A Pequena Emma: Géza Csáth (1887-1919)

por Arnaldo Rivotti
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Li a seguinte história num diário. O rapaz que o escreveu era um parente distante meu que encerrou propositadamente a vida com suicídio, aos vinte anos de idade. A sua mãe falecera recentemente, e após a sua morte vieram-me parar às mãos os diários do seu filho. Durante muito tempo, não tive oportunidade de os ver. Nestes dias, finalmente, comecei a lê-los. Fiquei surpreendido com a forma direta e a simplicidade da escrita. No terceiro caderno descobri estas interessantes anotações que, que de talhe mais resumido e alterando um pouco a pontuação, estou aqui a transmitir.

A pequena Emma era a mais bonita de todas as raparigas com quem a minha irmã mais nova Irma, fez amizade. Quando a vi pela primeira vez, achei interessante o seu cabelo louro, os seus olhos cinzentos e as suas doces e delicadas bochechas.

Eu estava na segunda classe das escolas primárias e ela, com Irma, andava na primeira classe. Os outros rapazes também gostavam dela, embora não se pronunciassem. Tinham vergonha de confessar que estavam interessados numa rapariga, que ainda andava na primeira classe, mas eu sentia desde o início amor por ela, e a despeito de sentir algum desdouro, decidi que a amaria para toda a vida e que a levaria como esposa.

A pequena Emma vinha frequentemente a nossa casa. Nessas ocasiões tocávamos juntos com as minhas duas irmãs mais novas e o meu irmão mais velho, Gábor. Por vezes também vinham outras raparigas, por exemplo as nossas primas Ani e Juci, com quem nos beijávamos na adega, no sótão, no jardim ou no barracão do bosque.

Era um belo e cálido setembro. O tempo agradável fazia-me muito mais feliz do que no verão, muito embora estivéssemos de volta à escola e tivéssemos de nos sentar, das oito às onze da manhã e das duas às quatro da tarde. Quando saíamos para o recreio ficávamos ainda mais deleitosos pelo ar fresco e pelas ansas de jogar à bola. Antes do jogo ficar enfadado, íamos para casa, comíamos um lanche e corríamos por aí até sermos chamados para jantar.

Até a escola se tornara mais interessante e animada, já que o novo professor Mihály Szladk – um homem alto, de cara vermelha e voz magra – fustigava castigos.

A nossa casa pertencia ao distrito cinco, pelo que tivemos de ir para esta escola suburbana. A turma era composta na sua maioria por rapazes do campo. Alguns deles andavam descalços, vestiam camisas de xadrez, outros usavam botas e calças de veludo. Invejava-os, porque sentia como se fossem geralmente melhores, mais fortes e mais corajosos do que eu. Havia um chamado Zöldi que era quatro ou cinco anos mais velho do que nós. Levava uma navalha na parte de cima da bota. Um dia ele mostrou-me, dizendo:

– Nem mesmo Deus, nosso Pai, me assusta.

Falei do assunto ao meu irmão. Ele não acreditou em mim.

O novo professor não apreciava as práticas de leitura e de caligrafia em sala de aula, como o nosso bom e afável preceptor da primeira classe, mas explicava-nos e ordenava-nos que recitássemos a lição. Se alguém estivesse a conversar ou a brincar, chamava-o à atenção apenas uma vez; na segunda vez, convidava-o a sair do lugar e em voz baixa dizia: “Baixa-te, filho!

– Faz uma vénia, filho!

Depois voltava-se para a classe:

– Vai receber três, quem quer dar-lhas?

Nestas situações, havia muita agitação; normalmente entre dez e quinze levantavam-se. Depois, o professor via a lista dos que se tinham voluntariado. No final, chamava um deles e colocava a bengala nas suas mãos.

– “Se não lhe der com todas as suas forças”, dizia, “então será você a recebê-las”.

Depois a turma, em silêncio pedregoso, testemunhava as bengaladas e os clamores. Toda a gente admirava as crianças que não choravam ou não lhes arrancavam a boca, mas eu podia dizer que também as odiavam um pouco. Porque o faziam? Pensei longa e duramente sobre isso, mas não consegui encontrar uma explicação.

Pessoalmente, não tinha medo de castigos. Era claro para mim que o mestre teria em conta que o meu pai era um comandante e que ele tinha um sabre bem afiado, pelo que não se atreveria a que me espancassem.

Logo o mestre percebeu que Zöldi era quem melhor poderia açoitar com a bengala. A partir daí, era ele quem administrava as punições. Fazia-o de forma exímia. Até a régua assentava melhor nas suas mãos do que nas dos outros. Raramente uma lição terminava sem uma ou duas “chapadas”. Nas tardes quentes e amareladas de outono, havia alturas em que a turma estava muito distraída e agitada, a segunda hora, das três às quatro, era dedicada inteiramente à aplicação de estalos. Em cada segunda ou terceira secretária havia uma criança encolhida a chorar.

