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Mangalica: A raça que veio do frio – reservada à realeza e aclamada pelos “gourmet”

A homenagem de Johann Strauss II ao Mangalica

O Mangalica foi homenageado pelo grande compositor Johann Strauss II na opereta em três atos ‘O Barão Cigano’, estreada no Theater an der Wien em 24 de outubro de 1885: Zsupán chega e diz a todos que ele é um bem sucedido criador de porcos, acrescentando que ele vive de enchidos e vinho e tem pouco tempo para as artes.

A origem do Mangalica

O porco Mangalica é uma das raças históricas da Europa.

A característica mais marcante da Mangalica é que todo o seu corpo é coberto por abundantes pelos louros espessos e por isso é conhecido coloquialmente como “o porco-ovelha” ou “lanzudo”, por um bom motivo – e é parente do javali. Tal como o seu primo javali, a carne Mangalica é suavemente adocicada de sabor intenso a nozes com notas de caça.

Tem as suas origens na década de 1830, durante a vigência do Império Austro-Húngaro, depois de o arquiduque Joseph Anton Johann ter recebido uma doação de porcos “Sumadija” de um príncipe sérvio, e de os ter cruzado com porcos Bakony e Szalonta.

O porco “lanzudo” e de lã encaracolada” resultante, foi originalmente reservado para a realeza dos Habsburgos, tornando-se, no final do século XIX, a raça mais importante da Europa.

O Mangalica foi difundido no Império Austro-Húngaro no início do século XX. O imperador Franz Josef I da Áustria chegou a ter três milhões de cabeças, alimentadas em cochos esculpidos em mármore. Nas feiras de porcos da época, ganhava todos os prémios. O seu período mais próspero foi entre 1850 e 1950, já que esses porcos, tendo alto teor de gordura, tinham muitos usos diferentes: para cozinhar, fazer velas, fazer sabão e cosméticos, e até mesmo para fabricar lubrificantes e explosivos.

Naquela época, a gordura tinha mais valor do que a carne do animal. Após a Segunda Guerra Mundial, o seu número sofreu uma redução drástica. A Hungria estava do lado perdedor em ambas as Guerras Mundiais, e as indemnizações pagas em espécie também afetaram a população de porcos do país.

Mas com a mudança das condições na pecuária após a Segunda Guerra Mundial, quando os gostos mudaram na Europa Ocidental e a agricultura húngara foi coletivizada, a raça declinou rapidamente e foi substituída por raças menos corpulentas e de crescimento mais rápido. No final da década de 1970, os porcos Mangalica na Áustria só podiam ser encontrados em Parques Nacionais e Jardins Zoológicos, e em toda a Europa o Mangalica quase foi extinto na década de 1990, quando menos de 200 porcos foram contados na Hungria e na Áustria.

A partir de 1950, a ciência moderna decretou que as gorduras saturadas eram perigosas para a saúde. O bacon foi identificado como nocivo e a produção de Mangalica diminuiu. O que não se sabia na época é que a gordura Mangalica contém menos gorduras saturadas e mais gorduras insaturadas do que uma quantidade igual de manteiga; e também não contém ácidos gordos insaturados, ao contrário da margarina e da gordura vegetal hidrogenada.

Após a década de 1970, a introdução de novas técnicas agrícolas, levaram à cessação da produção de Mangalica. Na verdade, o porco Mangalica não é adequado para o novo estilo de agricultura intensiva; precisa de amplos espaços abertos e ao ar livre e a sua taxa de reprodução é muito baixa. Assim, outras raças importadas menos corpulentas e de crescimento mais rápido gradualmente o substituíram. E o porco Mangalica começou a desaparecer drasticamente. Naqueles anos, porcos Mangalica na Áustria só podiam ser encontrados em parques nacionais e jardins zoológicos.

Criação de porcos mangalica

A prolificidade dos porcos Mangalica é baixa: tem apenas entre 4-8 crias por ninhada (em vez de 12 ou 14 como o resto das raças comuns). Eles nascem com um peso entre 600 e 1.000 gramas, atingem 6 a 8 kg em 7 a 8 semanas e desenvolvem-se mais lentamente do que as demais espécies modernas.

