“Alfredo Cunha | 50 anos de fotografia 1970-2020 – Exposição”

por LMn
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Este Alfredo Cunha de quem se fala é o homem com a sua câmara e o seu olhar. Qualquer bom fotojornalista intui, antes de o saber claramente, que uma imagem, que deve encerrar todo um conteúdo e uma sedução, é, sempre foi, um momento decisivo. Antes de ser definido por Cartier-Bresson, já existia na mente de quem fotografa o acontecimento, o rosto e o movimento. Na longa carreira de 50 anos de Alfredo Cunha, muita coisa mudou: o país que fotografa; o equipamento que usa — já longe da primeiríssima Petri FT, da Leica M3, que começou a usar em 1973, e das Leicas que se seguiram e a que se manteve sempre fiel; o suporte — do analógico, maioritariamente preto e branco, ao digital, que pratica desde 2003. A imagem fotojornalística responde à exigência de concordância com o texto, também se liga ao onde, quando, como e porquê. Porém, quando o fotógrafo já definiu o seu estilo — e é esse o caso de Alfredo Cunha —, a sedução da imagem sobrepõe-se à sedução da notícia. Em todas elas se torna difícil associar a imagem a um estilo pois Alfredo Cunha ultrapassa a corrente do momento e o tema. E é neste sentido que podemos dizer, com Barthes, que as suas fotografias resultam sem código, dependem da transmissão do seu para nosso afecto. Teresa Siza (texto adaptado).

O 25 de Abril, a Descolonização, a Guerra no Iraque e a pandemia são quatro momentos que Alfredo Cunha destacou na exposição dedicada aos seus “50 anos de carreira”, a inaugurar no sábado, no Centro Português de Fotografia, no Porto.

Alfredo Cunha. 50 anos de fotografia – 1970-2020′ é uma “exposição de carreira” que marca também o regresso a esse percurso, em 2021, pois o ano de 2020 tem sido dedicado à “edição, a livros e exposições”, disse o fotógrafo Alfredo Cunha, em entrevista telefónica à agência Lusa.

“É muito importante para mim. É uma exposição de carreira e que marca um recomeço”, conta Alfredo Cunha, 67 anos de idade e 50 de fotografia, que disse, em tom de brincadeira, já não terem “a energia dos 20 anos”, mas contarem com “a sabedoria dos 67”.

Questionado pela Lusa sobre os destaques ou os momentos que mais o marcaram ao longo desse percurso de 50 anos, Alfredo Cunha não hesitou e referiu de imediato quatro momentos, que considerou evidentes: “O 25 de Abril, a Descolonização, a Guerra no Iraque e agora a pandemia“.

A exposição vai estar subdividida em “oito exposições” e as dezenas de fotografais que vão estar expostas são selecionadas pelo próprio autor, que participa também na produção da mostra, patente no Centro Português de Fotografia (CPF) até dia 02 de maio de 2021.

Na exposição vão estar várias fotografais sobre a pandemia, que Alfredo Cunha captou na cidade da Amadora, nos arredores de Lisboa, a celebrar este ano 40 anos de existência.

Alfredo Cunha encontrava-se a desenvolver um projeto sobre um fotolivro sobre a cidade da Amadora, designado “A cidade que não existia”, quando “foi apanhado pela pandemia” e, por estar nesse contexto geográfico, revela que fotografou a pandemia nessa cidade, designadamente “bairros sociais”, “hospital” e o “cemitério”.

LUSA

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