Laura Lopes é estagiária por 1 ano na Embaixada de Portugal em Budapeste
A minha ligação com a Hungria, mais precisamente com Budapeste, começou em 2019, ano em que embarquei na aventura de Erasmus. Escolhi Budapeste por ser uma cidade desconhecida para mim e por ter uma posição geográfica ideal para viajar. Antes de vir para Budapeste, confesso que não tinha quaisquer expetativas. Algumas pessoas aconselharam-me a cidade, mas referiam-se ao povo húngaro como frio e pouco hospitaleiro.
Quando aqui cheguei apaixonei-me pela cidade e a sua beleza inegável, mas continuava com um certo preconceito em relação ao povo húngaro, provavelmente, por ter ficado presa a uma ideia preconcebida deste povo. No entanto, sempre senti que havia algo mais profundo que eu teria de explorar para entender a mentalidade húngara.
Essa oportunidade surgiu através da disciplina de História e Economia Húngara. O professor que lecionou esta disciplina introduziu o contexto que me permitiu perceber toda a envolvência deste país. Partilhou connosco as experiências da sua família aquando da ocupação soviética e todos os aspetos que na atualidade ainda demonstram como a história pode moldar um povo.
Esta nova abordagem, permitiu-me olhar o país com outros olhos e compreender que a frieza que alguns descreviam, é uma proteção e um reflexo das experiências traumáticas das gerações mais velhas. Este foi o ponto de viragem, cada elemento da cidade tornou-se ainda mais fascinante, e as atitudes dos húngaros com quem tinha contacto foram descodificadas e compreendidas.
No final do meu Erasmus, antes de voltar a Portugal, comentei com várias pessoas do meu círculo mais próximo, que sentia que Budapeste era a minha cidade, um sítio onde me desenvolvi pessoalmente e onde me sentia profundamente realizada. Sempre fui uma pessoa muito racional, nunca acreditei no destino ou elementos esotéricos, mas passado dois anos a minha previsão tornou-se realidade.
A minha vida deu uma volta de 360º e levou-me de volta a Budapeste. Candidatei-me a um estágio no Ministério dos Negócios Estrangeiros, onde poderia ser colocada em qualquer parte do mundo e de todos os sítios vim parar aqui, de novo. A vida deu-me a oportunidade de experienciar esta cidade por mais um ano. Nesta jornada do estágio, sinto que já faço parte desta cidade. Esta nova experiência permitiu-me conhecer mais pessoas húngaras, que fizeram aumentar ainda mais a empatia que sinto em relação a este povo.
Cada dia que passo nesta cidade, cada passeio que faço ao longo do rio Danúbio, ou o simples caminho que percorro diariamente até ao local do estágio, fazem-me apaixonar-me cada vez mais por esta cidade. Daqui a um ano, volto para Portugal com a certeza de que uma parte de mim pertencerá sempre a Budapeste, cidade que posso chamar de segunda casa.
Budapeste, 9 de maio de 2021