo havaiano Kai Lenny – vencedores da última edição disputada (2021/2022) – estão confirmados no elenco desta nova época.

DN // NFO