A Guerra na Ucrânia não é “preto no branco”, adverte analista

por LMn
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O perito em política de segurança Attila Demkó diz que a guerra na Ucrânia precisa de um pensamento matizado sobre as suas causas e possíveis resultados.

“Há anos que é evidente que Moscovo irá bloquear a integração da Ucrânia com o Ocidente”, observou Attila Demkó, Chefe do Centro de Geopolítica da Universidade Mathias Corvinus, numa entrevista ao portal Ma7. Sublinhou que, embora não seja um apoiante do regime russo, não se pode ignorar que os russos não tenham traçado as suas próprias linhas vermelhas. “Se não antes, deveríamos ter aprendido em 2008, na Ossétia do Sul, até onde os russos estariam dispostos a ir se necessário. Nunca houve um momento de dúvida de que se a Ucrânia seguisse o caminho da Geórgia, haveria violência. Em 2014, a agressão ainda estava parcialmente abscôndita, agora está completamente exposta”, explicou ele.

Demkó argumentou que “numa guerra, raramente é o caso de um bom e mau confronto, exceto no grande ecrã”. “Nos acontecimentos de 2014, os russos, os americanos, os ucranianos e alguns países europeus têm uma pesada responsabilidade, mas em 2022, a agressão russa não pode ser justificada”, explicou Demkó.

Sobre a divisão da Ucrânia, referiu:

 

“Poucas pessoas no Ocidente compreendem que se o exército ucraniano entrasse hoje nas duas regiões separatistas, uma parte da população fugiria e a outra pegaria em armas contra os ucranianos”.

Ele observou que “foi isto que os russos fizeram mal em 2022, tentando invadir áreas onde tinham pouco apoio”. Moscovo também calculou mal, segundo o perito, na medida em que “o exército ucraniano foi completamente reforçado desde 2014, mas os russos pensaram que poderiam simplesmente marchar para Kiev”.

Em resposta a um jornalista, Putin disse que atacou a Ucrânia “porque pensava que ele próprio e a Rússia eram fortes e via o Presidente Volodymyr Zelensky e o poder estatal ucraniano como fracos”.

“Vendo a fraqueza da Ucrânia, o fracasso americano no Afeganistão, a inércia do governo alemão, Putin pensou que poderia reduzir o problema com 200.000 tropas”, observou.

De acordo com o especialista,

“A Rússia não tem nem a força nem a vontade de atacar a NATO”.

“Obviamente, mais cedo ou mais tarde, a NATO terá de decidir se coloca ativamente tropas na linha da frente ou se deixa de apoiar a Ucrânia, porque os efetivos ucranianos estão a diminuir. Não creio que o Ocidente alguma vez venha a intervir nesta guerra com grande número de efetivos. Não há vontade governamental para o fazer na América ou na Europa”, disse o analista.

Ninguém quer uma guerra nuclear. É outra questão que os Estados que estão a fornecer armas à Ucrânia já fazem, de facto, parte da guerra”.

 

observou ele.

De acordo com o analista, “sem o apoio ocidental, a Ucrânia já teria perdido a guerra, mas o atual apoio ocidental não é suficiente para a ganhar”.

 

Foto: HitRádió

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