Na democracia iliberal do camarada Orbán, a consulta direta a nós, húngaros, com perguntas concretas ao “verdadeiro” povo húngaro, com o objetivo de conhecer a sua opinião, para que assim, o “autêntico governo do povo” possa atuar em conformidade, é um dos símbolos maiores, uma das práticas mais típicas do orbanismo revolucionário (em revolução-permanente) do início do século XXI.
Já antes escrevi sobre as “consultas populares”. Agora não me vou repetir, limito-me apenas a acrescentar uma décima quinta pergunta, às 14 perguntas da atual consulta, “Hallgassuk Meg Egymást! Konzultáció a Járvány Utáni Életről”, com prazo de resposta até 25 de agosto próximo*.
*Ver abaixo as 14 perguntas traduzidas para português, mas antes a minha pergunta:
- Há quem goste e beba cerveja e há quem não beba. Há crianças (e não só) que gostam e comem gelados e há quem não coma.
Está a favor que cada cidadão húngaro tenha direito a beber por dia, gratuitamente, duas (2) canecas de cerveja nacional? Ou está contra?
Está a favor de que cada criança húngara tenha direito a comer por dia, gratuitamente, 2×2 bolinhas de gelado nacional (se acompanhada pelos pais, que eles também tenham direito)? Ou está contra?
*O tema principal da consulta é a vida após a epidemia, com questões que abrangem o nível do salário mínimo, as prestações familiares, a migração, a moratória do crédito e os impostos. O questionário enviado a cada cidadão húngaro pede respostas às seguintes catorze perguntas:
1. A Hungria deve ser reforçada para enfrentar os novos desafios. Outros acreditam que tudo voltará a ser como era antes da epidemia, pelo que não há necessidade de o fazer. O que pensa?
2. Alguns dizem que o reforço da Hungria deveria começar com o aumento do salário mínimo. O salário mínimo deve ser aumentado para 200.000 forints, porque isto também garantirá que não só as empresas, mas também o povo húngaro beneficie do crescimento económico. Outros argumentam que isto não é necessário.
3. Alguns dizem que a forma de fortalecer a Hungria é dar proteção constitucional aos apoios às familias, impostos baixos sobre o trabalho e pensões para os idosos, para que nenhum governo possa retirá-las das pessoas em tempos de crise. Outros argumentam que isto não é necessário, que as pessoas devem pagar o preço das crises.
4. Alguns dizem que para fortalecer a Hungria, é importante lutar para que a Hungria tenha na Europa, os impostos mais baixos sobre o trabalho. Outros dizem que isto não é necessário, que devemos voltar à política da era Gyurcsány e aumentar os impostos sobre o trabalho.
5. Alguns sugerem que se o governo conseguir aumentar o crescimento económico este ano acima dos 5,5%, então os pais que criam filhos deverão obter um reembolso dos impostos pagos em 2021 (até ao nível do salário médio), pois foram eles que suportaram a maior carga durante a epidemia. Outros dizem que isto não é necessário.
6. Alguns argumentam que a moratória do crédito deveria ser prorrogada de setembro de 2021 até julho do próximo ano, para que as famílias e empresas necessitadas possam continuar a estar isentas do reembolso do crédito. Os bancos dizem que isto não é necessário, a moratória deve ser levantada e todos devem pagar.
7. Após a epidemia, Bruxelas voltará a abusar do seu poder, lançando processos contra o nosso país para impor a sua vontade aos húngaros. Há aqueles que pensam que a Hungria deveria enfrentá-los e defender o povo. Outros pensam que a Hungria deveria ceder a Bruxelas.
8. Bruxelas quer impor novos impostos para que as famílias húngaras paguem os custos da poluição e das alterações climáticas causadas pelas empresas multinacionais através do pagamento de contas mais elevadas dos serviços públicos.
9. As organizações financiadas por George Soros lançaram um amplo ataque internacional contra a Hungria por causa da Lei de Protecção da Criança. Esta lei proíbe a propaganda sexual dirigida a crianças em jardins de infância, escolas e em meios de comunicação social acessíveis às crianças.
10. George Soros atacará novamente a Hungria após a epidemia, porque os húngaros são contra a migração ilegal. Alguns dizem que devemos resistir à pressão das organizações Soros. Outros dizem que a Hungria deve ceder terreno no debate sobre a migração.
11. Muitos acreditam que, numa era de epidemias, é uma enorme ameaça se todos forem livres de viajar para a Hungria. Deve ser mantida a possibilidade de introduzir restrições em caso de novas vagas epidémicas e de limitar o acesso à Hungria de países afetados pela epidemia. Outros argumentam que a epidemia terminou e que as viagens de todos os países deveriam ser ilimitadas.
12. Os burocratas de Bruxelas e as organizações de George Soros dizem que nos anos após a epidemia, a importação de imigrantes deveria ser acelerada. E os migrantes que chegam por mar devem ser obrigatoriamente distribuídos entre os países europeus. O governo húngaro não apoia qualquer distribuição obrigatória. Na opinião do governo, mesmo após a epidemia, os migrantes só podem ser admitidos numa base voluntária e não podem ser distribuídos numa base obrigatória entre os países da UE.
13. Alguns argumentam que é necessário um STOP de migração nos dois anos após a epidemia. As fronteiras deveriam ser completamente fechadas aos migrantes, porque poderiam trazer novas mutações de vírus para a Hungria. Os burocratas de Bruxelas dizem que a entrada de migrantes que chegam durante uma epidemia não deve ser recusada.
14. Durante a epidemia, era evidente que havia uma grande luta por vacinas no mercado internacional. Há quem pense que, na era das epidemias, esta vulnerabilidade deve ser eliminada, e que é necessária uma fábrica de vacinas húngara. Outros dizem que não é necessário.
Cada uma das 14 perguntas acaba com “Você o que pensa?” seguida da resposta “A e B” que até um cego, sem hesitar, consegue responder.
Pode responder até 25 de agosto de 2021
András Gellei, Budapeste, 18 de julho de 2021