A pele da região dos olhos e do disco nasal tem uma pigmentação preta (na verdade, os animais que não a apresentam são retirados da criação). E a cor das unhas também é preta, ou seja, também tem um pé preto semelhante ao do porco ibérico espanhol “Pata Negra”. Além disso, dependendo da cor, existem quatro tipos de Mangalica: ruiva, loira (a que 80% correspondem), Mangalica rabo ou barriga de andorinha (uma combinação de preto e branco) e preta (hoje extinta).

 

Criação de porcos mangalica

Características da raça Mangalica

O porco Mangalica é a única espécie suína nativa da Hungria.

É uma raça que tem as suas origens no cruzamento da primitiva raça Sumadija (do ramo mediterrâneo ao qual pertence também o porco ibérico) com as raças Szalonta e Bakony (raças semi-selvagens típicas dos Cárpatos).

No inverno, os pelos são longos como a lã, grossos e encaracolados, enquanto na primavera os cabelos adquirem uma aparência loira, brilhante e rígida. No verão, o pelo é mais fino e mais liso. Há apenas evidências de uma outra raça porcina com cabelo comprido: o extinto Lincolnshire Curly-Coated Pig, do Reino Unido.

A característica distintiva do Mangalica é a sua gordura, como o próprio nome indica, já que, em húngaro, Mangalica ou em sérvio Mangalitsa significa “porco com muita gordura”. Além de extremamente gordurosos, são muito pastoris e resistentes a algumas doenças.

Este porco vive três vezes mais do que as raças normais e, durante este tempo, forma uma proporção muito elevada de gordura no toucinho por baixo da pele. Então essa gordura infiltra-se delicadamente em toda a carne conferindo-lhe uma linda e deliciosa mancha. A sua carne gordurosa torna-os também ideais para a produção de presunto curado, sendo particularmente adequados para a secagem e maturação lenta e prolongada, obtendo-se um produto gourmet com um sabor muito especial.

A sua carcaça tem metade da carne e o dobro da gordura de um porco branco, o que faz com que a carne e os enchidos produzidos com essa raça retenham por mais tempo as suas propriedades e seu sabor se concentre mais, pois pode amadurecer por muito tempo. Por isso, é comum comparar o presunto ibérico com o presunto Mangalica, embora tenha qualidades organoléticas bem diferenciadas.

Características da carne

O Mangalica é um dos maiores porcos do mundo.

Em média, 65-70% da carne é gorda, sendo a carne magra apenas 30-35%; a título de comparação, em outras raças a gordura não chega a mais de 50%.

A carne do porco Mangalica é avermelhada, muito mosqueada, com uma gordura de cor branca cremosa que pode derreter a 32ºC. É rica em ácidos graxos, ómega 3 e 6 (ácidos graxos poliinsaturados) e em antioxidantes naturais. Portanto, é mais saudável do que a gordura das variedades de porcos brancos usados ​​na agricultura intensiva e é recomendada para problemas cardíacos. De acordo com estudos da Universidade de Debrecen, na Hungria, os níveis de ómega 3 no Mangalica, são 2 a 3 vezes mais elevados do que em muitas variedades de peixes. Sua grande quantidade de ácidos graxos insaturados permite que derreta em temperaturas mais baixas do que outros suínos, o que se traduz em virtudes organoléticas consideradas uma iguaria por alguns dos melhores chefs do mundo.

Além disso, a gordura Mangalica infiltra-se lentamente em toda a carne de porco, o que a torna tão saborosa. Isso deve-se à boa nutrição do porco por meio de uma dieta natural à base de forragem, trigo, milho e cevada, resultando num aroma forte e muito sabor. A banha que a Mangalica fornece é muito leve e derrete a uma temperatura mais baixa do que a banha dos outros porcos, pois contém mais gordura insaturada.

Devido ao alto teor de gordura, os produtos de porco curado do Mangalica podem ficar em secadores e armazenados por um longo período, o que permite que o sabor se aprofunde sem perder a humidade.

