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Kellemes Ünnepeket! – Boas-Festas!




Bolsas Gulbenkian Investigação em Cultura Portuguesa

Estas bolsas destinam-se a pós-graduados não portugueses, residentes no estrangeiro, e visam apoiar investigação realizada em Portugal sobre temas da cultura portuguesa, no campo das humanidades.

As bolsas apoiam a realização de pesquisas, em Portugal, nos domínios da literatura, da história e história da arte, com vista à publicação de um artigo científico, uma publicação ou parte de uma publicação, uma tese académica ou parte de uma tese académica.

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O que é o sal-gema e por que sua extração gerou problemas em Maceió?

Parte dos moradores de Maceió vivem dias de tensão. Na última quarta-feira (29), a prefeitura da capital alagoana decretou situação de emergência diante do iminente colapso em uma das minas de sal-gema exploradas pela petroquímica Braskem no bairro do Mustange.

É mais um capítulo de uma história que se arrasta desde 2018, quando foram registrados afundamentos em cinco bairros. Estima-se que cerca de 60 mil residentes tiveram que se mudar do local e deixar para trás os seus imóveis.

O risco de colapso em uma das 35 minas de responsabilidade da Braskem vem sendo monitorado pela Defesa Civil de Maceió e foi detectado devido ao avanço no afundamento. A petroquímica confirma que pode ocorrer um grande desabamento da área, mas afirma que existe também a possibilidade de que o solo se acomode. Um eventual colapso geraria um tremor de terra e tem potencial para abrir uma cratera maior que o estádio do Maracanã. As consequências, no entanto, ainda são incertas. O governo federal também acompanha a situação.

Mas o que é o sal-gema? Diferente do sal que geralmente usamos na cozinha, que é obtido do mar, o sal-gema é encontrado em jazidas subterrâneas formadas há milhares de anos a partir da evaporação de porções do oceano. Por esta razão, o cloreto de sódio é acompanhado de uma variedade de minerais.

Designado também por halita, o sal-gema é comercializado para uso na cozinha. Muito comum nos supermercados, o sal extraído no Himalaia, que possui uma tonalidade rosa devido às características locais, é um sal-gema.

No entanto, o sal-gema é também uma matéria-prima versátil para a indústria química. É empregado, por exemplo, na produção de soda cáustica, ácido clorídrico, bicarbonato de sódio, sabão, detergente e pasta de dente, enfim, na fabricação de produtos de limpeza e de higiene e em produtos farmacêuticos.

Indústria

Inicialmente, a exploração em Maceió se voltou para a produção de dicloroetano, substância empregada na fabricação de PVC. Não por acaso, desde que inaugurou em 2012 uma unidade industrial na cidade de Marechal Deodoro, vizinha a Maceió, a Braskem se tornou a maior produtora de PVC do continente americano. Outras indústrias, como a de celulose e de vidro, também empregam o sal-gema em seus processos.

A exploração de sal-gema, como outros minerais, depende de licenciamento ambiental. A exploração é fiscalizada pela Agência Nacional de Mineração (ANM). No mercado internacional, o Brasil é um ator relevante. Segundo dados da ANM, foram 7 milhões de toneladas em 2002. O ranking do ano passado, no entanto, mostra que os três líderes mundiais têm produção muito mais robusta que todos os demais: China (64 milhões de toneladas), Índia (45 milhões) e Estados Unidos (42 milhões).

Em Maceió, a exploração das minas teve início em 1976 pela empresa Salgema Indústrias Químicas, que logo foi estatizada e mais tarde novamente privatizada. Em 1996, mudou de nome para Trikem e, em 2002, funde-se com outras empresas menores tornando-se finalmente Braskem, com controle majoritário do Grupo Novonor, antigo Grupo Odebrecht. A Petrobras também possui participação acionária na empresa, com 47% das ações, dividindo o controle acionário com a Novonor. Atualmente, a Braskem desenvolve atividades não apenas no Brasil, como também em outros países como Estados Unidos, México e Alemanha.