Numa dessas ocasiões, o meu nariz começou a sangrar e fui autorizado a descer e pedir água ao contínuo da escola para o limpar. Em breve a hemorragia parou. Quando estava prestes a subir para o primeiro andar, no corredor feminino no rés-do-chão, vi a pequena Emma. Ela estava à porta da sala de aula, a olhar para dentro, mas logo me viu. Era óbvio que tinha sido expulsa da aula. Aproximei-me dela. Teria gostado de a beijar e de a confortar, mas apercebi-me que ela não estava nada triste. Não trocámos quaisquer palavras, apenas olhámos um para o outro. Era doce e orgulhosa, como se quisesse fazer-me sentir naquele momento que o meu pai era apenas um major e o dela um tenente-coronel.

Ela desenhou a sua trança e soltou a fita cor-de-rosa, depois atou-a novamente com um nó. Para a poder ver mais sem ser perturbado. Entretanto, cada vez que ela me olhava, o meu coração soltava uma batida.

No dia seguinte, à tarde, quando veio a nossa casa, pediu-me secretamente para não contar a ninguém que tinha sido expulsa da aula. Eu não disse uma palavra. À noite, no entanto, perguntei a Irma porque é que a Emma tinha sido castigada.

-Isso não é da tua conta”, foi a resposta.

Irma era odiosa. Naquele momento eu gostaria de a ter espancado e pontapeado. Sem dúvida que ela tinha ciúmes de mim por causa da Emma. Ela não queria que a amasse, ou que gostasse de mim. Não me deixava brincar às escondidas com ela. Estava sempre ao seu lado, mimando-a, abraçando-a e beijando-a. Até me impedia de falar muito com a Emma. Chamava-a à parte, tomava-a pelo braço, e caminhavam juntas para a outra extremidade do pátio. O meu coração estava muitas vezes repleto de amargura por isto.

Mas a grande amizade transformou-se subitamente num grande ressentimento. Um dia reparei que elas não voltaram juntas da escola para casa, mas cada uma foi com outra rapariga. Emma deixou de vir à nossa casa a partir de então. Incomodei a minha irmã com perguntas sobre a razão da sua inimizade, mas virou-me as costas e fugiu. Em vingança, uma noite ao jantar, disse ao meu pai. Mas Irma permaneceu em silêncio mesmo perante as perguntas do meu pai, pelo que teve de se ajoelhar no canto e não recebeu uma maçã.

Passaram-se semanas. Em vão, tentei persuadir a minha irmã a reconciliar-se com Emma: ela era teimosa e silenciosa. Os seus olhos, porém, estavam aguados, e à noite, na cama, chorava sem razão aparente.

Em meados de outubro, algo de terrível aconteceu na escola. O professor queria que Zöldi fosse espancado. Chamou-o para fora do seu lugar.

– Venha cá, por favor!

Mas Zöldi não disse uma palavra e não se mexeu. O professor então gritou:

– Arraste-o para aqui!

Cerca de dez ou quinze rapazes saíram a correr das secretárias distantes para se apressarem a atacá-lo. Entre eles estavam muitos que temiam Zöldi e estavam zangados com ele. Eu também o odiava, e não há como negá-lo, no início apeteceu-me juntar-me ao arrastamento, mas rapidamente me ocorreu que o meu pai provavelmente me desprezaria se descobrisse que queríamos vencer um entre muitos. Por isso, fiquei no meu lugar. O meu hálito ficou preso e os meus joelhos tremeram. Os rapazes lutaram, ofegantes. Alguns estavam a tentar empurrar Zöldi da secretária; outros estavam a agarrar-lhe as pernas, enquanto ele se agarrava ao apoio para os pés; e os outros estavam a tentar abrir os dedos com os quais ele se agarrava obstinadamente à borda da mesa de madeira. Demorou pelo menos cinco minutos até que o pudessem deslocar. Finalmente, conseguiram puxá-lo para o chão. Aí ele agarrou-se novamente. Contudo, não se atreveu a bater, pois provavelmente pensou que se o fizesse, o professor, que estava a assistir à luta em pé na sua cadeira, interviria. O rosto de Szladeck estava vermelho-rubro com raiva reprimida.

Finalmente, foi agarrado por ambas as pernas e ambos os braços. Assim, arrastaram-no para a cadeira, enquanto as suas costas deslizavam pelo chão.

– Não o largues! -Gritou o professor: “Deita-o de barriga para baixo e imobiliza-lhe os braços e as pernas!

Os rapazes, ofegantes e a reunir todas as suas forças, rapidamente cumpriram a ordem. Agora Zöldi não tinha onde se agarrar. Ajoelhavam-se nos seus braços, quatro estavam sentados nas suas pernas e outros dois estavam a pressionar a sua cabeça. Era disto que o mestre estava à espera. Ele agachou-se calmamente e empurrou os rapazes para fora do caminho da régua. Depois pôs-se a trabalhar, dando a Zöldi cinco ou seis pancadas, uma após a outra. Pareciam aterradoras: concisas, intensas e aguçadas. Uma transpiração gélida irrompeu no meu corpo, mas mesmo assim, como se sob o efeito de uma compulsão estonteante, fiquei na ponta dos pés nas extremidades do apoio dos pés para não perder nenhum dos espetáculos. Naquele momento o mestre parou, mas Zöldi não deixou nada escapar dos lábios.

– Vai ser novamente desobediente? – perguntou Szladeck calmamente.

– Responda-me! -despertou o mestre depois de uma curta espera, quase desvairado de raiva.

Mas Zöldi não respondeu.