Em Espanha, os produtores de presunto descobriram que a raça Mangalica é ideal para o longo processo de cura ao ar, exatamente o processo que tornou o presunto espanhol famoso em todo o mundo. Uma coxa de porco Mangalica pode envelhecer até 3 anos e meio, à semelhança do presunto ibérico, mantendo uma textura húmida e flexível, uma cor vermelha intensa e profunda e um sabor complexo próprio.

Além da carne curada, a carne de porco Mangalica também é comercializada como carne fresca, cada vez mais apreciada pelo sabor e pela alta qualidade. A procura está-se a expandir e alguns dos melhores chefs do mundo, como Daniel Humm, do Eleven Madison Park, estão a incluí-la nos seus menus e comparando-a em termos de qualidade com carne bovina Kobe.

Na culinária asiática, a carne fresca de Mangalica é cada vez mais usada em pratos como o bulgogi, um prato típico da culinária coreana, ou em pratos muito populares no Japão como o tonkatsu, uma costeleta de porco à milanesa e frita, ou sukiyaki, em que a carne fresca de Mangalica é cozida ao estilo nabemono (vapor).

Como o porco Mangalica nunca pode ser criado em grandes quantidades, mas apenas de forma artesanal, devido ao seu estilo de vida e alimentação naturais, o seu preço é superior ao dos outros porcos. Tudo isso tem levado, dia a dia, a ganhar adeptos que apreciam o seu sabor intenso e a sua abundante infiltração de gordura. Vale referir que o Mangalica também chegou a Portugal, sendo criado em regime extensivo na zona do Fundão.

A Mangalica é uma raça invulgar e muito atrativa e a sua carne está a dar um importante contributo ao mundo dos produtos gourmet.

Fontes:

mangalica.com

mangalitzablog.wordpress.com

Wikipedia

Universidade Debrecen




Ninguém foi multado por falta de máscara na Nazaré

Nenhuma das pessoas que se encontrava a ver as “ondas grandes” da Nazaré, sem máscara e sem cumprir o distanciamento social, foi autuada, esta quinta-feira.

Por Alexandra Barata/JN

A garantia é dada ao JN pelo capitão do Porto da Nazaré, Zeferino Henriques, uma vez que todas as pessoas colocaram a máscara de imediato e se afastaram umas das outras quando foram sensibilizadas para a necessidade de cumprirem as normas da Direção-Geral da Saúde (DGS).

“Eram poucas pessoas sem máscara colocada. Talvez dezenas. O grande problema foi o ajuntamento”, confessa Zeferino Henriques. Na sequência da ação de sensibilização promovida pela Autoridade Marítima, por elementos da Autarquia e da PSP da Nazaré, os comportamentos foram-se alterando e, por volta do meio-dia, muitas pessoas já tinham dispersado, porque já não havia ondas tão grandes. “Entre o meio-dia e as 13 horas, estava um terço das pessoas no local”, garante.

Além de o Forte de S. Miguel Arcanjo estar encerrado e o trânsito em direção à Estrada do Farol estar condicionado, o capitão do Porto da Nazaré diz que o acesso pedonal foi vedado, o que também contribuiu para diminuir o número de pessoas, a maior parte das quais de nacionalidade brasileira, espanhola, francesa e alemã. “Ontem, foi um dia calmíssimo. Hoje, de repente, abriram as “portas” e começaram a entrar pessoas, pessoas, pessoas”, conta.

Embora houvesse a preocupação em garantir o cumprimento das normas da DGS, Zeferino Henriques diz que, antes, tinha duas prioridades: assegurar a segurança na falésia e no mar. “Um acontecimento destes envolve muitos perigos: acidentes no mar e as pessoas que podem cair da falésia”, explica. No entanto, não se registou qualquer incidente.

Foto: CARLOS COSTA / AFP




Poemas de Csokonai Vitéz Mihály (1773 – 1805) – II

Nas nossas páginas de literatura, esta semana entregamos poemas de  Csokonai Vitéz Mihály (1773 – 1805) traduzidos por Ernesto Rodrigues, que foi um dos poetas mais significativos do Iluminismo na literatura húngara. Ele foi uma pessoa dotada de inteligência e talento poético sem par, assim chamavam no “poeta doctus” e “poeta natus”.