Escavação

A exploração em Maceió envolvia a escavação de poços até a camada de sal, que pode estar há mais de mil metros de profundidade. Então, injetava-se água para dissolver o sal-gema e formar uma salmoura. Em seguida, usando um sistema de pressão, a solução era trazida até a superfície. Ao fim da extração, esses poços precisam ser preenchidos com uma solução líquida para manter a estabilidade do solo.

O problema em Maceió ocorreu por vazamento dessa solução líquida, deixando buracos na camada de sal. Uma hipótese já levantada por pesquisadores é de que a ocorrência tenha relação com falhas geológicas na região. Consequentemente, a instabilidade no solo levou a um tremor de terra sentido em março de 2018. O evento causou os afundamentos nos cinco bairros: Pinheiro, Mustange, Bebedouro, Bom Parto e Farol.

Com novos tremores e o surgimento de rachaduras em casas e ruas, a Braskem anunciou o fim da exploração das minas em maio de 2019. A petroquímica diz que já foi pago R$ 3,7 bilhões em indenizações e auxílios financeiros para moradores e comerciantes desses bairros. Uma parcela dos atingidos busca reparação através de processos judiciais. O caso também é discutido em ações movidas pelo Ministério Público Federal (MPF).




Sophia de Mello Breyner Andresen (Como uma flor vermelha – Mint piros virág)

Como uma flor vermelha

À sua passagem a noite é vermelha,
E a vida que temos parece
Exausta, inútil, alheia.

Ninguém sabe onde vai nem donde vem,
Mas o eco dos seus passos
Enche o ar de caminhos e de espaços
E acorda as ruas mortas.

Então o mistério das coisas estremece
E o desconhecido cresce
Como uma flor vermelha.

In: Obra Poética I, Caminho, 1990

Sophia de Mello Breyner Andresen (Porto, 6 de novembro de 1919 – Lisboa, 2 de julho de 2004). Um dos mais importantes poetas/poetisas portugueses do século XX. Em 1994, foi-lhe atribuído o Prémio Camões, a primeira mulher a recebê-lo. Em 2019, no centenário do seu nascimento, uma série de eventos culturais nacionais com a duração de um ano, foi realizada em seu tributo, não só em Portugal, mas também no Brasil.

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Foto: Portrait de Sophia de Mello Breyner Andresen

Fonte: https://www.bertrand.pt/blogue-somos-livros/livrolicos/artigo/10-curiosidades-sobre-sophia/159633

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Ilustração: Pierre-Auguste Renoir, Path Leading Through Tall Grass, 1876

Fonte: https://www.paintingmania.com/path-through-high-grass-9_6783.html

 

Mint piros virág

 

Átkeltében piros az éjjel,
És fáradtnak, hasztalannak, idegennek
Tűnik bennünk az élet.

Senki nem tudja, honnan jön és hová megy,
De a visszhangja a lépteinek
Betölti a levegőt az utakon és a tereken,
És a halott utcákat fölébreszti.

Akkor a dolgok titkai megremegnek,
És mint piros virág,
Kihajt az ismeretlen.

 

Forrás: kézirat, első közlés

 

Sophia de Mello Breyner Andresen (1919. november 6. Porto – 2004. július 2. Lisszabon). Az egyik legjelentősebb XX. századi portugál költő. 1994-ben elnyerte a Camões Díjat, ő volt az első nő, aki megkapta. 2019-ben, a 100 éves születési évfordulóján egész évben tartó, országos kulturális rendezvénysorozat volt a tiszteletére nemcsak Portugáliában, hanem Brazíliában is.