– Muito bem, meu filho”, o mestre respirava através dos dentes. Se não responder agora, responderá mais tarde. Para mim é tudo a mesma coisa!

E começou a bater-lhe novamente. Ele era um homem feroz, e batia-lhe cada vez mais rápido. Os golpes dificilmente poderiam ser contados. Bateu com todas as suas forças, fazendo gemer o homem grande e forte. Depois, exausto, parou novamente e, ofegante, perguntou com uma voz rouca:

– Vai ser novamente desobediente?

Zöldi também não lhe respondeu.

O mestre limpou a sua testa e continuou com golpes mais lentos. Depois de cada um descansou, perguntando uma e outra vez:

– Será que vai ser novamente desobediente?

E assim prosseguiu com mais dez ou quinze pancadas. Finalmente, um rugido horrível ressoou:

– Não!

O professor recolocou a bengala no lugar e ordenou aos rapazes que se sentassem. Zöldi lutou até aos seus pés, arrumou as suas roupas, que tinham sido rasgadas em vários sítios durante a briga, e foi para o seu lugar. O seu rosto e nariz estavam sujos do chão contra o qual tinha sido esmagado. As lágrimas encharcaram-lhe o casaco. Ele cuspiu sangue.

Mas o professor chamou-o de novo.

– Alguém lhe disse que pode ir para a sua casa? Venha cá, por favor! -Zöldi cambaleou com a cabeça inclinada. Szladek, como quem se sente satisfeito após um trabalho bem feito, esfregou as mãos e, com uma voz suave e benevolente, disse-lhe: “Eu fiz isto, meu querido filho, para teu bem:

– Já o fiz, querido filho, para que te lembres bem dele e aprendas com ele para o futuro. É ingrato ser desobediente ao seu mestre, e como vejo a sua propensão para o mal, dar-lhe-ei também um par de estalos.

Mas de “um casal” vieram muitos, pois o mestre voltou a animar-se e esbofeteou-o até que Zöldi caiu quase desmaiando contra a parede. Felizmente, ele apanhou-se a si próprio e correu para fora da porta. O professor jurou sob o seu fôlego, bateu com a porta, foi até à cadeira e sentou-se. Poder-se-ia ter ouvido uma mosca na sala de aula.

Nesse dia, assim que cheguei a casa, a minha febre disparou e fiquei delirante. Fui colocado na cama e, à noite, o meu pai interrogou-me. Tive de lhe contar o que tinha acontecido na escola. Os meus pais chamaram a Szladek uma besta e um patife e concordaram em confiar-me a outro professor. Uma semana depois eu já ia à escola no centro da cidade. A partir daí já não conseguia ver a pequena Emma todos os dias. O meu coração doeu.

No dia vinte e cinco de outubro li no jornal que um cocheiro tinha sido enforcado por ter morto e roubado o seu passageiro. O comportamento do cocheiro foi descrito em pormenor, tanto na cela do corredor da morte como de manhã sob a forca. Nesse dia, os meus pais falaram sobre a execução durante o jantar e o meu pai contou sobre o enforcamento a que tinha assistido quando tinha vinte anos de idade.

– Como eu gostaria de ter visto! -exclamei.

– Alegre-se”, disse o meu pai, “que não o tenha visto, e nunca o tenha visto na sua vida, pois sonhará com isso durante sete anos, como eu sonhei.

Na manhã seguinte, depois das aulas, propus ao meu irmão mais velho Gábor que construísse uma forca e pendurasse nela um cão ou um gato. Gábor gostou do plano e em breve começamos a trabalhar no sótão. Pegámos num estendal de roupa e demos um nó. Desistimos de construir a forca no pátio porque, por um lado, não tínhamos nenhumas vigas e, por outro, temíamos que, se lá realizássemos as execuções, os nossos pais se envolveriam no assunto.

Gábor não era um torturador de animais apaixonado, mas quando lhe apetecia, tinha algumas grandes ideias. Há um ano atrás, por exemplo, tinha cortado um gato vivo em dois com uma grande faca de cozinha. Isto aconteceu no jardim. Ani e Juci seguraram o gato, depois todos nós o esmagámos e esticámo-lo de cabeça para baixo. Depois Gábor cortou-o em dois na barriga com a faca de cozinha.

Atirámos a corda sobre uma viga no sótão. No mesmo dia de tarde, um dachshund perdido entrou no nosso quintal vindo da rua. Fechámos a porta, apanhámos o cão e subimos rapidamente para o pombal. As raparigas estavam muito contentes. Gábor e eu preparámo-nos calmamente.

– “Tu serás o juiz”, exclamou Gábor, “Eu serei o carrasco”. Informá-lo-ei quando tudo estiver pronto para o enforcamento.

– Ótimo”, disse eu, “Executor, cumpra o seu dever!

Depois Gábor apertou o nó da corda, enquanto eu levantava um pouco o cão. Depois, por ordem do meu irmão mais velho, desisti subitamente. O Teckel emitiu uivos tristes, profundos e lacrimosos, enquanto sacudia as suas patas negras com manchas amarelas. Pouco tempo depois, esticou-se e ficou imóvel. Durante algum tempo observámo-lo, e deixando-o pendurado, fomos comer um petisco. Depois do lanche, as raparigas rondaram a porta e conseguiram atrair outro cão com doces. Colocaram-no no colo e levaram-no a Gábor para organizar outra execução. O meu irmão mais velho, no entanto, desmantelou o plano. Ele disse que um enforcamento por dia era suficiente, por isso Juci abriu a porta e deixou o cão sair.