Fez estudos de direito por um curto período, a partir de 1796, publicou um jornal poético intitulado Diétai Magyar Múzsa, mas após alguns números este jornal acabou. Então foi a Komárom, onde conheceu Vajda Julianna  que nos poemas chama Lilla e com quem ele queria se casar, mas a família rica da menina não o permitiu. Nesta altura começa a sua a segunda época poética, com poemas como Os olhos do olhar e Esperança. Ele ficou deambulando algum tempo e depois trabalhava como mestre de escola na secundária de Csurgó.  Após alguns anos regressou a Debrecen e morreu, ainda novo,  de pneumonia.  Nos poemas escritos nestes últimos anos aparece com mais força o tono da poesia popular e um humor mais atrevido. Nesta altura nasceram os poemas como Pobre Susana no Acampamento Ao mesmo tempo, seu interesse filosófico também encontra a sua expressão, escrevendo ele A Imortalidade da Alma, rezando e a morte é a irmã do sonho e após a morte, o corpo como matéria retorna à natureza.

POBRE SUSANA, NO ACAMPAMENTO
Szegény Zsuzsi, a táborozáskor

À noite, a ordem veio,
com selo roxo no seio:
em noite de Primavera,
João chamaram à janela.

De mim, então, se alongou,
comigo, alegre, sonhou:
repousa na cama, brando,
em seus sonhos me abraçando,

quando, no triste clarim,
teve de montar rocim,
turco batalhando já;
ai, não sei se voltará!

Chorando, fui ao quartel,
entre jardins, até ele.
Triste canto soltou língua,
num tom de rola à míngua.

Seu elmo reguei em choro,
com fita preta decoro;
dez rosas dou ao corcel,
cem vezes mais beijos nele.

Também minh’ alma chorou,
quando de mim se alongou:
“Adeus!”, disse – meu pescoço
cobria de beijos grossos.
1802

DISCRETA SÚPLICA
Tartózkodó kérelem

Do poderoso amor
dói-me fogo consumido.
Podes ser na chaga bálsamo,
formosa breve tulipa.

Teu lindo brilho dos olhos,
fogo vivo da aurora;
de teus lábios o orvalho
mil cuidados me devora.

Dá em tua voz de anjo
o que teu amante roga:
com mil beijos de ambrosia
te pagarei a resposta.
1803

À ESPERANÇA
A reményhez

Meteoro com
terrestres que lança,
tem de Deus o tom
falsa cega Esperança!
Criou-se pra ela
homem infeliz,
e, anjo que vela,
saúda sem vis. –
Espelhas, boca lisa,
o quê? Ris, porquê?
Porque se tamisa
duvidoso qu’rer?
Sê sozinha aí!
Fui encorajado;
vozes lindas cri:
inda enganado.

Plantaste narcisos
plo meu jardim fora;
regato de guizos
regou minha flora;
mil flores verteste
em mim – Primavera -,
e sorte celeste
seu perfume era.
Cedo, pensamentos
iam, laboriosas
abelhas, no quente,
para as frescas rosas.
Na minha alegria,
algo me faltava:
de LILLA pedia
coração; céu dava.

Ai, perderam sede
rosas frescas; minhas
fontes, troncos verdes,
secaram, asinha;
Primavera cor,
triste Inverno cedo;
bom mundo anterior
fez-se arremedo.
Oh! Deixasses só
LILLA, só aqui:
meu canto de dó
não se queixaria.
Em seus braços bem
esquecia tristeza,
sem invejar quem
se fez realeza.