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Fotó: Sophia de Mello Breyner Andresen portréja

Forrás: https://www.bertrand.pt/blogue-somos-livros/livrolicos/artigo/10-curiosidades-sobre-sophia/159633

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Illusztráció: Pierre-Auguste Renoir, Path Leading Through Tall Grass, 1876

Forrás: https://www.paintingmania.com/path-through-high-grass-9_6783.html

 




SzalonCukor: Rebuçado de Natal mais popular da Hungria

Os rebuçados de Natal são um produto tradicionalmente popular na época do Advento. De acordo com a Câmara Nacional da Agricultura (NAK), cada família compra um quilo de rebuçados por ano, sendo os mais populares os de geleia, maçapão, o côco, caramelo e o de creme de chocolate.

De acordo com a Associação dos Fabricantes Húngaros de Confeitaria, os consumidores húngaros compram anualmente cerca de 3 500 toneladas de rebuçados. Com exceção de 2020, um ano fortemente afetado pelo coronavírus, as vendas de rebuçados de salão estão a crescer de ano para ano e são um dos produtos sazonais mais populares durante o período de Natal.

Os produtos de confeitaria de qualidade superior tornaram-se particularmente populares nos últimos dez anos, e este tipo de produtos de confeitaria também pode ser um presente. No entanto, a procura destes produtos mais caros parece estar agora a diminuir um pouco devido à inflação. No entanto, os doces sem açúcar, vegan e outros doces alternativos continuam a ser procurados.




Mais um festival de mel e bolos de gengibre em Gyula este fim de semana

O objetivo principal do evento era o mesmo desde o início, quando se realizava numa pequena casa privada, e continua a ser o mesmo hoje em dia: promover o mel.

Há alguns anos, os clientes só procuravam mel de acácia e mel misto, enquanto o mel de colza, por exemplo, não era vendável, mas agora muitos também o procuram”, escreveram. Acrescentaram ainda que, ao longo dos anos, o consumo médio anual de mel per capita na Hungria aumentou cerca de 50-70 decagramas por quilograma.

János Árgyelán, um dos principais organizadores, afirmou que o evento é único na medida em que se dirige simultaneamente ao público: espera-se que participem em provas e feiras de mel, ao mesmo tempo que estão a ser preparados programas profissionais e palestras para os apicultores.

O espetacular programa público inclui um desfile de tochas dos regimentos de cavalaria do mel acompanhado pela banda de metais de Tótkomlós na sexta-feira; no sábado, haverá uma feira de apicultura no centro comunitário, onde estarão à venda quase todas as variedades de mel locais. No sábado, serão anunciados os resultados do concurso “Abelha Húngara do Ano”, para o qual foram apresentadas quase 400 amostras este ano.

O programa profissional inclui uma apresentação do Presidente da Associação Nacional dos Apicultores Húngaros sobre a situação atual do sector apícola húngaro, a situação do mercado do mel, o impacto da apicultura na psique e os efeitos da vespa asiática na Europa.

Este ano, a Ordem do Mel vai também venerar a estátua de Benedek Göndöcs.

O programa pormenorizado está disponível em www.visitgyula.com.




Algarve: Mercado de Silves reinventa-se, entre a tradição e a inovação

Créditos: SulInformação

A D. Isabel Boto, mais conhecida como Isabelinha, é a vendedora mais antiga do Mercado Municipal de Silves. Vende aqui há 63 anos, tendo hoje a bonita idade de 85 anos.

Hoje, a D. Isabelinha tem uma banca de pão, alentejano, de Almodôvar. Tem clientes fixos, que lhe encomendam o pão, mas também vende a outros. O sábado é o dia em que mais lhe compensa vir ao mercado, porque vende «cerca de 150 pães». Nesse dia, até precisa de ajuda da nora, que tem um lugar de flores, ali ao lado. «Sozinha já não dou vazão», confessa.

Mas nem sempre a D. Isabelinha vendeu pão. Antes, com o marido, trabalhou no talho, ali na porta mesmo em frente, hoje fechado. «Faziam bicha que até chegava à porta do Mercado. Vendia-se ali sempre muitíssimo. E vendia-se tudo. Vendia-se os pezinhos, vendia-se as peles, ossos, vendia-se tudo. Aproveitava-se tudo. Dobrada, mãos de vaca, todas essas coisas. Os ossos era para pôr na panela».

