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A GINJINHA – O néctar “sem rival” que atrai gente de todo o mundo

É mais fácil com uma mão dez estrelas agarrar, fazer o sol esfriar, reduzir o mundo a grude, mas ginja com tal virtude é difícil de encontrar!

Assim se versa ao balcão da Ginjinha Espinheira, aberta em 1840 por um galego do mesmo nome e mantendo-se até hoje com as mesmas características e a mesma clientela fiel e frequente. Ali, os empregados ao balcão pouco ou nada conhecem o tédio. Se não estão a servir estarão entretidos com a variedade de pessoas que ali se lhes apresentam como cliente. A todos servem com a mesma destreza e simpatia:

“Com elas” ou “sem elas”? É o dilema mais complicado com que se vai defrontar neste lugar – tudo o resto é simples. O lugar é honesto e explícito: estamos todos aqui para uma única coisa, e esse encontro é reforçado pelos vidros pintados com muitas cores e neles inscritos breves quadras populares, algumas paródicas outras brejeiras, e recordações constantes da virtude do produto: A GINJINHA PREMIADA COM MEDALHA DE OURO!

À porta, conta-se a história do néctar que aqui traz tantos visitantes de todo o mundo: a receita era de um monge, que se decidiu não se sabe porque inspiração fermentar ginjas dentro de aguardente, juntando-lhe açúcar, água e canela.

A produção do licor, que já foi feita muito próximo, na Rua Damasceno Monteiro, está hoje em Arruda dos Vinhos, e ronda os cento e cinquenta mil litros de licor anuais, escoando isto quase tudo para o mercado nacional, e apenas dez por cento para exportação, sobretudo para os Estados Unidos.

Além do licor pela qual é conhecida, esta casa também serve Capilé Espinheira, numa garrafa em formas Arte Nova, serve bagaço e outras bebidas, e vende tabaco. Junto com a sua vizinha da frente, a “Sem Rival”, introduziu na lógica do comércio local a venda ao balcão. O costume pegou de tal forma que é uma coisa quase banal hoje por toda a cidade. Como os espaços destas duas casas são reduzidos, esta forma de servir promove a extensão das lojas rua afora, o que empresta uma atmosfera própria ao Largo de São Domingos, dia e noite, copo a copo.

 

Fonte:

http://lojascomhistoria.pt/lojas