Deixa-me, Esperança!
Oh, entregue a mim;
que dura avança
minha morte assim.
Sinto dividida
força que em mim era –
quer alma sem vida
céu; meu corpo, terra.
O prado, vazio,
os campos, queimados,
o parque sem pio,
noite nos dois lados. –
Gentis doces trilos!
Quadros de mil têmperas!
Qu’rer! Esperança! Lillas! –
Adeus, para sempre!
1803




A comercialização (exportação) do vinho português (Parte III)

Como nem apenas de “prazer” vive o homem, é necessário trabalhar, cultivar, vindimar, produzir e comercializar, porque o bom vinho é feito para ser bebido, quer seja no país onde é produzido, quer no estrangeiro, através a sua comercialização.

A exportação mais “moderna” do vinho portugués desenvolveu-se com o comércio para o Reino Unido, após a assinatura do Tratado de Methuen, também referido como Tratado dos Panos e Vinhos, assinado entre a Grã-Bretanha e Portugal, em 27 dezembro de 1703, segundo o qual Portugal comprometia-se a consumir os têxteis britânicos e, em contrapartida, os britânicos a comprar os vinhos portugueses. Se esta apresentacão fosse na Universidade de Economia, aqui teria que parar, para falar sobre “A Teoria das Vantagens Comparativas do Comércio Internacional, de Adam Smith e David Ricardo.

É após a assinatura do Tratado de Methwen que o Marquês do Pombal se decide pela criação da primeira região demarcada do mundo, a do Douro, com o objectivo de disciplinar as práticas na produção e comercialização do vinho do Porto, já de grande importancia para a economia portuguesa.

Eu sei que estou no único país do mundo que discute vigorosamente este facto da Região Vinhateira do Douro, pois a Hungria é também a terra do Vinho Tokaji, que se considera ser ela a primeira região demarcada na história do vinho. A minha proposta é não vamos discutir, aqui e agora, a primazia histórica, mas sim, satisfeitos, constatarmos que ambos são vinhos excelentes, que ambas as regiões estão classificadas pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade e que há uma colaboração estreita e activa entre as duas entidades responsáveis dos dois países.

Por falar em comercialização e consumo nacional, gostaria de citar um slogan de 1935: “Beber vinho é dar pão a 1 milhão de portugueses” (do livro “Frases que fizeram a história de Portugal – Ferreira Fernandes e João Ferreira). Um slogan espalhado pelas paredes exteriores do Portugal de Salazar. Um curioso apelo ao “vício público” protegido pelo Estado Novo. Era, seja qual for a interpretação politico-filosófica, o reconhecimento da importancia da vinha e do vinho na estrutura social e politica do Portugal de então.

Não será bem anedota, mas possivelmente em Portugal não há quem não conheça a expressão do pai para o filho “Ó rapaz! Tens aqui o dinheiro, vai lá à loja e compra 1 kg de pão e 5 litros de vinho”- repito “Beber vinho era dar pão a 1 milhão de portugueses”….

 

O VINHO RIMA COM BACALHAU

SOBRE OS VINHOS E A GASTRONOMIA PORTUGUESA. ALGUMA POESIA E OUTRAS HISTÓRIAS.

Com o vinho e o bacalhau histórias, lendas e poesia, literatura e gastronomia, estou a correr o risco que isto ainda acabe tudo numa grande caldeirada, mas como “quem não arrisca não petisca” e uma caldeirada no final da minha apresentação não viria nada mal… Este extenso artigo é composto de 12 pontos que no LusoMagyar News serão publicados separadamente.

    1. Vinho – histórias e lendas contadas e degustadas à mesa
    2. O Vinho “radica-se” em Portugal. Os primórdios (e evolução) do vinho em Portugal (Parte II)



Castanheiro de Vales

Entre paisagens agrícolas e florestas de encantar chegamos à aldeia de Vales onde encontramos um magnífico castanheiro. Com 4,5 m de largura do tronco é uma das mais grossas árvores do nosso país, cuja cavidade do tronco guarda muitas histórias do tempo em que o castanheiro era local das brincadeiras de crianças e se tornou memória de gerações de adultos. Admite-se que o castanheiro tenha mais de mil anos e tenha sido cultivado pelos romanos nos tempos em que ali exploravam as minas de ouro.