Outros tempos… «As pessoas agora habituaram-se só a comer do bom e do melhor. E no fundo só comem porcarias», comenta D. Isabelinha.

Com um saber de experiência feito, comenta que «até as carnes dos talhos agora são diferentes. Antes vendíamos os borregos comprados ali ao produtor, os porquinhos, as vacas de criação aí da zona». Agora sabe-se lá de onde vêm as carnes e como são criadas?

Há uns 28 anos, deixou o talho, «porque já não dava». Foram abrindo os supermercados grandes, tiraram freguesia aqui ao Mercado. Fiquei só com a banca do pão».

Depois das obras de remodelação do Mercado Municipal de Silves, D. Isabelinha foi das primeiras a voltar para ocupar uma banca. Mas confessa que «gostava mais quando o mercado estava antigo. Agora parece um supermercadozinho, uma coisinha assim… Até os clientes mais antigos e os estrangeiros que aí vivem e são meus clientes dizem que antes era mais bonito».

Com 85 anos, 63 dos quais passados a trabalhar ali, D. Isabelinha já viu muita coisa acontecer. E, recordando que «as pessoas antigas vinham muito mais no mercado», também admite que muitos desses seus fregueses «já morreram».

Mas o grande problema, salienta, são estes supermercados modernos que vão abrindo. «Já são tantos… Não pode haver fregueses para tudo, não é?».

Apontando para uma das portas laterais do Mercado, diz: «O supermercado que construíram aqui ao lado ficou bonito, que aquilo estava tudo velho. Mas as pessoas vão ali e já não vêm aqui. Ali é fácil estacionar. Aquilo tira muita freguesia ao Mercado».

A D. Isabelinha, com a qualidade do pão que vende e os clientes certos, continua a levantar-se todos os dias às 6 horas da manhã para estar ali às 7. Ainda vai vendendo.

«Então, se a pessoa vem para aqui fazer 30 ou 40 euros, vale a pena levantar cedo? Tem muita gente aí que não faz mais que isso», comenta.

«Eu estou aqui entretida, vou conversando com as pessoas. Hoje trouxe croché mas ainda nem lhe toquei, felizmente tenho tido clientes».

E a chegada do Natal, pode animar mais o Mercado? Para mais porque há banquinhas de artesanato e produtos referentes à quadra natalícia? «As pessoas virem passear aqui anima. Pois. Anima, mas não é negócio», responde, muito prática.

Mesmo os estrangeiros, «vêm cá, vêm tudo, tiram fotografias, mas compram pouco. Um frasquinho de mel, pouca coisa».

Um dia, admite, também D. Isabelinha terá de deixar o seu lugar na praça de Silves. Mas tem esperanças de que a nora continue.

Mesmo a conversar com o Sul Informação, mantém-se atenta: «Olha, uma clientezinha», exclama, dando a conversa por terminada. Voltando para a freguesa, habitual, pergunta, «Então hoje quer um pãozinho com cabeça, não é?».

Um pouco mais à frente, Carlos Lourenço, o Senhor Carlos, é o mais antigo vendedor de peixe no Mercado de Silves. «Tenho 63 anos e já cá estou desde os 20. Ora faça lá as contas», atira, com um sorriso. Esta é fácil: trabalha aqui há 43 anos.

E muita coisa mudou. «Antes, além de se vender muito mais na praça, fornecia peixe a escolas, a lares de idosos. Agora eles têm lá umas firmas, compram mais barato. Mas não compram melhor!», garante, pegando num carapau tão fresco que parece quase saltar-lhe da mão.