Nos dias seguintes esquecemo-nos completamente, porque nos foi dada uma nova bola. Gábor e eu jogávamos sempre em pares.

Um dia, falámos sobre a Emma. Gábor disse que a odiava porque ela estava orgulhosa e que tinha chamado a Irma de tola por se ter desviado do seu caminho por ela.

– Seria melhor se eles nunca se reconciliassem, porque então ela voltaria à nossa casa para se vangloriar e se orgulhar! – disse Gábor com raiva.

O desejo de Gábor não foi concedido. Na tarde do dia seguinte, Emma veio a nossa casa. Ela chegou com Irma.

– Que nojo! – sussurrou-me Gábor ao ouvido.

– Doce, minha querida! -Pensei para mim, mas estava muito zangado com Irma.

Os olhos de Irma estavam praticamente a dançar de alegria. Enquanto tocávamos, ela chamava constantemente Emma à parte, abraçava-a, beijava-a, quase a sufocava. Mais tarde, porém, voltaram a enfurecer-se.

– Então não me promete que não vai falar mais com Rózsi? – perguntou Irma quase em lágrimas.

– Não, não o farei! -replicou Emma resolutamente, sorrindo.

Juci e Ani sussurraram uma à outra. Gábor, Irma e eu olhámos para a pequena Emma – como ela era bela, meu Deus, como era bela!

Eram os últimos dias de sol do outono. O pátio era nosso. O meu pai e a minha mãe andavam a cavalo. O cozinheiro trouxe-nos café, depois retirou-se para a cozinha para preparar um estufado.

– Alguma vez viu um enforcamento? -assinalou a minha irmã à Emma depois do chá.

– Não!” respondeu Emma, abanando a cabeça para que o cabelo lhe caísse sobre a cara.

– Mas já o ouviu do seu pai?

– Sim, ele falou-me de um assassino a ser enforcado”, disse Emma, fria e desinteressadamente.

– Bem, nós temos uma forca! – disse Juci.

Imediatamente todos nós subimos ao sótão para mostrar à Emma como se praticava um enforcamento. Alguns dias antes tínhamos enterrado o Teckel, com a ajuda de Gábor, no caixote do lixo, pelo que o laço da forca baloiçou livremente.

– Agora podemos brincar ao enforcamento”, disse Irma. Emma será a culpada, é ela que vamos enforcar.

– “Melhor você”, riu Emma.

– Executor, faça o seu dever! -Gábor ordenou-se a si próprio.

A pequena Emma apagou-se, mas continuou a sorrir.

– Agora fica aqui quieta”, disse Irma. Coloco o laço à volta do pescoço dela.

– Eu não, eu não quero”, lamentou a menina.

– O assassino implora por misericórdia! – gritou Gábor em fúria. Mas os ajudantes do carrasco agarraram a mulher condenada. -Então, Juci e Ani refrearam os braços de Emma.

– Não, eu deixo-o, não!” gritou a pequena Emma, e rebentou em lágrimas.

– A misericórdia está nas mãos de Deus! – gritou Gábor, enquanto Irma levantava a sua amiga de joelhos.

Não consegui segurá-la, ela estava quase a cair, por isso fui lá para a ajudar. Foi então que a segurei pela primeira vez. O meu irmão mais velho puxou a corda, cruzou as suas extremidades sobre uma viga e amarrou-a. A pequena Emma ficou ali pendurada. No início ela estava a braquear e a dar pontapés com as suas pequenas pernas finas cobertas de meias brancas. Era tão estranhos aqueles seus movimentos! Não consegui ver o seu rosto, pois estava suficientemente escuro no sótão. De repente ela parou de se mexer. O seu corpo ficou esticado como se estivesse com os dedos dos pés à procura de um banquinho para se apoiar. Depois já não se movia. Então um medo terrível passou por cima de todos nós. Apressamo-nos a descer do sótão e escondemo-nos no jardim. Ani e Juci correram para dentro de casa.

Foi o cozinheiro, que quis procurar algo no sótão, que encontrou o corpo meia hora mais tarde. Foi também ele que chamou o pai da Emma de nossa casa, mesmo antes de os nossos pais terem chegado….

Nesta altura, as entradas sobre o assunto chegam a um fim abrupto. O escritor do diário, que teve a infelicidade de ser parte de um acontecimento tão chocante, não faz mais menção a ele. Tudo o que sei sobre o destino da família é que o pai é um coronel reformado, Irma é agora viúva e Gábor é um oficial militar.

