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A Semana (A Hét) – A “Democracia” de Orbán e os castigos, as multas aplicadas aos deputados “rebeldes” da oposição

Não se calam a bem, calam-se a mal! Comigo não brincam! Eu já vos dou a conversa! O democrata mais puro com “dente afiado de tubarão” e sorriso cínico e sinistro por debaixo do bigode farfalhudo a la magyar, de seu nome, Köver (Gordo), László Köver, Presidente da Assembleia Nacional da Hungria.

Não se calam a bem, calam-se a mal! Comigo não brincam!

Os castigos mais recentes aplicados por Sua Excelência Kövér a dois deputados da oposição, penalizou em 2,4 milhões de forints (6,8 mil euros), o vencimento de Ferenc Gyurcsány, ex-primeiro ministro (2004-2009) e líder do partido DK-Demokratikus Koalício, montante equivalente a cerca de 1 mês de vencimento de deputado, e para a deputada Tímea Szabó do partido PM-Párbeszéd Magyarországért, no equivalente a 4 meses (!) de vencimento – mais de 9,6 milhões de forints (27 mil euros) devido a “graves infracções disciplinares”.

Pouco tempo antes, também Péter Jakab, líder do partido Jobbik) e Bence Tordai, dirigente do PM, tinham sido multados em milhões de forints: + de 9,6 milhões e + de 8,2 milhões de forints, respetivamente.

Não há Parlamento como o nosso!

Não há Parlamento como o nosso! A inveja que devem ter os democratas illiberais por essa Europa fora, seguidores fiéis de Orbán, por, infelizmente para eles, estarem ainda tão longe do “patamar iliberal”, da posição onde se encontra o seu guia espiritual.

Köver é um verdadeiro Hungarikum!

O camarada László Kövér é presidente da Assembleia Nacional desde 2010 e não descansou enquanto não moldou o Parlamento à sua imagem – da imagem porque da sua linguagem é melhor não falar, é pior, mais vulgar e mais ordinária do que a de qualquer outro deputado.

Köver é um verdadeiro Hungarikum! Bem merecia, era justo ser muito mais conhecido para lá das fronteiras!

As pulgas e os cães no Parlamento de Köver

László Köver nunca aceitou as críticas e o comportamento “menos digno” dos deputados da oposição nas sessões parlamentares. Entre as suas famosas, contundentes e baixinhas afirmações, disse – com o seu ar de quem vem ou vai para o fim do mundo – que não se deve permitir que o órgão legislador seja transformado num “circo das pulgas” por “membros que não são capazes de lidar com a sua irrisória base de apoio”.

Estes cães vadios com cara de deputados… chegará o dia em que no nosso digno parlamento não haverá nem cães nem pulgas…

A lei da rolha de plástico iliberal. Se falas mal, pagas

As palavras foram seguidas de actos, com a aprovação da lei que regulamenta o Parlamento, em vigor desde 2013 (entretanto revista e ainda mais “rigorosa”), que prevê sanções disciplinares aplicadas pelo presidente do Parlamento – ou presidente da sessão plenária – que vão desde a suspensão e repreensão à exclusão da sessão e a multa, a redução dos honorários de deputado.

Desde 2013, László Kövér utilizou o instrumento disciplinar de cortes nos vencimentos em 160 casos, 95% dos quais a deputados da oposição e impôs um total de cerca de 100 milhões de forints em multas.

Lista dos deputados mais castigados

Lista não exaustiva e até possivelmente desatualizada que o Köver não sabe estar quieto, dos deputados mais castigados (em valor acumulado) pelo camarada Presidente do “Parlamento iliberal” da Hungria.

  • Péter Jakab (Jobbik): 15,2 milhões de Forints
  • Bence Tordai (Párbeszéd): 11,2 milhões de Forints
  • Timea Szabó (PM): 9,2 milhões de Forints
  • Ágnes Vadai (DK): 3,5 milhões de Forints
  • Ákos Hadházy (Independente): 2,8 milhões de Forints
  • Ferenc Gyurcsány (DK): 2,4 milhões de Forints

De sublinhar que o regulamento e prática de punição do Parlamento húngaro é bastante rigoroso mesmo pelos padrões internacionais. Um bom exemplo da “orbanista” Hungria do início do século XXI.

Já sabemos que a redução dos honorários se destina a manter a ordem e dignidade do Parlamento, argumenta Köver.  As multas cada vez mais pesadas necessárias para manter a miserável oposição na ordem, vão continuar. Até quando? Vamos esperar para ver.

 

András Gellei, Budapeste, 11 de julho de 2021