Agora, sobretudo no Verão, ainda tem uns restaurantes que lhe compram peixe. «E há sempre uns grupos de amigos que querem fazer umas assadas ao fim de semana e que vêm aqui comprar sardinhas, já me conhecem». Mas «é mais no Verão. Agora, vende-se menos peixe, de todas as qualidades que aqui tenho».

Enquanto o Mercado de Silves esteve em obras, o Senhor Carlos gostou de estar nas instalações provisórias, junto à Fissul. «Ali tinha mais largueza, espaço onde estacionar. O dinheiro que gastaram aqui, deviam ter gastado lá, a fazer um mercado novo, com estacionamento à farta», defende.

Também o Senhor Carlos admite que a abertura dos modernos hipermercados, um deles quase paredes meias com a praça de Silves, veio roubar muitos clientes. A ele, o que lhe vale é ter fregueses antigos: «já estou habituado a ter os avós e os pais e agora são os filhos que me compram. São 43 anos que estou aqui…».

Mais à frente, nas bancas do centro, Luís Marques já vende ali há «na volta de 50 anos». «Primeiro era a minha mulher que vendia, agora, desde que me reformei, sou eu que venho».

Na sua banca há frutas e legumes com ar fresco e viçoso, alguns acabados de colher nessa manhã. «As laranjas são lá da minha horta!», sublinha, pegando numa delas. «Este ano são miúdas, porque as árvores carregaram muito. Mas são docinhas e cheias de sumo, até dá gosto!».

Naquela manhã de quarta-feira, há poucos clientes na praça. «No Verão ainda se trabalha mais ou menos, mas agora, com o tempo mais fresco, o pessoal vem menos…», lamenta o Senhor Luís.

Também não há tantas «excursões de estrangeiros, que passam sempre por aqui. Quando há excursões, eles sempre levam uma coisinha para recordação».

Ilda Elias vende artesanato feito por ela própria no Mercado de Silves, numa banquinha a imitar um carrinho, preparada pela Junta de Freguesia, entidade que gere a estrutura.

Antes, vendia nos mercadinhos de Natal, mas desde que o Mercado abriu renovado aceitou o desafio de ali estar, todos os dias.

Hoje, admite que «há menos gente no Mercado, mas também porque são tempos diferentes. Eu estou morando aqui há 40 anos e há 40 anos só cá tínhamos a praça, os talhos da praça e um supermercado. Agora há aí hipermercados de todas as marcas, não tem nada a ver!».

As suas peças de artesanato são compradas tanto por portugueses, como por estrangeiros. Mas Ilda diz que estes «ultimamente também não têm comprado muito, lá nos países deles também têm problemas… depois da pandemia, então, tem sido uma razia…»

A sua esperança é que o Natal traga mais fregueses, até porque Ilda Elias tem peças de artesanato adaptadas à quadra.

Mais à frente, noutra banquinha semelhante, está a D. Odete Martins, a fazer empreita. Na banca, tem peças já prontas: cestinhos, malas e alcofas, individuais, tudo entrançado com a folha de palma que, confessa, é ela mesma que vai apanhar ao campo. «Também vendem aí dos espanhóis, mas uma mãcheínha custa logo 30 ou 40 euros e não me dá para nada».

A D. Odete vende o seu artesanato no Mercado de Silves há meia dúzia de anos, desde que se reformou do trabalho no Museu de Arqueologia. Antes, só se dedicava ao croché e ao ponto cruz, mas, quando se reformou, resolveu experimentar a tradicional empreita. «Vi a minha mãe e a minha avó a fazerem, antigamente. E resolvi experimentar, sempre fui boa em coisas de mãos». E foi assim que começou a vender as suas peças no Mercado.

A D. Odete é uma das vendedoras que, na quarta-feira da semana passada, recebeu das mãos do presidente da Junta de Freguesia (Tito Coelho) e da diretora da associação Vicentina (Aura Fraga) um bonito avental azul escuro, com o logotipo da Rede Regional de Mercados Locais do Algarve, na qual o de Silves se insere.