Tradução: Arnaldo Rivotti

Géza Csáth (1887-1919)

Géza Csáth (pseudónimo de József Brenner), nasceu em 1887 perto de Szabadka, no sul da Hungria e era primo direito do poeta e escritor Dezső Kosztolányi. Aos dezoito anos de idade publicou o seu primeiro conto numa prestigiada revista literária. Era pintor e violinista apaixonado, mas acabou por decidir estudar medicina, e ao mesmo tempo continuou a publicar em revistas literárias. O seu primeiro volume de contos, “O Jardim do Feiticeiro” (A Varázsló Kertje), foi publicado em 1908. “Diário de uma Mulher Insana” é a primeira análise completa de um caso de paranoia. As suas histórias refletem também a influência da psicanálise vienense precoce, largamente influenciadas pelos estudos de Freud e pelos dramas que viveu desde a Primeira Guerra Mundial. Tornou-se ginecologista e psiquiatra, mas a sua maior ambição era escrever. Publicou pequenas histórias, críticas musicais importantes, estudos sobre evolução e dramas. A sua dependência do ópio começou em 1910, quando lhe foi erroneamente diagnosticada tuberculose. Os seus Diários relatam a sua luta contra a toxicodependência. Trabalhou em várias estâncias termais e até que a morfina o destruiu completamente, continuou a publicar em jornais e revistas. Casou com Olga Jónás, que matou em 1919 num ataque de paranoia, devido ao consumo de drogas. Foi internado num hospital do qual escapou e tentou regressar à Hungria, atravessando a linha de demarcação. Quando foi preso, bebeu o veneno que transportava consigo.

A KIS EMMA

Az alábbi történetet egy naplóban olvastam. A naplóíró fiú távoli rokonom volt, és húszéves korában öngyilkossággal pusztult el. Az édesanyja nemrég halt meg, és ezután kerültek hozzám a fia naplói. Hosszú ideig nem jutottam hozzá, hogy beléjük pillantsak. A napokban végre hozzákezdtem az olvasáshoz. Meglepett az írás közvetlensége és egyszerűsége. A harmadik füzetben pedig ráakadtam azokra az érdekes följegyzésekre, amelyeket kissé rövidítve és az interpunkció némi változtatásával itt közlök.

A kis Emma a legszebb volt az összes lányok között, akik húgommal, Irmával barátkoztak. Szőke haját, szürke szemeit és finom arcocskáját már első látásra édesnek találtam.

Én a második elemibe jártam, ő Irmával együtt az elsőbe. A többi fiúknak is tetszett, de nem beszéltek róla. Szégyellték volna elárulni, hogy törődnek egy lánnyal, hozzá aki még csak elsőbe jár.

Én azonban rögtön tisztában voltam vele, hogy szeretem, és bár szintén szégyelltem a dolgot, elhatároztam, hogy mindig szeretni fogom, és feleségül is veszem.

A kis Emma gyakran járt hozzánk. Ilyenkor együtt játszottunk a két húgommal és Gábor bátyámmal. Néha más lányok is jöttek, például az unokahúgaink, Ani és Juci, akikkel azelőtt rendszerint csókolózni is szoktunk a pincében, a padláson, a kertben és a fáskamrában.

Gyönyörű meleg szeptember volt. Még inkább tudtam örülni most a szép időnek, mint nyáron, mert újra az iskolában kellett ülni kettőtől négyig, és délelőtt is nyolctól tizenegyig, és utána annál jobban esett a szabad levegő és a labdázás. Így azután nem untunk bele a játékba, hanem hazajöttünk, meguzsonnáztunk és lótottunk-futottunk, míg csak vacsorázni nem hívtak.

Az iskola is érdekesebb, mulatságosabb volt. Az új tanító tudniillik egy magas, vékony hangú és vörös arcú ember, Szladek Mihály – vágatott.

A házunk az ötödik kerületbe tartozott, emiatt ide, a külvárosi iskolába kellett járnunk. Az osztály túlnyomó többsége parasztfiúkból telt ki. Részint mezítlábasok, tarka kockás ingekben, mások meg bársonynadrágban és csizmában. Irigyeltem őket, mert úgy éreztem, hogy általában különbek, keményebbek, merészebbek, mint én. Volt egy Zöldi nevű, aki valamennyiünknél négy-öt évvel idősebb volt, bicskát hordott a csizmaszárában. Egyszer megmutatta nekem. Azt mondta:

– Az atyaúristentől se ijedek meg.

A bátyámnak ezt elbeszéltem. Nem hitte.

Az új tanító nem szeretett olvastatni vagy szépírást íratni, mint a volt kedves és jó elsőosztályos tanítónk, hanem magyarázott, és feleltetett. Ha valaki beszélgetett, vagy játszott, csak egyszer figyelmeztette. Másodszorra már kihívta, és csendesen ezt mondta neki:

– Feküdj le, fiam!

Azután az osztályhoz fordult:

– Hármat fog kapni, ki akarja kiadni neki?

Ilyenkor nagy izgalom támadt. Rendesen tízen-tizenöten álltak föl. A tanító szemlét tartott a kéredzkedők fölött, végre kiszólított egyet, és kezébe adta a nádpálcát.

– Ha nem ütöd teljes erővel – mondotta -, akkor te kapsz!

Azután halálos csendben leste az osztály az ütéseket és az ordítást. Azokat a fiúkat, akik meg se nyikkantak és nem is sírtak, mindenki bámulta, de úgy vettem észre, hogy mindenki gyűlölte is egy kicsit. Miért, ezen sokat gondolkodtam, de nem tudtam megmagyarázni.

Én magam nem féltem a büntetéstől. Tisztában voltam vele, hogy a tanító tekintetbe veszi, hogy az apám őrnagy, és hogy éles kardja van, tehát nem fog merni megvágatni.

