Arany János (1817 -1882) poeta húngaro – Primeira Parte
Arany János poeta húngaro, uma das maiores figuras das letras húngaras no século XIX, que tentou recriar com a sua poesia épica o lendário passado histórico da nação. Citando as palavras do seu tradutor, Ernesto Rodrigues: „O seu herói Toldi Miklós, em poema narrativo com este título (Toldi, 1847; percurso de vida desenvolvido em Toldi estéje, A Noite de Toldi, 1847-1848, e deceptivo em Toldi szerelme, O Amor de Toldi, 1879), é um nobre entre humildes, acicatado pelo desaire, mascarado, triunfante, salvador do orgulho pátrio.“
A Morte do Rei Buda (1864), a primeira parte de uma projetada trilogia sobre os hunos é um dos melhores poemas narrativos da literatura húngara. As outras partes da trilogia (Ildikó, e Príncipe Csaba) estão inacabadas.
O QUE FAZEMOS?
Mit csinálunk?
O que fazeis, criaturas?
Martelais as foices duras?
Não as martelamos, não;
armas talhamos à mão.
Há muito tempo, no prado,
foi já o trigo ceifado:
nossas foices embebemos
no sangue de um malvado.
Em orvalho rubro, lindo,
nossas foices banharemos:
em sangue até ao cinto,
boa pátria defendemos.
1848
CHAPÉU ALTO
Cilinder
O meu chapéu alto não
é qualquer futilidade:
se o trago, é altura,
se tiro, profundidade.
1860
EM HORA ESTERIL
Medd? órán
Olho para dentro da noite, enorme:
em suas sombras, a terra já dorme:
estrelas voejam, aqui e além:
assim meus pensamentos vão e vem.
Brilham bolhas de sabão deste meu
pensamento, como no alto céu:
mas a vida de ambos e fragmento .
antes de o dizer, como ele, rebento.
9 de Agosto de 1877
CIVILIZAÇÃO
Civilizáció
Nas guerras, antigamente,
não seguiam um princípio:
o mais forte ao mais fraco
roubava o que podia.
Agora, não é assim.
Mundo regem conferências.
Se mais forte faz sujeira,
reúnem-se – dão anuência.
C. 1877