É no coração da milenar exploração mineira aurífera da freguesia de Tresminas que encontramos, na aldeia de Vales, o magnífico Castanheiro Romano. Dotado de imensuráveis proporções, este exemplar da cultura castanícola da região reserva, na sua cavidade, histórias do tempo em que na Península Ibérica era domínio romano.

A imponência e grandiosidade desta árvore, pouco comum em Portugal, ou em qualquer outra parte do mundo, tem sido motivo para a realização de vários eventos temáticos de outono, pela identidade única e impactante que detém e pela riqueza e quantidade das variedades tradicionais de castanha que produz (cultivares cota e longal).

A importância do castanheiro de Vales individualmente ou, enquanto “representante” da cultura castanícola, tem sido reconhecida e divulgada em publicações variadas em diferentes plataformas digitais, em livros técnicos e em outros mais comerciais e/ou culturais. O castanheiro é uma cultura importante no país, quer pela produção de madeira, quer pela produção de fruto.

A área total de castanheiros, a nível nacional, corresponde a mais de 8,5% da área mundial. Em Portugal a produção de castanha está essencialmente concentrada em Trás-os-Montes e Alto Douro, cerca de 80% da área plantada e da castanha produzida em Portugal provém desta região. A produção de castanha assume uma grande relevância na economia dos territórios de montanha e sustento das suas famílias agrícolas. A par do reconhecido valor económico, a espécie possui um grande valor ecológico e ambiental.

O castanheiro é uma espécie que se identifica com a cultura, os costumes e, por vezes, com a religião dos povos, o que o torna numa árvore estimada pelas populações locais e pela restante sociedade. Existindo já enraizada uma “cultura do castanheiro”, de que são exemplos os magustos, as numerosas festividades que se fazem ou ainda a vasta diversidade de usos culinários que são conhecidos para o seu fruto: as castanhas. As atividades culturais e lúdicas associadas à castanha e ao castanheiro têm as suas raízes na Humanidade (Celtas, Romanos, etc.), subsistindo até aos nossos dias.

O “Castanheiro de Vales” quer contribuir para promover a preservação e valorização (económica, cultural, social e ambiental) do “Castanheiro” e de todo o ecossistema territorial que lhe está associado, naquilo que é uma visão multidimensional e identitária de um País e de um povo.

ESPÉCIE: CASTANHEIRO (CASTANEA SATIVA)

IDADE: 1 000 ANOS

REGIÃO: TRESMINAS, VILA POUCA DE AGUIAR, VILA REAL, PORTUGAL

 

Fonte: http://castanheirodevales.pt/




Curiosidades & efemérides: Sabia que 31 de outubro é dia de ”nascimento real”, de reis em Portugal?

Ao olharmos com algum cuidado e atenção para a história do Reino de Portugal e em especial dos seus reis, notamos com surpresa e muita curiosidade que a 31 de outubro nasceram três futuros reis de Portugal – Dom Fernando I (Coimbra,1345), Dom Duarte I (Viseu, 1391) e Dom Luís I (Lisboa, 1838). Algumas palavras sobre os 3 monarcas com recurso a wikipédia.

Dom Fernando I (Coimbra, 31 de outubro de 1345 – Lisboa, 22 de outubro de 1383), apelidado de o Formoso e o Inconstante, foi o Rei de Portugal e Algarve de 1367 até sua morte, o último monarca português da Casa de Borgonha e nono rei de Portugal. Foi último filho de Pedro I e de sua esposa Constança Manuel. Com apoio da nobreza castelhana, descontente com rei de Castela que matou o antecessor, Fernando chegou a ser aclamado rei em diversas cidades importantes de Norte a Sul da Galiza. Travou guerras contra Castela, ficando estas conhecidas por guerras fernandinas. A sua morte sem herdeiro varão levou à Crise de 1383–1385.É conhecido pela lei das sesmarias.

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Duarte I (Viseu, 31 de outubro de 1391 – Tomar, 9 de setembro de 1438), apelidado de o Eloquente e o Rei-Filósofo pelo seu interesse pela cultura e pelas obras que escreveu, foi o Rei de Portugal e Algarve de 1433 até à sua morte. Era terceiro filho do rei João I e da rainha Filipa de Lencastre e por morte de seu irmão mais velho, Afonso, torna-se o herdeiro da Coroa portuguesa.