A tanító hamar rájött, hogy a Zöldi tud legjobban pálcázni. Ettől kezdve ő osztotta ki az összes büntetéseket. Remekül értette. Még a pálca is másképp állt a kezében, mint a többinek. Nemigen múlt el óra egy-két “vágatás” nélkül. Voltak azonban meleg, sárga őszi délutánok, amikor nagyon figyelmetlen, nyugtalan volt az osztály, és ilyenkor az egész második óra, háromtól négyig, veréssel telt el. Minden második-harmadik padban egy síró fiú kucorgott.

Egy ilyen alkalommal eleredt az orrom vére, és lemehettem mosdóvizet kérni az iskolaszolgához. Hamarosan megszűnt a vérzés. Már vissza akartam térni az emeletre, mikor a földszinti folyosón, a lányok folyosóján megláttam a kis Emmát. Az osztályajtóban állt, befelé fordulva. De hamar észrevett. Nyilvánvaló volt, hogy kiállították. Odamentem hozzá. Szerettem volna megcsókolni és vigasztalni, de azután észrevettem, hogy egyáltalában nem szomorú. Egy szót se beszéltünk, csak néztük egymást. Édes volt és büszke. Mintha most is éreztetni akarta volna, hogy az én apám csak őrnagy, és az övé alezredes. Előrehúzta a copfját, kioldozta a rózsaszínű pántlikát, és újra masniba kötötte. Így zavartalanabbul nézhettem. Amikor pedig közben föl-fölnézett felém, mindannyiszor erősen megdobbant a szívem.

Másnap délután, amikor átjött hozzánk, titokban megkért, hogy ne szóljak senkinek arról, hogy az ajtó elé állították. Nem is szóltam. Irmától azonban megkérdeztem este, hogy miért kapott büntetést az Emma?

– Semmi közöd hozzá – ez volt a válasz.

Irma gyűlöletes volt. Szerettem volna e pillanatban összevissza verni és rugdosni. Határozottan féltette tőlem Emmát. Nem akarta, hogy szeressem, és hogy ő szeressen engem. Nem engedte velem hunyni. Állandóan mellette maradt, becézte, ölelte és csókolta. Még azt is megakadályozta, hogy sokat beszéljek Emmával. Elhívta, karon fogta, és az udvar túlsó végében sétáltak együtt. Sokszor nagyon keserű volt a szívem emiatt.

A nagy barátságból azonban egyszerre csak nagy harag lett. Egy napon láttam, hogy nem jönnek többé együtt az iskolából, hanem mindegyik más leánnyal. Emma ettől kezdve nem jött hozzánk. Húgomat faggattam, hogy mi az oka az összeveszésnek, de hátat fordított nekem és elszaladt. Bosszúból este vacsoránál elmondtam apámnak a dolgot. Irma azonban az ő kérdéseire is néma maradt, mire a sarokba kellett térdelnie, és nem kapott almát.

Hetek múltak el. Húgomat hiába próbáltam rábírni, hogy béküljön ki Emmával, makacsul hallgatott. A szemei azonban könnyesek voltak, és többször este az ágyban minden ok nélkül sírt.

Október közepe táján az iskolában rettenetes dolog történt. A tanító ez alkalommal Zöldit akarta megvágatni. Kihívta.

– Jöjjön csak ki szépen!

Zöldi azonban nem szólt, és nem mozdult. Erre elhangzott a parancs: – Húzzátok ki!

Tíz-tizenöt fiú rohant neki a legtávolabbi padokból. Sokan olyanok, akik féltek Zölditől, és haragudtak rá. Magam is gyűlöltem, és mi tagadás, az első pillanatra kedvem lett volna részt venni a kihúzásban, de rögtön eszembe jutott, hogy apám bizonyára megvetne, ha megtudná, hogy többekkel birkóztam egy ellen. A helyemen maradtam tehát. Elállt a lélegzetem, és reszkettek a térdeim. A fiúk lihegve dolgoztak. Egy részök a padból tolta Zöldit, mások a lábait kapták el, mert megvetette magát a láblécen, mások ismét az ujjait feszegették, amelyekkel görcsösen kapaszkodott a padasztal szélébe. Legalább öt percig tartott, míg kimozdították. Végre sikerült kilökni a földre. Itt újra megkapaszkodott. Ütni azonban nem mert, mivel valószínűleg gondolta, hogy a tanító, aki székére állva szemlélte a harcot, bele fog avatkozni a dologba. Szladek arca sötétvörös volt a méregtől.

Végre megfogták a két lábánál és két kezénél fogva. Így cipelték ki a katedrához, miközben a háta a padlót súrolta.

– El ne engedjétek! – kiáltotta a tanító harsányan. – Fektessétek hasra, és fogjátok le a kezeit és a lábait.

A fiúk nekihevülve és minden erejüket összeszedve, gyorsan teljesítették a parancsot. Most már nem volt Zöldinek mibe kapaszkodnia. Rátérdeltek a kezeire. A lábain négyen ültek, a fejét ketten nyomták. A tanító csak ezt várta. Nyugodtan odaguggolt, eligazította a fiúkat, hogy senki mást ne érjen a pálca, azután nekiállt, és egymás után ötöt-hatot húzott Zöldire. Rémesen hangzottak ezek az ütések. Élesen, tömören és magasan. Rajtam a hideg veríték ütött ki, de mégis mintegy delejes kényszer hatása alatt, a lábléc szélein lábujjhegyre álltam, nehogy elveszítsek valamit a látványból. A tanító most megállt. Zöldi azonban nem nyikkant.