Foi também uma das primeiras a provar a original sopa de Cenoura, Laranja, Figo e Gengibre que era o petisco do dia, oferecido aos clientes e vendedores da praça, pelo chefe Mário.

Rede Regional de Mercados Locais do Algarve, que já tem um site, uma marca e identidade própria, juntando 18 mercados de oito concelhos do Algarve, é coordenada pela associação de desenvolvimento Vicentina, que estabeleceu inúmeras parcerias para levar àvante este projeto, financiado pelo PADRE – Plano de Ação para o Desenvolvimento dos Recursos Endógenos, integrado no CRESC Algarve 2020.

O objetivo, como salientou Márcio Viegas, presidente da Vicentina, é «arranjar formas alternativas para trazer as pessoas aos mercados», seja com concertos e atuações musicais, exposições, degustações e showcookings, ou com outras iniciativas, como tem acontecido em Silves, com o Mercado Fora d’Horas.

No âmbito do lançamento da rede, está também a decorrer a iniciativa Há Petisco no Mercado! «Pedimos às entidades gestoras de cada mercado qual o seu produto representativo», explicou Beatriz, uma das técnicas da Vicentina. Em Silves, num mercado gerido pela Junta de Freguesia local, o produto escolhido foi a laranja… que deu origem a uma saborosa sopa de cenoura, laranja, figo e gengibre. «Toda a gente está a gostar!», garantia o chef Mário.

Mas, dos petiscos servidos gratuitamente aos visitantes, vendedores e restantes operadores dos mercados, já constou rissol de berbigão, carapaus alimados, xerém com porco preto, tartelete de figo, queijo cabra e amêndoa, salada de funcho com laranja e figo, cone de morcela com pero de Monchique… Tudo de provar e chorar por mais.

Depois de, no sábado passado, ter havido petisco nos Mercados de Sagres e Vila do Bispo, a iniciativa vai ainda passar pelo Mercado de Moncarapacho, no interior de Olhão, esta quarta-feira, 6 de dezembro, pelos de Mercado de Almádena e Espiche, no sábado, dia 9, e finalmente pelo de Aljezur, no dia 16.

Além das compras habituais de produtos frescos e locais, entre as 9h30 e as 13h00, em qualquer um desses mercados e datas, haverá petiscos deliciosos para provar…de graça! E, mesmo quem não tinha pensado entrar no Mercado, depressa é contagiado pelo entusiasmo de um divertido casal de gigantones, que, de megafone na mão, incita os mais indecisos.

Mas não é só para fora que se promove iniciativas. No dia 16 de Dezembro, a Junta de Freguesia de Silves vai promover, no Mercado da cidade, «um jantar partilhado, para o qual estamos a convidar os produtores e comerciantes. É para, à noite, estarmos aqui todos, a conviver».

O jantar partilhado, segundo explicou o autarca Tito Coelho ao Sul Informação, tem ainda outro objetivo: a solidariedade com as famílias mais carenciadas. «Também tem o objetivo de angariar alimentos para doarmos à paróquia, que fará a distribuição às pessoas necessitadas. É que há muitos, muitos pedidos de ajuda».

Entretanto, até ao dia 8 de Dezembro, no átrio central do Mercado de Silves, está a ser montado um presépio, com «grandes peças únicas em barro, feitas por um artesão». No dia de Nossas Senhora da Conceição, feriado nacional, o presépio será inaugurado.

«Será mais um atrativo para as pessoas virem ao mercado», defende o presidente da Junta de Freguesia.

«Temos falta que a malta jovem venha mais ao Mercado. Os de mais idade já frequentam, mas precisamos de renovar os clientes. A remodelação do edifício veio ajudar, mas precisamos de ir criando aqui pontos de atração». Um deles é o presépio, mas a mais se seguirão.

Apesar de os vendedores andarem desanimados com a falta de clientes, há quem não baixe os braços. Que o diga a D. Odete: «estas coisas são boas para divulgar os nosso Mercados! Precisamos de mais iniciativas deste género para ter aqui mais gente!».