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Luís I (Lisboa, 31 de outubro de 1838 – Cascais, 19 de outubro de 1889),[1] apelidado “o Popular”, foi o Rei de Portugal e Algarves de 1861 até à sua morte. Era o segundo filho da rainha D. Maria II e seu marido, o rei D. Fernando II, tendo ascendido ao trono após a morte prematura do seu irmão mais velho, o rei D. Pedro V.

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Por fim de destacar que 31 de outubro é também uma data destacada devido ao Tratado de Ayllón entre Portugal e Castela. O Tratado de Ayllón foi um tratado de paz entre o Reino de Portugal e o Reino de Castela assinado em 31 de outubro de 1411 em Ayllón (Segóvia), na sequência da batalha de Aljubarrota. Foi ratificado a 30 de abril de 1423.

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Fonte: Wikipedia

 




Fotografia portuguesa em Budapeste

A fotografia portuguesa regressa à nossa cidade, depois de exposições nas edições de 2018 e 2019 do extraordinário Budapeste Photo Festival, no contexto das quais foi possível dar a conhecer ao público húngaro, com o apoio do Instituto Camões, a obra de nomes de tão fundamentais como Paulo Nozolino ou José Manuel Rodrigues, bem como de outros mais recentes mas já incontornáveis como Tiago Casanova, Paulo Catrica, João Grama e Tito Mouraz. Lembro-me de uma tarde memorável em que foi possível juntar à conversa, no espaço da Galeria Projekt, Paulo Nozolino e o realizador húngaro Béla Tárr.

Desta feita a fotografia portuguesa chega até nós numa exposição conjunta da portuguesa Maria do Mar Rêgo e da húngara Lilla Szász, intitulada „Do Amor” („A szerelemről / About Love”) e patente ao público entre os dias 4 de Novembro e 10 de Dezembro na Galeria 2B (Radáy u. 47), com curadoria de Judit Gellért. Sem que ainda conheçamos as obras expostas, sabemos tratar-se de um conjunto de trabalhos sobre a intimidade e as relações amorosas, centrando-se Maria do Mar Rêgo na sua relação de quase quatro anos e retratando Lilla Szász histórias de amor de amigos seus, que a sua lente acompanhou ao longo dos anos entre 2009 e 2018.

A fotógrafa húngara Lilla Szász tem já há muito materializado o seu particular interesse por Portugal e a cultura portuguesa em interessantes projectos artísticos, procurando à sua maneira reflectir sobre alguns tópicos centrais da história portuguesa do século XX. No início deste ano, por exemplo, já a Galeria Municipal de Budapeste acolhera a sua exposição „Greetings from my new home”, reunindo um conjunto de materiais de arquivo recolhidos pela fotógrafa a propósito da história dos retornados, esses quase 800.000 portugueses que tiveram de ser realojados na sequência da independência das colónias portuguesas em África, em 1975. Lilla Szász começara a trabalhar neste tema aquando da sua residência artística em Lisboa, no âmbito do programa de intercâmbio de artistas organizado pelas galerias municipais de Lisboa e Budapeste, uma louvável iniciativa já com largos anos e que em 2018 o Instituto Camões decidiu devidamente assinalar organizando a exposição colectiva „À beira Tejo / A Tejo partján”, reunindo onze artistas húngaros que haviam até à data participado nesse programa de intercâmbio.

Fica o lamento de esta exposição de Maria do Mar Rêgo e Lilla Szász agora em Novembro não poder ser inaugurada com a pompa merecida, mas ao mesmo tempo é reconfortante saber que apesar tudo continuam a desenvolver-se colaborações artísticas, projectos comuns, iniciativas como esta que continuarão a aproximar as artes e artistas de Portugal e Hungria.

Fica a sugestão.




Portugal abaixo da média da União Europeia na Igualdade de Género

Portugal aparece em 16.º lugar no Índice da Igualdade de Género 2020, abaixo da média da União Europeia (UE), tendo evoluído 1,7 pontos percentuais desde 2017.