– Leszel-e még engedetlen? – kérdezte csendesen Szladek.

– Felelj! – üvöltötte kis várakozás után, szinte megszédülve a dühtől.

Zöldi azonban nem felelt.

– Jól van, fiam – fújt a tanító a fogai között -, hiszen jól van, ha most nem felelsz, majd felelsz később, nekem mindegy!

És újra nekilátott. Egészen megvadulva, mind gyorsabban és gyorsabban sújtott. Szinte olvasni lehetett az ütéseket. Minden erejét megfeszítve, úgyhogy nyögött a fáradtságtól a nagy, erős ember. Majd kimerülve újra abbahagyta, és lihegve, rekedten kérdezte:

– Leszel-e még engedetlen?

Zöldi most se felelt.

A tanító megtörölte a homlokát, és lassabban folytatta a verést. Minden ütés után pihent, és újra és újra elmondta:

– Leszel-e még engedetlen?

Így ment ez további tíz-tizenöt ütésig. Végre felhangzott egy iszonyatos bőgés:

– Ne-e-e-m!

A tanító letette a pálcákat, és helyre küldte a fiúkat. Zöldi feltápászkodott, rendbe hozta a ruháját, amely a dulakodásban több helyen elszakadt, és a helyére ment. Az arca, orra egészen piszkos volt a padlótól, ahová odanyomták. A könnyei csurogtak a kabátján. Véreset köpött.

A tanító azonban újra kihívta:

– Mondta valaki neked, hogy helyre mehetsz? Jöjj csak ki szépen! Zöldi lehajtott fejjel kitámolygott. Szladek, mint jól végzett munka után szokás, dörzsölgette kezeit, és tettetett jóindulatú, szelíd hangon mondta:

– Ezt azért adtam neked, édes fiam, hogy jól jegyezd meg, és tanulj belőle a jövőre. Tanítóddal szemben engedetlennek lenni hálátlanság, és miután látom benned a hajlamot a rosszra, még adok neked egypár pofont.

Az “egypárból” azonban sok lett, mert a tanító újra nagyon belejött, és addig pofozta, míg Zöldi szédülten a falnak nem esett. Szerencsére megkapaszkodott, és kiszaladt az ajtón. A tanító halkan káromkodott egyet, becsapta a nyitva hagyott ajtót, a katedrára ment, és leült. Az osztályban egy légy repülését is meg lehetett volna hallani.

Aznap alighogy hazaértem, láz ütött ki rajtam, és félrebeszéltem. Ágyba dugtak, és este az apám kivallatott. El kellett mondanom az iskolai eseményt. Szüleim vadállatnak és gazembernek nevezték Szladeket, és megegyeztek, hogy más tanítóhoz adnak. Egy hét múlva már a belvárosi iskolába jártam. Nem láthattam többé mindennap a kis Emmát. Fájt a szívem.

Október huszonötödikén olvastam az újságban, hogy egy kocsist felakasztottak, mert meggyilkolta és kirabolta az utasát. Hosszan le volt írva, hogyan viselkedett a kocsis a siralomházban és reggel az akasztófa alatt. Azon a napon szüleim a vacsoránál az akasztásról beszéltek, és apám elmesélte azt az akasztást, amelyet húszéves korában látott.

– De szerettem volna látni! – kiáltottam.

– Örülj neki – mondta apám -, hogy nem láttad, és ne is nézz meg soha egyet se, mert azzal álmodsz hét esztendeig, mint én.

Másnap délelőtt, iskola után, azt ajánlottam Gábor bátyámnak, hogy csináljunk akasztófát, és akasszunk fel rajta egy macskát vagy kutyát. Gábornak tetszett a terv, és hamarosan a padláson dolgoztunk. Egy ruhaszárító kötelet szedtünk le, és hurkot csináltunk rá. Az akasztófa-ácsolásról azonban lemondtunk, mert egyrészt nem volt gerendánk, másrészt pedig tartottunk tőle, hogy ha az udvaron rendeznénk akasztásokat, a szülők beleavatkoznának a dologba.

Gábor nem volt szenvedélyes állatkínzó, de ha belejött, akkor nagyszerű ötletei voltak. Így például egy évvel előbb egy eleven macskát vágott ketté a nagy konyhakéssel. Ez a kertben történt. Ani és Juci fogták a macskát, azután mindannyian leszorítottuk a földre, és hanyatt kifeszítettük. Gábor pedig konyhakéssel vágta keresztül a hasán át.

A padlás egyik gerendáján vetettük keresztül a kötelet. Még aznap délután egy daxli tévedt az utcáról az udvarunkba. Becsuktuk a kaput, elfogtuk a kutyát, és hamarosan valamennyien a padláson voltunk. A lányok ujjongtak. Mi Gáborral nyugodtan készülődtünk.

– Te vagy a bíró – kiáltott Gábor -, én vagyok a hóhér. Neked jelentem, hogy minden készen van az akasztáshoz.

