Texto e tradução de Ernesto Rodrigues
Entramos no século XX com geração de poetas que, nascidos em 1883 – Juhász Gyula (1937), Babits Mihály (1941) –, 1885 (Kosztolányi Dezső, 1936), 1886 (Tóth Árpád, 1928), 1887 (Kassák Lajos, 1967) e 1888 (Füst Milán, 1967), vê, de facto, confirmar a europeização das letras húngaras empreendida por Ady Endre (1877-1919).
Jornalista, o estreante de Új Versek (Poemas Novos, 1906) não só informa acerca da poesia além-fronteiras, como, em pormenores de soltura formal, recupera uma universalidade atenta, inclusive, à mitologia pátria de quem se afirma, desde o limiar, «filho de Gog e Magog». A estepe – de futuro, escreverei puszta – transcende uma nunca desmentida hungaridade, também biblicamente apoiada. Anúncios e descrições da Grande Guerra são flagrantes; a reiterada inspiração de Leda torna mais atribulada a vida pessoal. Títulos significativos, cujos dois primeiros deram maior número de traduções: Vér és arany (Sangue e Ouro, 1907), Az Illés szekéren (No Carro de Elias, 1908), Szeretném, ha szeretnének (Gostaria Que Me Amassem, 1909), A minden-titkot versei (Poemas de Todos os Mistérios, 1910), A menekülő Élet (A Vida Fugaz, 1912), A magunk szerelem (O Nosso Próprio Amor, 1913), Ki látott engem? (Quem Me Viu?, 1914), A halottak élén (À Cabeça dos Mortos, 1918), Az utolsó hajók (Os Últimos Navios, 1923).
[EU SOU FILHO DE GOG E MAGOG,]
[Góg és Magóg fia vagyok én. . . ]
Eu sou filho de Gog e Magog,
contra portas e muros em vão bato,
sem deixar de vos perguntar:
pode-se chorar abaixo dos Cárpatos?
Vim plo célebre caminho de Verecke,
soa-me inda aos ouvidos velho canto húngaro;
posso irromper de junto a Dévény
com cantos novos de tempos novos?
Chumbo vertam nos ouvidos fervente,
eu serei o novo cantor Vazul;
não oiça da vida os cantos novos,
pisem-me rude e cobardemente.
Mas, até lá, chorando entre penas, nada
esperando, em novas asas voa o canto;
e quando Pusztaszer maldiz cem vezes,
é inda vencedor, e novo, e húngaro.