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação




Cúpula Social do Mercosul defende novo acordo com União Europeia

Neocolonial. É dessa forma que representantes da sociedade civil caracterizaram o acordo com a União Europeia no primeiro dia da Cúpula Social do Mercosul, nesta segunda-feira (4), no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. O texto-base construído em 2019, depois de mais de 20 anos de negociações, é considerado injusto e desigual, por ter dispositivos que favorecem uma hierarquia nas relações entre sul-americanos e europeus, com prejuízo para os primeiros.

Na mesa de debates realizada à tarde, Raiara Pires, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), defendeu o encerramento das negociações atuais e a construção de um novo acordo em bases diferentes. Um texto que leve em consideração a unidade de saberes populares e acadêmicos e permita um desenvolvimento qualitativo e equitativo entre as nações.

“Em um acordo dessa dimensão, apenas um ano é insuficiente para rever o texto inicial apresentado pelos desgovernos anteriores. Um recomeço seria mais estratégico nessa desigualdade de relação de forças. Nosso poder de barganha precisa ser fortalecido e aprimorado. Trocas entre nações sempre aconteceram, mas não precisam ser feitas de qualquer forma. Podemos assumir posição de soberania e fortalecer esse governo para ter posicionamento altivo”, defendeu Raiara.

Adhemar Mineiro, da Rede Brasileira de Integração dos Povos (Rebrip), tem pensamento semelhante. Na fala durante a Cúpula Social, ele afirmou que o acordo atual inviabiliza a integração dos povos, por ter elementos que favorecem a competição entre os países sul-americanos. E que, portanto, é preciso começar do zero, em vez de manter o texto atual e tentar apenas uma política de redução de danos.

“Os movimentos sociais desse nosso lado do Atlântico e os europeus se aproximaram, porque querem discutir acordos em novas bases, que não sejam só comerciais. Temas de solidariedade entre os povos e de sustentabilidade devem ter prioridade. Então, por que insistir em um acordo que reforça a característica primária-exportadora das economias da América do Sul e não buscar um outro modelo de integração?”, questionou Adhemar.

Participação da sociedade civil

O secretário executivo adjunto da Secretaria-Geral da Presidência, Flávio Schuch, celebrou a retomada do Mercosul Social e a possibilidade de retomar o diálogo direto do governo federal com representantes da sociedade civil. Ele disse que é preciso ampliar os debates sobre temas que afligem governos e povos da América do Sul.

“A possibilidade ou não de um acordo do Mercosul com a União Europeia é diretamente proporcional à possibilidade de oitiva das aspirações da sociedade civil. O presidente Lula tem insistido muito na necessidade de retomar a participação efetiva da sociedade. O acordo de 2019 foi construído em outras bases que não interessam mais ao Brasil. O país quer negociar, mas também é preciso que a União Europeia escute e negocie questões ambientais, da agricultura familiar, das contas governamentais. Não queremos entrar em um acordo que signifique de alguma forma a desindustrialização do nosso país”, disse Schuch.

O embaixador Philip Fox-Drummond Gough, Diretor do Departamento de Política Econômica, Financeira e de Serviços, do Ministério das Relações Exteriores, detalhou alguns pontos que têm sido mais sensíveis para o governo brasileiro nas negociações com a União Europeia.

“Sobre as florestas, por exemplo, estamos insistindo que possamos usar nossos mecanismos para monitoramento de desmatamento. Na parte da política industrial, o foco principal é nas contas governamentais. Achamos que alguns setores tinham que ser excluídos. Um, já aceito pelos europeus, é o setor de saúde. Já tivemos o trauma da covid-19, e nossa conclusão é que deveríamos ter liberdade para políticas públicas na área de saúde. E estamos examinando outros setores para excluir do acordo, como o de tecnologias de rede”, disse o embaixador.