Ponto prévio: para qualquer que seja o governo, ter um ministro das finanças sério e profissional é um grande trunfo e garantia acrescida do desejado sucesso. O Primeiro-Ministro Viktor Orbán tem essa sorte com o seu Ministro Mihály Varga e a sua equipa.
Último relatório da OCDE
Na semana passada, no relatório da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, podia ler-se que “a recuperação da economia húngara pode ser mais rápida do que anteriormente se esperava”.
Na verdade a OCDE melhorou significativamente as suas expetativas para a Hungria. De acordo com as suas últimas previsões, a economia húngara poderá crescer 4,6% este ano, elevando assim o PIB para 99,2% do seu nível no final de 2021, e poderá mesmo exceder o seu nível da pré-crise pandémica no primeiro trimestre de 2022. A previsão anterior era de 97,4% do nível do PIB de 2019 no final de 2021, e estaríamos ainda um pouco abaixo dos 100% no final de 2022.
É de sublinhar que há mesmo previsões mais otimistas, da parte de vários especialistas – e do próprio ministério das finanças – que consideram muito provável que no decorrer do terceiro ou quarto trimestre deste ano, o PIB da Hungria ultrapasse o nível de 2019, último ano pré-pandémico.
O reconhecimento vindo de fora
A análise da OCDE destaca que a terceira vaga da pandemia teve na Hungria um preço alto e custou muitas vidas, mas com o programa de vacinação lançado, um dos mais rápidas na Europa, conseguiu a antecipação da reabertura da economia, impulsionada pelo consumo interno e pela procura externa, sobretudo a europeia, pelos produtos e bens húngaros.
Chegar ainda este ano ao nível pré-pandemia
Após a divulgação recente, por parte do Instituto de Estatísticas Húngaro (KSH), dos principais dados macro-económicos com resultados surpreendentes e muito melhores do que o esperado – aumento das exportações de bens e dos serviços, com o crescimento da produção industrial e de construção a exceder em muito as expetativas -, em artigo da semana passada no diário económico Világgazdaság, os analistas consultados consideraram que o crescimento do PIB em 2021 vai ficar acima dos 5%, havendo mesmo entre eles, quem tenha referido crescimento de 6% e até os 7%.
Apresentação e debate do Orçamento de 2022
O Parlamento começou na quarta-feira a debater o orçamento de estado para o ano 2022. No seu discurso inicial, o Ministro das Finanças Mihály Varga disse que o orçamento para 2022 é o orçamento do relançamento da economia, e a sua apresentação ainda na primavera, a muitos meses do fim do ano, com tempo para ser discutido e melhorado, é um dos aspetos que contribuirão para a recuperação da economia.
O Ministro salientou que o foco do orçamento do próximo ano é o “Plano de Ação de Recuperação Económica”, o maior programa económico da história da Hungria moderna.
Como o próprio disse, a implementação do plano de ação permitirá que todos os que foram duramente atingidos pela epidemia se restabeleçam. Isto significa utilizar o orçamento para garantir que todos os que perderam o emprego possam recuperá-lo ou obter um novo, e que todos os empresários que tiveram de fechar os seus negócios possam reiniciá-los e, se possível, desenvolvê-los ainda mais.
Foco: investimento para o emprego, apoio às famílias e empresas, redução de impostos e cuidar dos idosos
O objetivo é que a Hungria até 2030, esteja entre os 5 países mais bem-sucedidos da União Europeia, que a crise continuará a ser enfrentada não pela austeridade, mas pelo aumento de apoios e redução de impostos. O défice orçamental e a dívida pública serão reconduzidos a uma trajetória descendente, como aconteceu antes da crise pandémica.
Segundo o projeto apresentado por M. Varga, com base nos recursos internos da Hungria e na sua forte capacidade de crescimento, a lei prevê um objetivo de défice de 5,9% do PIB, uma inflação moderada de 3% e um crescimento económico dinâmico de 5,2%. A prioridade continuará a ser manter o rácio da dívida numa trajetória descendente, de modo que caia de 80,4% do PIB no ano passado para menos de 80% este ano e 79,3% do PIB no próximo ano.
Orçamento 2022. As críticas da oposição
Naturalmente a oposição criticou fortemente o projeto de orçamento apresentado no parlamento, considerando-o como “mal pensado e inaceitável”. Acusando o governo de “fabricar um orçamento eleitoral” para em primeiro lugar “apoiar os interesses económicos dos seus próprios círculos”, esquecendo a sociedade e a economia. “Isto fará com que a Hungria perca terreno para a Europa e continue o seu caminho para se tornar um país mais atrasado”.
Um Orçamento para ganhar as eleições de 2022
Não é apenas com orçamentos mais ou menos expansionistas que se ganham eleições, mas que pode ajudar lá isso pode e Orbán sabe muito bem isso. A atual situação – com a pandemia e a necessidade urgente da recuperação e relançamento da economia, com o indiscutível papel ativo e de liderança do governo central, dá ainda mais argumentos para a narrativa de Orbán na campanha eleitoral que se avizinha.
A oposição vai ter muito terreno para percorrer, muita promessa a fazer – e não hesitar em duplicar as promessas, se Orbán quer dar 5, responder de imediato que 5 é pouco. é quase nada, se fossem eles seria 10.
András Gellei, Budapeste 6 de junho de 2021
Fonte da foto: Página FB de Viktor Orbán