– Jól van – szólottam. – Hóhér, teljesítse kötelességét.

Erre Gábor meghúzta a kötelet, míg magam a kutyát kissé megemeltem. Majd bátyám utasítására hirtelen elengedtem. Szomorú, mély, síró hangokat adott a daxli, és kapált a sárga foltos fekete lábaival. De azután hamarosan kinyúlt, és mozdulatlan maradt. Egy darabig néztük, azután függve hagytuk, és ozsonnázni mentünk. Ozsonna után a leányok folyton a kapuban settenkedtek, és cukorral egy újabb kutyát csaltak be. Azután ölükben odavitték Gábornak, hogy rendezzen még egy akasztást. Bátyám azonban lefújta a tervet. Kijelentette, hogy egy napra elég egy akasztás, mire Juci kinyitotta a kaput, és kiengedte a kutyát.

A következő napokban egészen elfeledkeztünk az akasztásról, mert egy új labdát kaptunk. Gáborral kettesben folyton duplexot játszottunk.

Utána Emmáról beszélgettünk. Gábor kijelentette, hogy utálja, mert olyan büszke, és ostobának nevezte Irmát, hogy annyira eseng utána.

– Legjobb volna, ha sohase békülnének ki, mert újra eljön ide, és affektál, henceg! – mondta dühösen Gábor.

Gábor kívánsága nem teljesedett. Másnap délután beállított hozzánk Emma. Irmával jöttek.

– Utálatos! – súgta nekem Gábor.

– Édes, drága! – mondtam magamban én, de azért nagyon haragudtam Irmára.

Irma tudniillik valósággal úszott az örömben. Játék közben minduntalan elhívta Emmát, ölelte, csókolta, majd megfojtotta. Később azonban mégis összeharagudtak valamin.

– Hát nem ígéred meg, hogy nem beszélsz többet a Rózsival? – kérdezte Irma csaknem sírva.

– Azt nem! – felelte Emma határozottan, és mosolygott.

Juci és Ani egymással suttogtak. Gábor, Irma és én a kis Emmát néztük. Milyen szép volt, Istenem, milyen szép!

Az utolsó napos, őszi délutánokat éltük. A miénk volt az udvar. Apa és anya kilovagoltak. A szakácsné kávét adott, azután a konyhába ment főzni.

– Láttál-e már akasztást? – kérdezte ozsonna után a húgom Emmától.

– Nem! – felelte Emma, és rázta a fejét, hogy a haja az arcába csapódjék.

– De a papádtól hallottad?

– Igen, mesélte, hogy felakasztottak egy gyilkost – mondta Emma hűvösen, és érdeklődés nélkül.

– Van ám nekünk akasztófánk – dicsekedett Juci.

Hamarosan mind a padláson termettünk, hogy megmutassuk Emmának az akasztást. A daxlit már napokkal előbb elástuk Gáborral a szemétgödörben, a hurok szabadon lóbálózott.

– Most játszhatunk akasztást – mondta Irma. – Emma lesz a bűnös, őt fogjuk felakasztani.

– Inkább tégedet – kacagott Emma.

– Hóhér, teljesítse kötelességét! – kommandírozott Gábor saját magának.

A kis Emma elhalványodott, de mosolygott.

– Most állj mozdulatlanul – mondta Irma. Én rátettem a hurkot a nyakára.

– Nem én, nem akarok – nyafogott a kisleány.

– A gyilkos kegyelemért könyörög! – kiáltotta Gábor kipirulva -, de a hóhérsegédek megragadják az elítéltet. – Juci és Ani erre lefogták Emma karját.

– Nem engedem, nem! – sikította a kis Emma, és sírni kezdett.

– Istennél a kegyelem! – szavalta Gábor. Irma pedig a térdénél fogva a levegőbe emelte a barátnőjét.

Nem bírta, el akart esni, és ezért odamentem, segítettem neki. Ekkor történt először, hogy átöleltem őt. Bátyám meghúzta a kötelet, a végét körülcsavarta egy gerendán és megkötözte. A kis Emma lógott. Eleinte hadonászott a kezeivel, és vékony kis fehér harisnyás lábaival nagyokat rúgott. Olyan furcsák voltak ezek a mozdulatai. Az arcát nem láthattam, mert a padláson már meglehetősen sötét volt. Egyszer csak hirtelen megszűnt a mozgás. A test kinyúlt, mintha a lábujjaival valami zsámolyt keresett volna, hogy ráálljon. Azután nem mozdult többet. Erre rémes félelem szállott meg valamennyiünket. Hanyatt-homlok rohantunk le a padlásról, és szanaszét elbújtunk a kertben. Ani és Juci hazafutottak.

A szakácsné, aki valamit le akart hozni a padlásról, akadt rá a holttestre egy félóra múlva. Ő hívta át Emma apját is, még mielőtt apáék hazaérkeztek volna…

E ponton vége szakad az idevonatkozó feljegyzéseknek. A naplóíró, kit az a szerencsétlenség ért, hogy résztvevője lett ennek a borzalmas eseménynek, nem beszél róla többet. A család sorsáról csak annyit tudok, hogy az apa mint ezredes, nyugalomban van, Irma jelenleg özvegyasszony, Gábor pedig katonatiszt.

 

Forditás: Arnaldo Rivotti

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