Desde 2010, quando o Índice — iniciativa do Instituto Europeu para a Igualdade de Género (EIGE), agência da UE com sede em Vílnius, capital da Lituânia — começou a ser publicado, Portugal subiu quatro posições na tabela, atualmente liderada por Suécia, Dinamarca e França.

As maiores desigualdades de género revelam-se em matéria de tempo (partilha de tarefas domésticas e de assistência à família), onde Portugal é mesmo o terceiro país a contar do fim da tabela.

Também em matéria de poder as desigualdades são grandes, mas, como o são na generalidade dos Estados-membros, aqui Portugal aparece em 13.º lugar.

Ainda assim, o tempo e o poder são as esferas em que Portugal mais evoluiu desde 2010.

No que respeita à esfera de poder, Portugal é um dos seis países com legislação vinculativa sobre a igualdade de género nas empresas, mas ainda está abaixo da meta.

Em 2017, Portugal adotou quotas para mulheres nas empresas públicas e cotadas em bolsa, e, num ano, a representação feminina nos conselhos de administração e órgãos de fiscalização subiu de 16,2% para 24,8%.

“A vontade política tem impacto. A política da igualdade nas administrações das empresas teve impacto nas decisões económicas”, analisa a lituana Jolanta Reingarde, investigadora e coordenadora de projetos no EIGE, em entrevista à Lusa via Skype.

A França é o único país da UE a ter mais de 40 por cento de mulheres nos conselhos de administração das empresas. Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Itália, Holanda, Finlândia e Suécia rondam um terço de presença feminina.

“Esses países estão a liderar o progresso na UE, mas, se outros não os seguirem, haverá um abrandamento”, alerta Carlien Scheelediretora do EIGE, na mesma entrevista.




Integração europeia dos Balcãs Ocidentais interesse estratégico da Hungria

A Hungria vê a integração europeia dos Balcãs Ocidentais como seu interesse estratégico, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros Péter Szijjártó após reunião com Meliza Haradinaj-Stublla, Ministra dos Negócios Estrangeiros e Diáspora do Kosovo, esta quinta-feira em Budapeste.

A paz e o progresso nos Balcãs Ocidentais são do interesse da Hungria, disse P. Szijjártó na conferência de imprensa que deu juntamente com Haradinaj-Stublla. “Se o oposto for o caso, isso é mau para a Hungria”, disse o ministro.

“Aconteça o que acontecer na região, terá um efeito imediato na Hungria.” A Hungria faz mais do que apenas falar sobre a importância de apoiar os Balcãs Ocidentais, disse Szijjártó, acrescentando que o país também faz a sua parte na ajuda à região. Frequentemente, a Hungria atua acima de seu peso quando se trata de promover a paz e a estabilidade, concluiu.

Fonte: Daily News Hungary

Foto: Página FB de Szijjártó Péter

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As fábricas de automóveis resistem à crise, mas os seus fornecedores enfrentam cada vez mais dificuldades

A atividade de trinta fornecedores da indústria automóvel está seriamente ameaçada pela crise, sobretudo aqueles cuja faturação se encontra abaixo da média.

Embora a indústria automóvel húngara pareça resistir ao impacto até agora, muitas pequenas e médias empresas estão entre os fornecedores das fábricas de veículos, escreve o Világgazdaság. Tamás Rózsa, diretor-geral da empresa de consultoria estratégica Top-Tier-Consultants, disse ao jornal:

141 dos 250 maiores fornecedores da indústria automóvel da Hungria são pequenas ou médias empresas, sendo que 30 deles estão ameaçados pela crise.

Juntas, essas empresas empregam cerca de sete mil pessoas. Com uma faturação inferior a HUF 5 mil milhões, estas 30 empresas tornaram-se mais frágeis – a média da indústria é de HUF 8 mil milhões.

O especialista estima que os resultados em 2021 possam vir a piorar, a nível europeu esse ano será 15-19 por cento mais fraco do que 2019, e só em 2022-2023 poderá ocorrer o reequilíbrio.

Fonte: HVG